Por Joedson Telles
O ex-senador, e agora também ex-secretário de Estado da Saúde, José Almeida Lima, ao comentar sua saída do governo, sob a ótica do próprio governador Belivaldo Chagas, que argumenta haver “diferença de estilos”, não apenas concordou de pronto com o ex-chefe como também atribui a ele, enquanto ex-secretário chefe da Casa Civil do governo Jackson Barreto, a falta de soluções para inúmeros problemas de Sergipe. “Totalmente diferentes (estilos de gerir). Fui todo este tempo uma voz contrária. Discordante (dentro do governo)”, garantiu Almeida, dando, em seguida, uma dica do que pode estar a caminho. “(Belivaldo) desconhece a máquina e pretende governar pelos próximos quatro anos. Deus nos livre”, disse.
É evidente que as flechadas podem muito bem representar o calor da exoneração. “Cessarem por aí…”, digamos. Almeida Lima pode muito bem arrumar as gavetas, voltar para sua bela casa, descansar e curtir a família.
Deixar a política à margem, aliás, seria o melhor que faria a si mesmo, neste instante. Suponho se tratar de um político realizado. O problema é saber se ele consegue vestir o pijama, e depois de anos e anos respirando a vida pública respirar a si mesmo. A política vicia, internauta…
Para quem já foi um senador de destaque, sobretudo por presidir a Comissão Mista do Orçamento, suportar toda a pressão que Almeida experimentou na Saúde? Engolir os sapos que engoliu? Seu desabafo basta aos bons entendedores…
Sinceramente, e já disse ao próprio Almeida Lima, nunca entendi o que o segurava no governo. Ele sempre foi maior que o cargo. É só pegar seu currículo e atestar. Aliás, enquanto soa cultural, em Sergipe, ocupar a Secretária da Saúde como trampolim político para Brasília, Almeida chegou lá depois de exercer mandatos de Senador e deputado federal.
Todavia, voltando ao início do texto, se não age pela emoção, esperem um Almeida Lima a lavar a roupa suja (e a que julga suja) do governo. Inclusive, podendo usar os varais da oposição para secá-la. Quanta ironia…
A expressão “fogo ex-amigo” pode entrar em moda nas eleições 2018. Almeida já disse que não tem pretensão política. Não disputará a eleição. Mas pode ser útil à oposição ao pré-candidato Belivaldo Chagas, se levar a coisa para o pessoal. (Já levou?) Não sei.
O fato é que Almeida, o que tinha a perder, já era. Belivaldo, não. Tem uma campanha acirrada pela frente e não lhe interessa, evidente, mais um adversário a desgastar o governo. Muito embora uma fonte bem próxima do governador acredita que Belivaldo não está preocupado com isso. Aposta que Almeida Lima não tem credibilidade para desgastar ninguém, sobretudo em se tratando de um governo do qual fez parte até ontem – e, se não fosse exonerado, provavelmente, ainda faria. Bom, o tempo dirá quem tem razão. Quem levará a pior.