Por Joedson Telles
Apesar de curiosamente nenhum deputado estadual usar a tribuna para comentar o episódio envolvendo um enteado do secretário de Estado Segurança Pública, João Eloy, o uso de armas e placas de veículos da SSP e a acusação de prática de assaltos, seguida da prisão e posterior soltura sem que o flagrante da posse – e não porte – ilegal de arma fosse lavrado, mesmo com uma testemunha reconhecendo o jovem, a deputada estadual Ana Lúcia (PT), ao ser provocada pelo Universo, não tergiversou. “Isso é grave. Um jovem de 22 anos está usando armas do poder público. Ele não tinha porte de arma. Acho que o secretário não tem culpa, é seu enteado, mas ele precisa ver que esse jovem precisa ser punido, precisa de uma orientação porque o comportamento dele gera insegurança para todos. Parece-me que o secretário já autorizou a punição. Isso é um exemplo que deve ser dado à sociedade. Ele não vai mais para as medidas sócio-educativas. Ele já é adulto e vai ter que responder pelos seus atos. Parece que ele estava ameaçando um assalto e foi aí que o cidadão denunciou”, disse.
Segundo Ana Lúcia, é preciso discutir a questão de armamento da sociedade. “Perdemos no referendo no desarmamento. Nos Estados Unidos, o filho do diretor de um filme de guerra tinha um transtorno. Como ele tem um transtorno mental e tem direito a arma? Lá é assim, qualquer um pode comprar arma. Estamos vendo o alto índice de mortalidade coletivo. Ele surta e sai matando o povo da rua. Ele matou 6 na rua e tem 7 em estado greve. Depois se suicidou. Arma letal não resolve problema. É só para quem é treinado e tem a função de usá-la para proteger a sociedade, que é a polícia. Do contrário, não dá para a sociedade civil estar usando arma”, disse.
A deputada continua seu raciocínio salientando que, em geral quem porta uma arma acaba morrendo num embate com a política, esta, sim, treinada para atirar. “Nos espaços sociais precisamos discutir não como uma visão de repressão, mas com uma visão educativa de libertação. A coisa está tão assustadora que um colega professor ontem foi na feira do Bairro América, quando ele chegou o seu carro estava machucado e um major da PM, embriagado, que machucou, ainda o ameaçou. Quando estava ameaçando o professor, chegaram algumas pessoas para proteger o professor e sua família, e chegaram também pessoas para proteger o major, inclusive dizendo que dois eram filhos dele. O professor ficou tão amedrontado com o que sofreu de agressão, de palavrão, inclusive um dos dito policiais chegou a agredir o filho do professor quando ele afastou-se para ligar pedindo socorro.Ele está traumatizado que ele não quis nem dizer o nome do major, a placa do carro”, disse.
Denúncia contra jornal
A deputada Ana Lúcia também denunciou o clima de insegurança que paira em Laranjeiras envolvendo jovens estudantes. “Universidade tem a sua segurança própria que assegura o seu patrimônio, mas o problema está acontecendo nas casas que a universidade paga bolsa para os estudantes que moram longe tenham suas casas universitárias. Em Laranjeiras existem grupos que através das redes sociais ameaçam invadir o próprio prédio da universidade para agredir os estudantes”, disse.
Ana Lúcia levou um exemplar do jornal alternativa “A voz dos Municípios” no qual leu uma matéria que a deixou atônita. Uma coisa absurda. É uma matéria da coluna ‘Zé Povinho’, que só faz estimular a violência, rotula os estudantes como vândalos, adjetiva, desqualifica, diz palavrões. Essa não é uma linguagem jornalística, informativa. É uma linguagem que incentiva os problemas sociais. Nós precisamos ter uma política de integração social, respeitando as divergências e as diferenças. A casa feminina de estudantes universitárias já foi invadida, uma menina já teve a arma na cabeça. A casa masculina está a todo momento ameaçada de invasão”, denunciou.
A deputada afirmou também que os jornalistas colocam que os estudantes universitários são os responsáveis pela droga na cidade. “O uso da droga é uma coisa que está disseminada no mundo. Precisamos de uma audiência com os prefeitos de Lagarto e de Laranjeiras, com o secretário de Segurança Pública, e acima de tudo com o governador do Estado e com o reitor em conjunto, para que possamos estar com um novo comportamento. O jornal é pago por vários setores da sociedade, mas a gente tem que ver as matérias que estão no jornal. Através delas você deduz quem está dando mais dinheiro. Eu espero que o Sindicato dos Jornalistas se rebele, não sejam coniventes e nem aceitem isso porque isso é ruim para a política de comunicação do estado e do país. É lamentável esse registro feito na coluna Zé Povinho, que inclusive é pejorativa, por que quem é Zé Povinho? Quem é o povinho? Já é apelativa a própria opinião dessa coluna”, lamentou.