Por Joedson Telles
Os internautas – e muito menos aliados desavisados – não tomem como surpresa se o deputado federal líder do governo Michel Temer, André Moura, correr da disputa pelo Senado Federal e tentar a reeleição. É a carta na manga. A sua ligação com um impopular (odiado?) Temer e os problemas que têm com a Justiça se somam numa rejeição espelhada em pesquisas e redes sociais e cobram uma dose colossal de audácia para seguir em frente no projeto tapete azul.
André trabalha duro e tem anunciado muitos recursos para Sergipe. Não fecha a porta do seu gabinete em Brasília nem para adversários. Todavia, o lado negativo focado no primeiro parágrafo deste texto insiste em desequilibrar a balança. A pergunta é: o eleitor está sendo injusto ou sábio?
André, que não é bobo, sabe que seria a tragédia ficar sem mandato sem resolver os problemas que tem com a Justiça. Anunciou, depois de pensar e repensar muito, uma pré-candidatura ao Senado. Impaciente, Eduardo Amorim já havia anunciado lá atrás suas pretensões para 2018. Faltava André criar coragem. Meses depois arriscou. Só que isso não quer dizer que ele não possa, em tempo, voltar atrás e anunciar que disputará a reeleição. Desculpas sempre foram o forte dos políticos…
André segue tentando viabilizar recursos para Sergipe, fazendo a pré-campanha (chamemos assim) por todo o estado e torcendo que o eleitor sergipano das duas uma: ignore sua intimidade com Temer ou entenda que, mesmo sendo um golpista que precisa ser investigado, o presidente tem ajudado Sergipe. Eis o desafio do líder André.
André, aliás, sempre teve consciência plena que pagaria o preço por ser líder de um desgoverno. Sabe que carrega a cara de Michel Temer, e, por tabela, a antipatia que o Brasil, em sua maioria, nutre pelo presidente.
Sabe também o líder André que figuras como presidiário Eduardo Cunha estão a reboque. Que problemas, como os incontáveis aumentos nos preços dos combustíveis, não atingem só Temer: perpassam. André tem a sombra do que o Brasil lúcido mais rejeita neste instante. E a mídia séria e as redes sociais fazem o devido eco.
No momento, adversários tocam timidamente nestes pontos. Entretanto, André não é criança. Sabe que, em oficializando uma candidatura ao Senado, passará a ser alvo fácil de ser fuzilado. O marketing – do mal ou contra o mal – fará parte do jogo.
Evidente que, se o internauta indagar ao líder André sobre o pressuposto deste texto, ele, por certo, minimizará. Dirá que o projeto Senado é irreversível. E, lógico, terá espaço para dizer isso aqui mesmo no Universo. O jornalismo de apenas um lado não serve ao coletivo. O Universo não entra nesta cova rasa.
Moral da história: o líder André pode registrar uma candidatura ao Senado? Claro que sim. Mas em duas situações: arriscando o suicídio político ou motivado por uma queda considerável na sua rejeição até lá.
Particularmente, creio que André só sonha com o Senado pelo número de políticos que tem na mão hoje “não se sabe os motivos”. Certamente, aposta no chamado voto de cabresto. Dito de outra forma: o mesmo eleitor que hoje o rejeita mudaria de ideia a pedido de um líder político. Se não estivéssemos num país onde, como sempre digo, pensar soa artigo de luxo, a lógica soaria estúpida.