Senador avalia que falta consciência sobre o que está acontecendo no Brasil
Nesta segunda-feira, dia 16, provocado pelo radialista Gilmar Carvalho, na FM Jornal, sobre as críticas que recebe de simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, o senador Alessandro Vieira (Cidadania), que vem sendo chamado de “traidor”, avaliou que falta consciência sobre o que está acontecendo no Brasil.
“Alguém votou em Bolsonaro para o filho comprar uma mansão de R$ 6 milhões sem dizer de onde veio o dinheiro? Alguém acha que colocar como primeiro ministro do Brasil o Ciro Nogueira, do centrão, com seus quatro processos da Lava-Jato é mudar o Brasil para melhor? Alguém acha que, lá atrás, quando Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro impediram a CPI da Toga, eles estavam querendo defender alguma democracia? A mesma lei que está sendo utilizada para prender um cara como o deputado Daniel Silveira é a lei que o ministro da Justiça de Bolsonaro usa para instaurar inquérito conta seus opositores”, disse Alessandro.
Rechaçando a tese que ao criticar Bolsonaro se aproxima do PT, do ex-presidente Lula, o senador observa que quem pensa assim precisa ter discernimento do que está acontecendo. “Eu nunca fui de partido de esquerda. Nunca fui nem político. Eu sou um cara de centro muito declarado em posições mais conservadores como família, como segurança públicas, mas me preocupo com respeito aos outros. Isso acaba se conectando com pautas de distribuição de rendas e respeito às minorias”, afirmou.
O senador observa que trabalha sempre de forma muito transparente, fazendo as coisas de forma que todo mundo veja. “Ninguém vai ver nunca Alessandro se escondendo, falando mentira para agradar governo nenhum, puxando o saco para ter acesso a dinheiro”, disse, garantindo ter orgulho do trabalho que faz.
Alessandro destacou ainda que há generais que tiraram a farda, vestiram o paletó e ganham R$ 80 mil do governo Bolsonaro. “Alguém acha que esses generais respeitam o capitão (Bolsonaro) que eles colocaram para fora por insubordinação? Estão respeitando o dinheiro que estão ganhando. Todos os generais que estão hoje no governo estão acumulando dois salários, porque Bolsonaro mudou a regra para permitir isso”, disse.
Governo desorganizado
De acordo com Alessandro, as pessoas que se fecham nas redes sociais precisam parar e ver um pouquinho a realidade, que, segundo ele, não é boa hoje. “Temos um governo desorganizado, que não tem uma política de retomada econômica. A gente precisa de uma política bem feita para fazer uma recuperação econômica. A gente precisa cuidar dessa pandemia que não acabou e está longe de acabar. A gente está com tanta violência das mortes que estamos começando a achar bom estar morrendo mil pessoas por dia, porque antes eram cinco mil. Eu queria muito que as pessoas tivessem o discernimento de se afastar um pouco dessas bolhas que a internet cria, que fazem com que a pessoa só leia e veja o que um grupo político quer e comecem a ver as coisas com mais amplitude”, disse.
O senador indaga ainda não apenas se alguém está achando bom o preço do gás, mas também se acredita que as coisas estão funcionando bem nas escolas. “A gente tem que mudar essa situação, democraticamente, dentro do que está na Constituição, e com muito respeito ao que é mais importante que é a vida. Tudo isso tem faltado a Bolsonaro. É uma traição de tudo aquilo que ele prometeu para chegar ao poder, e, uma vez chegando, não cumpriu”.
Voto em Bolsonaro
Ainda sobre as críticas no sentido de ter traído Bolsonaro, o senador afirma que revisou o texto que publicou quando declarou voto no segundo turno, das eleições 2018, para presidente da República. “Não precisava declarar voto porque já tinha sido eleito como o senador mais bem votado do estado, mas declarei porque acho que homem não se esconde. No texto, eu digo claramente que não aceito a volta do PT porque era, e ainda é, uma organização criminosa, mas aponto que o projeto de Bolsonaro tem vários problemas, como o risco do militarismo. Está lá escrito. Comprometo-me como senador a fazer a defesa da democracia e da liberdade. É o que venho fazendo desde o primeiro dia”.
Alessandro pontou também que não pediu um voto para então candidato Jair Bolsonaro. Tampouco foi eleito pedindo voto para ele. “O que a gente vê com essa turma é uma repetição daquilo que a gente via com o petista. O mensalão aparece, começam a surgir as provas, mas quantos amigos petistas você já viu dizendo que é tudo mentira? Agora acontece o mesmo com Bolsonaro. As pessoas apaixonadas continuam fingindo o descaso com a vacina, a falta de respeito com a vida dos brasileiros, a falta do mínimo de respeito pelas vidas perdidas. Os apaixonados fingem que não existe, exceto nos grupos de Whatsapp e Telegram os textos prontos e vídeos. Minha candidata a presidente da República era Marina”, disse.
Por fim, o senador afirmou ser preciso parar com a infantilidade de tratar político como se fosse Deus, como se fosse um ídolo da música. Político, define Alessandro, é um empregado que o eleitor contrata a cada quatro anos, e, se não estiver satisfeito, tira. “O mais importante é observar se a pessoa tem coerência. Se aquilo que falou na campanha está cumprindo. Bolsonaro não está cumprindo nada. A destruição que ele vem fazendo em vários setores é absurda. A gente precisa ter um censo de realidade. Eu continuo não querendo a volta do PT. Estou trabalhando muito para termos outra alternativa que não permita a volta do PT. A volta de Lula é muito ruim para o Brasil, mas a permanência de Bolsonaro também é. Eu não sou homem de me esconder”, afirmou.