Por Joedson Telles
O secretário de Estado da Saúde, José Almeida Lima, mesmo não sendo candidato nas eleições 2018, assegura presença na campanha do nome escolhido pelo seu agrupamento político para dar sequência ao projeto iniciado pelo saudoso Marcelo Déda, em 2006. “Acho o pré-candidato Belivaldo Chagas um grande nome que o governador Jackson Barreto pode nesse momento indicar. Estaremos trabalhando para ele. Um nome respeitadíssimo, uma pessoa distinta, um bom gestor. Acho que Sergipe vai ganhar com Belivaldo Chagas, que terá ao lado do governador todo o nosso apoio”, diz Almeida Lima, entendendo, contudo, que o governo Jackson Barreto precisa fazer a sua parte para o êxito do projeto sem subestimar a oposição. “A oposição é forte, se marchar unida será mais forte ainda. O que nós precisamos é realizar. Como a eleição é ainda no próximo ano, teremos tempo suficiente para consertar alguns equívocos. Não obstante, o governo Jackson Barreto ter em todo estado de Sergipe grandes realizações e, com certeza, a saúde vai contribuir decisivamente para essa boa imagem”. A entrevista:
Na semana passada, o Governo do Estado fez mais um grande investimento na área da Saúde. É a criatividade aparecendo?
Evidente que embora estejamos vivenciando uma crise no país, e Sergipe não é uma ilha isolada, dela padece também, as crises econômicas não podem justificar a omissão na gestão pública. O gestor tem por obrigação buscar alternativas. Nós não tínhamos R$ 19 milhões para imobilizar na compra de 465 aparelhos hospitalares, mas uma empresa comprou e nos alugou. Ao paciente não interessa se o aparelho foi comprado ou alugado. Tínhamos que encontrar a solução. A primeira parte chegou. A segunda está para chegar a qualquer momento e corresponde a 900 aparelhos. Os pacientes não poderiam continuar sem esses equipamentos e aparelhos que auxiliam os profissionais de saúde na sua assistência. A ciência, a tecnologia e a modernidade, hoje, não permitem mais isso. Tivemos dificuldades de comprar ambulâncias. O mercado nacional estava sem oferecer veículos. A produção de Mercedes é do Mercosul, que estava seguindo todo para os Estados Unidos. Não tivemos opção para comprar e alugamos. 40 já chegaram. Chegamos ao final do ano e a empresa que nos negou a venda no meio do ano está nos oferecendo e em dezembro passaremos a oferecer 30 ambulâncias do SAMU com recursos do tesouro do Estado. Crise que vá às favas. A gestão da saúde tem procurado driblar e com isso melhorado consideravelmente o padrão da saúde do estado.
Qual foi o maior gargalo que o senhor encontrou? Conseguiu resolver ou ainda é um desafio?
O caos organizado. Recebemos com uma Fundação da Saúde falida. Aqui não estou a me referir aos gestores anteriores. Cada um vive as suas circunstâncias. Estou constatando, embora desnecessário, o que a sociedade já tem conhecimento. Uma fundação com algo em torno de R$ 1 bilhão de passivo, só para com a União mais de R$ 300 milhões, mais passivos trabalhista, servidores quase todos bloqueados, uma falta terrível de equipamentos e aparelhos, radioterapia quebrada, braquiterapia quebrada, falta de medicamentos, falta de ambulâncias, de tomógrafos, ressonâncias. Evidente que nos preocupamos em resolver questões de ordem administrativas e logo depois partimos com toda equipe para resolver problemas da atividade fim que é a assistência à saúde. Até o final desse ano, o governo Jackson Barreto vai levar alento, felicidade para população de Sergipe. Toda região de Glória, com onze municípios, vai receber um hospital funcionando com centro cirúrgico, UTI, cirurgia geral, ortopédica, serviços de maternidade mais ampliados e uma tomografia nova. Em Itabaiana, a mesma forma neste mesmo período. A maternidade Hildete Falcão Batista, abandonada, há mais de 10 anos, está sendo reconstruída e aberta em dezembro. O HUSE vai estar oferecendo, até o final de dezembro, não menos de 10 novos leitos, eliminando a desumanidade que ainda pratica nos corredores pelo acúmulo de pacientes, mas estamos tomando providências e entregaremos, até dezembro, 30 leitos novos e até fevereiro mais 10. No HUSE, estaremos ampliando toda atenção aos pacientes renais e um novo centro nefrológico, com capacidade para fazer os transplantes de rins. Estaremos entregando uma unidade de hemodinâmica com duas salas cirúrgicas novas com 10 leitos de UTI isoladas só para cirurgias cardíacas e vasculares. Aumentando consideravelmente o número de leitos da ala vermelha e também na área do pronto-socorro com a retirada do ambulatório de socorro, que sai de dentro do HUSE e vai para o antigo CEAB. Crise que temos que driblar e cumprir os objetivos do Estado. Recebemos com todos tomógrafos quebrados. Consertamos e compramos mais três. Compramos uma nova ressonância magnética por R$ 3 milhões. Iniciando obras em estância e ampliando o hospital de socorro. Tudo isso num certo espaço de tempo, além do novo Centro administração da saúde que será inaugurado por esses dias, cuja transferência já estamos realizando. Quando assumimos a Secretaria existia uma fila de 600 pacientes oncológicos precisando de radioterapia. Outros precisam sair de Sergipe para Arapiraca para fazer radioterapia. Paciente nenhum viaja mais porque contratamos a Clinrad para dar esse suporte. Conseguimos baixar de 600 para 142 pacientes porque embora tivéssemos recebido a radioterapia quebrada, consertamos e já fizemos esse trabalho. Dia 14 de dezembro, fruto de um trabalho que foi feito de forma intensiva, que foi a implantação do acelerador linear do Canadá, estaremos entregando a segunda unidade de radioterapia. Evidente que estabelecendo as condições para zerar toda a fila hoje existente de pacientes oncológicos.
E o Hospital do Câncer?
O hospital, em se tratando de uma obra pública, teve os problemas de gestão. Na elaboração dos projetos, na contratação da construtora, injunções do Tribunal de Contas da União de forma equivocada, e, após o início das obras, chegou-se à conclusão que a empresa não atende aos requisitos da eficiência, da capacidade financeira, para tocar uma obra dessa envergadura. Ao Estado só coube a rescisão do contrato e a nova licitação que a secretaria vai iniciar. Com certeza será uma obra que terá o seu fim.
A Secretaria de Saúde tem fama de servir de trampolim político para se conseguir eleição. O que o senhor pensa disso? Tem a ver com esses problemas que o senhor encontrou?
A gente tem constatado que inúmeros secretários que por aqui passaram tornaram-se candidatos e foram eleitos. Eu declarei ao governador e à sociedade que não tenho pretensão de ser candidato. Vim com o foco de fazer gestão de saúde pública, e é o que estamos fazendo. Não posso atribuir a situação pela qual passava a secretaria ao comando dos secretários que enveredaram pelo caminho político eleitoral. Apenas procurei constatar o que a sociedade toda tinha conhecimento. Dizia-se que não tinha doutor que desse jeito na secretaria, mas uma equipe devidamente afinada está demonstrando que a saúde pública é viável, e vamos chegar lá no binômio acolhimento e humanização das nossas unidades de saúde. Com certeza será uma grande marca que vamos deixar registrada na saúde de Sergipe.
Jackson, quando lhe convidou para ser secretário, condicionou que o senhor não seria candidato?
Quando ele me convidou já sabia que eu não tinha nenhuma pretensão político eleitoral. Aliás, nem na última eleição eu desejava ser candidato. As circunstâncias me forçaram a isso, até mesmo para colaborar com o pleito. Isto foi um compromisso que eu assumi comigo mesmo e com a sociedade.
Mas “pendurou as chuteiras”, como dizemos nos futebol, ou está apenas dando um tempo?
Eu não pendurei as chuteiras porque eu acho que as circunstâncias que vivem o país hoje e a classe política, a mediocridade vivenciada hoje, não me estimula dela participar. Eu acho que a classe política perdeu a razão de existir. É lamentável um político dizer isso. Mas a ausência de compromisso público é muito grande, e a atividade do parlamento não me motiva mais. 12 anos no Congresso Nacional deram para perceber isso. E tinha posições claras. E as posições claras que eu tive me levaram a pagar um preço altíssimo. Embora mais alto é o preço que o país paga hoje por não ter ouvido a voz de alguns parlamentares, a exemplo da minha, quando estabeleci propostas de encaminhamento institucional, sérias, e quando mostre os desacertos do Governo Federal de então, o que posteriormente ficou demonstrado. Eu me reportei ao primeiro governo do presidente Lula, quando o senhor José Dirceu estava institucionalizado a corrupção.
É comum comentários que o deputado André Moura libera muitos recursos para Sergipe por ser próximo do presidente Michel Temer. Mas o então senador Almeida Lima teve um trabalho idêntico quando assumiu a Comissão Mista de Orçamento. A história está sendo injusta com o senhor?
Não. Eu acho que a história não. A história registra. É uma circunstancia que eu prefiro que a sociedade faça a análise no momento mais oportuno. Só ao Governo do Estado, em dado momento, eu consegui, junto ao Ministério do Planejamento, em audiência com o ministro e o governador Marcelo Déda comigo presente, R$ 130 milhões para o projeto Manoel Dioniso, e, lamentavelmente, o governo não realizou. Liberação de R$ 15 milhões para Japaratuba para construção de praças na primeira gestão da prefeita Lara Moura. Não foi executado, passou para o prefeito seguinte (Hélio Sobral), volta para ela e não foi executaram. Mais de 20 praças. Da liberação de R$ 15 milhões para construção de dois canais em Aracaju e só foi construído um, da avenida Canal 5, do Augusto Franco, aquela da Universidade Tiradentes. 18 praças da juventude que os perfeitos do interior não concluíram. Inúmeras quadras de esportes, ônibus, equipamentos. Só para o Hospital de Cirurgia R$ 6 milhões para o acelerador linear e uma ressonância magnética para instalar uma radioterapia nova. Até hoje, não realizado. Mais R$ 5 milhões para o Cirurgia para o custeio, usado. R$ 5 milhões para o Santa Isabel, utilizado. R$ 5 milhões para o HU, que não utilizou. R$ 5 milhões para o Hospital São José, que não utilizou. Foi um mandato profícuo para o estado. Quem procurou aproveitar em benefício do povo assim o fez.
Então, André não inventou a roda?
O deputado André é uma pessoa eficiente, competente, a quem eu presto minhas homenagens. Acho que ele esta sendo correto. Ele tem que aproveitar a oportunidade. Não são todos os dias que Sergipe consegue ter o presidente da Comissão do Orçamento ou o líder do governo. Acho que o momento é dele. Ele está com a bola no pé. Tem mais é que marcar os tentos. Espero que consiga marcar todos.
A gente escuta muito que o deputado André Moura já está reeleito pelo fato de ter ajudado muitos prefeitos. O senhor que já viveu a mesma experiência é por aí?
Ele não deve ir por aí. Para a eleição precisa de um complemento, que o deputado André Moura sabe muito bem qual é e tem experiência. Sabe fazer. Em dado momento, apesar de ter feito tudo isso, eu não conquistei uma eleição para deputado estadual. A população não reconhece. O voto no inteiro precisa ser conduzido pelo prefeito ou pela oposição. Pelo chefe político. Para que ele faça isto não basta ser um bom político, ter levado recursos para o município dele. É preciso fazer um pouco mais. A sociedade sabe qual é esse algo mais.
O senhor já disse que não é candidato, mas faz parte de um grupo político. Como avalia a pré-candidatura de Belivaldo Chagas?
Acho o pré-candidato Belivaldo Chagas um grande nome que o governador Jackson Barreto pode nesse momento indicar. Estaremos trabalhando para ele. Um nome respeitadíssimo, uma pessoa distinta, um bom gestor. Acho que Sergipe vai ganhar com Belivaldo Chagas, que terá ao lado do governador todo o nosso apoio.
A oposição parece dispersa. Mesmo assim, ameaça a pré-candidatura de Belivaldo Chagas?
Não podemos nos vangloriar. Temos mais que trabalhar e não fazer esse tipo de avaliação da oposição. A oposição é forte, se marchar unida será mais forte ainda. O que nós precisamos é realizar. Como a eleição é ainda no próximo ano, teremos tempo suficiente para consertar alguns equívocos. Não obstante, o governo Jackson Barreto ter em todo estado de Sergipe grandes realizações e, com certeza, a saúde vai contribuir decisivamente para essa boa imagem. Precisamos, evidente, enfrentar a crise e resolver algumas pendências que existem, sobretudo em relação aos servidores públicos.
Em relação à denúncia do Cabo Amintas o senhor procurou a polícia. Também esta levando o caso à Justiça?
Eu tenho dito que meu foco é a saúde. O fato apareceu. Inverdade, mas apareceu. Como se tratou de um crime cometido contra mim e contra outras pessoas, eu contratei um escritório de advocacia, do doutor Joaquim Gonçalves Neto, que estará tomando as providências jurídicas contra aqueles que abusaram, cometeram crimes, se comportaram como verdadeiros marginais. Mas é um assunto para a polícia e a Justiça resolver.
O senhor acredita que tem política por trás?
Não acredito nem desacredito de nada. Eu acho que a própria Segurança Pública e a Justiça é que vão estabelecer as investigações. Não me cabe mais tecer considerações a esse respeito.
Até porque já negou…
Eu não teria nem o que negar porque o fato não existe. Quem apareceu para apresentar uma queixa contra minha pessoa? Ninguém. Não tenho que negar nada. O fato não existiu. Isso foi uma bola. Um castelo de areia que construíram, mas que como todo castelo de areia este vai se desmoronar também.
O senhor conhece o Cabo Amintas pessoalmente?
Eu não conheço. Não tenho esse desprazer. Aliás, assessores meus levantaram sua folha corrida que é vexatória. Está publicada no site do Poder Judiciário. É diferente da minha.
É como diz o ex-governador Albano Franco?
Em Sergipe, todos nos conhecemos.
O que aconteceu com Aracaju na gestão do ex-prefeito João Alves, o senhor conseguiu prevê, em 2012, não?
E fui rechaçado pela população, que, mais uma vez, perdeu a oportunidade de ter me ouvido. Tudo que eu disse de João Alves durante a campanha eleitoral não foi nenhuma agressão. Foi uma advertência ao povo de Aracaju, mas, lamentavelmente, o povo não compreendeu. Mas um bom democrata respeita e aceita a vontade. A história tem resgatado a seriedade como eu me comporto e mostrado que sempre tenho razão. Eu nunca fui pego pela história na contramão. Foi um desastre, um atraso para Aracaju, que sofre ainda hoje com o que foi feito de errado e o que se deixou de fazer certo por Aracaju na gestão de João Alves.