Reinaldo Moura avalia momento de André e garante: não recua
Por Joedson Telles
O ex-presidente do Tribunal de Contas de Sergipe (TCE) e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Reinaldo Moura, comenta nesta entrevista que concedeu ao Universo, na última sexta-feira, dia 16, o momento político do deputado federal e seu filho, o deputado federal André Moura (PSC). Líder do governo Michel Temer e pré-candidato a senador ou a governador, André, ao mesmo tempo que carrega a fama de ser o político que mais ajudou Sergipe, nos últimos meses, amarga a notícia de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter apresentado na última quinta-feira, dia 15, ao Supremo Tribunal Federal (STF) as alegações finais em três ações penais contra ele. Ou seja, mais munição para os adversários fazerem uso em ano eleitoral. “Pensavam que a carreira k de André se encerraria como deputado estadual. Foi para federal e alguns da classe política toleraram. Agora avançou para tentar ser senador ou governador e pensam que ele está querendo demais”, disse Reinaldo Moura, assegurando que André já esperava pancada. “Só se a gente fosse inocente para não saber que, se ele entrasse numa disputa majoritária, iria tomar todas essas porradas. Todo mundo já sabia, mas só faltava saber qual a origem. Focaram na decisão da procuradora geral da República. Ainda não botaram a cara de fora. Está havendo comentário de eleitor apaixonado, mas as pessoas que tenham nome e que possam conduzir um grupo político a não votar em André ainda não botaram a cara de fora. A gente já sabe que alguns grupos políticos têm gravações do passado para usar na campanha”. A entrevista:
Como avalia o momento do deputado André Moura, líder do governo, trazendo recursos para Sergipe, mas, ao mesmo tempo, tendo que lidar com essas ações penais?
A coisa estava caminhando, e vai voltar para o eixo normal, para se encontrar um caminho de compreensão entre o que é sofrer o desgaste de ser líder do Governo Federal e, ao mesmo tempo, ser reconhecido como o cara que mais ajudou Sergipe, nesses últimos 20 anos. Está caminhando bem. Não sei qual vai ser a consequência (das ações penais). Para Sergipe, eu entendo que não é nenhuma novidade, porque é um fato já conhecido de todo mundo. André já estava conseguindo que o povo entendesse que vale à pena o sacrifício de ser líder de um presidente desgastado, porém, estar ajudando Sergipe. Isso estava ficando claro nas pesquisas que a gente acompanha semanalmente. Não sei qual vai ser a consequência desse episódio desta semana (a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, na quinta-feira, dia 15, ao Supremo Tribunal Federal (STF) as alegações finais em três ações penais contra André Moura) exatamente em função do momento político. Tudo isso já vem sendo tratado há 10 anos sem a repercussão que está tendo agora. La atrás, André não incomodava ninguém. Era um prefeito, candidato a deputado estadual, cuja carreira política, aparentemente, morreria ali. Avançou para deputado federal e esses problemas todos foram tratados pelos adversários – e por alguns aliados – de uma maneira sem maiores explorações. Quando chega o momento de pleitear um cargo majoritário começou a complicar. O que era uma matéria de pleno conhecimento da população e de todo o estado de Sergipe passou a ser explorado. Pensavam que a carreira política de André se encerraria como deputado estadual. Foi para federal e alguns da classe política toleraram. Agora avançou para tentar ser senador ou governador e pensam que ele está querendo demais. Não houve absolutamente nada de novo no fato do processo de André que não seja do conhecimento da população de Sergipe e dos políticos. O único fato novo é que muitas dessas acusações já foram julgadas e os fatos estão encerrados. Sobram algumas, mas ele terá tempo de mostrar isso. A gente já sabe que alguns grupos políticos têm gravações do passado para usar na campanha. Eles anteciparam, e, ao fazerem isso, facilitou a vida de André, porque a máscara vai cair antes do tempo previsto. Quantidade sem qualidade não vale nada. Há tempo de André organizar a caminhada, excluindo aqueles que, no momento, estão fazendo algum tipo de manifestação. Mas não é muita gente que está comentando. Se é falta de coragem, não sei. Se é por acreditar nele, não sei. Se é prevendo o futuro, também não sei. A repercussão está sendo abaixo daquilo que poderia ser, principalmente por estarmos vivendo um momento político.
A experiência política de André e, sobretudo, a sua, não previam o que está acontecendo, já que o crescimento no meio político incomoda?
Essas ações tramitam desde o tempo que ele era prefeito de Pirambu. Todos esses fatos nunca avançaram do jeito que avançaram agora, porque André é pré-candidato a um cargo majoritário. Está na hora de colocarem as unhas de fora e não deixar que ele avance. Já era esperado porque já houve ameaça de arquivos que estão sendo preparados, selecionados. Tudo o que se falou dele ao longo desse tempo. Mesmo que não soubesse o que estava sendo preparado, André sabia que tudo isso voltaria à tona no momento de consolidação de uma candidatura majoritária, principalmente no horário eleitoral.
O grupo está fechado com André?
O que foi repercutido foi abaixo daquilo que era esperado. Talvez entenderam que não é bom mexer com ele agora para não fazer dele uma vítima. Houve muita repercussão, mas houve comentário do que foi repercutido? Tem 100 repercussões da mesma matéria, mas não comentários. Isso é considerado positivo ou negativo? O inimigo está adormecido? Não teve coragem de comentar? Ou não concorda? Fazer uma análise em 24 horas do nascimento do fato é muito complicado, mas é uma visão que já tenho. Vão aproveitar a procuradora e dar uma ajudinha para ver se tira André do páreo.
O senhor já disse que não existe a possibilidade de André recuar…
Não tem a menor chance. Por iniciativa dele, nenhuma chance. Tudo isso é pensado e discutido muito. Se você pleiteia uma candidatura majoritária já sabe que vai levar porrada. Tudo isso já tínhamos perspectiva. Até que poderia, lá na frente, André recuar para manter a candidatura dele como deputado federal pela unidade do grupo, pra manter a união entre ele, Valadares e Amorim. Mas diante desse fato, eu acredito que essa mínima possibilidade passa a ser zero.
André é pré-candidato ao Senado ou ao governo?
Ele é candidato majoritário (risos).
André sabe que os adversários adotam o marketing da desconstrução da imagem. Ele está preparado para enfrentar isso?
É vacinado e preparado. Só se a gente fosse inocente para não saber que, se ele entrasse numa disputa majoritária, iria tomar todas essas porradas. Todo mundo já sabia, mas só faltava saber qual a origem. Focaram na decisão da procuradora geral da República. Ainda não botaram a cara de fora. Está havendo comentário de eleitor apaixonado, mas as pessoas que tenham nome e que possam conduzir um grupo político a não votar em André ainda não botaram a cara de fora. Está todo mundo navegando na onde de Raquel. Um ou outro diz que André tem que pagar. Tem gente adorando isso, mas calado. Se está calado é sinal de respeito.
A aliança com o senador Valadares será mantida?
Eu mesmo tenho procurado ajudar e defendo que deve ser mantida a união do grupo. Eu digo aos três, isoladamente, e já disse em conjunto. Acho que é fundamental ser mantida. Tem espaço para todo mundo. O problema é que pela primeira vez os espaços são os mesmos. Antigamente tinha muita folga. Hoje para duas vagas majoritárias têm três nomes de peso. Aí onde está o “x” da questão. Tem a vaga de governador e de senador, e tem, hoje, Amorim, André e Valadares.
Eleger os dois senadores na mesma coligação é difícil, se não impossível?
A tradição de Sergipe é eleger um lá e outro cá. Vai depender deles se topam ou não arriscar. Não tem muito tempo para formar uma terceira via. Não tem muita terceira via sobrando não. Isso vale para André, Amorim e Valadares. Eu não vou dizer qual o que teria mais condição de formar uma terceira via pra não criar problema.
O exemplo de Albano, disputar o Senado isolado, é pra ninguém seguir, não acha?
Sair sozinho é quase claro que não da certo. Talvez, ele não tenha se preparado para essa opção. Albano não tinha preparado uma segunda opção. Não estou dizendo com isso que Valadares, Amorim ou André Moura tem.
E Jackson Barreto?
Qualquer coisa que eu fale a respeito dele pode ser mal interpretado e acharem que existe essa tal “aliança branca”. Eu diria apenas que Jackson nunca está morto e sempre é uma surpresa. Em se tratando das urnas e da política em geral. Não pode ser subestimado.
Como avalia a pré-candidatura de Belivaldo Chagas a governador?
É um direito que ele tem. Gosto muito do galego, sou amigo dele. Ele já vem pleiteando isso há muito tempo. Ele se credenciou para desejar e estar nessa posição.
A pré-candidatura de André está crescendo?
O que eu vi no carnaval, as imagens falaram muito bem da recepção que ele tinha em todo lugar no carnaval, onde se está sujeito a ouvir tudo. Não houve nenhum tipo de problema por onde ele passou.
E Reinaldo Moura? Pleiteia disputar algum cargo, nas eleições 2018?
Meu futuro quem vai indicar é o deputado André. Se for do interesse dele que eu faça parte da disputa eleitoral, tudo bem. Eu não posso ser candidato que venha atrapalhar. Eu não posso ser obstáculo e nem criar problema pra ele. De repente, mais tarde, ele precisa de uma composição que ceda uma vaga de deputado estadual. A minha está pronta para ser cedida. Hoje, eu dependo dele. Se ele quiser que eu seja pré-candidato, eu sou. Já chegou o tempo que eu dizia o que ele ia ser. Agora, ele quem diz o que eu vou ser, até porque na eleição passada eu me julguei no direito de ser candidato e perdi. Ele não votou em mim porque a pressão dos deputados foi grande. Ele não podia perder qualquer tipo de coligação e eu fui candidato sem o apoio dele para não atrapalhar as alianças que ele tinha. Perdi a eleição porque não tive o apoio dele. Lá eu era candidato e não podia recuar. Uma coisa é eu dizer que sou e ter que renunciar. Outra sou eu dizer que não e que dependo dele. Não será nenhum constrangimento pra mim, embora eu iria adorar estar lá dentro.
Essa suposta vaga de federal, com André pleiteando a majoritária, está definida para o pastor Antônio dos Santos?
Desconheço. Não tratamos nada disso. Quando eu fui candidato a deputado tinham várias pessoas querendo voto para deputado estadual, como da mesma forma querem agora os votos de deputado federal. Se lá atrás foi isso, quando tinha Capitão Samuel, Venâncio Fonseca, Valmir da Madeireira, Paulinho todos queriam o voto de deputado estadual que poderia ser meu. A mesma coisa agora para deputado federal. Não deve ter um só. Não pode se pegar um deputado e dizer que é o seu. Tem que ter simpatia e empatia entre o nome que você quer e a região. Se o prefeito quer, se as lideranças querem, se ele se identifica com a região. Embora isso, de repente, pode dar certo, mas a tendência é colocar a pessoa certa na região certa.
E o Sergipe? O senhor está conseguindo levantar o time, não?
Estou tendo problemas lá também, mas está tudo bem. Domingo é um jogo importantíssimo (Sergipe x Confiança) para gente. Dando certo, a gente dá um passo muito grande para se credenciar a disputar o título, porque ganhar do Confiança levanta a moral de qualquer um.
Mas as dificuldades financeiras do futebol sergipano continuam…
Eu pensei que o Confiança estava rico, mas também está brigando por dinheiro. Eu paguei a folha de janeiro dos jogadores, agora é matar o leão de fevereiro. Estamos atrás do dinheiro de fevereiro. O plantel é pequeno, mas é unido. Às vezes, é melhor ter um plantel menor e unido do que ter um plantel gigante e com grupos divisores lá dentro. No Sergipe só há liderança positiva.
A polêmica do patrocínio do Banese já foi contornada?
Eu cavei da Prefeitura de Aracaju R$ 200 mil. O Confiança foi lá e levou R$100 mil. Cavei R$ 200 mil no Banese, e foi acertado com o governador Jackson Barreto. O Confiança foi lá, reclamou e levou R$ 100 mil. Deveria ter respeitado o que eu pedi e não ter dividido o do Sergipe porque isso estraga planejamento financeiro. Você sabendo que tem quatro parcelas de R$ 50 mil, como foi acertado anteriormente, tem meio caminho andado para solução do pagamento de folha e de clube como um todo, porque o clube não é só jogador de futebol. Principalmente, o estádio João Hora que é um gigante. Temos trabalhado para desinterditar o João Hora. Deve acontecer ate no máximo uns 15 dias com investimento para consertar tudo que está quebrado lá dentro. Uma folha do Confiança, que tem um plantel maior do que o Sergipe, você há de convir que R$ 50 mil da Prefeitura e R$ 50 mil do Estado resolve metade da folha do mês. Depois é correr atrás dos outros, depender de torcida que não está comparecendo. Cobra mas não vai. Se o Sergipe somar toda a receita de renda líquida deste ano não paga uma folha. Eu pergunto, às vezes, se a torcida está esperando ser campeão primeiro. O time é líder em todo campeonato. Às vezes, perde a liderança para o Itabaiana por um ponto. Vai esperar ser campeão para ir?
Pegando uma bandeira do jornalista Wellington Elias, marcar um jogo Sergipe x Confiança para o mesmo dia e horário da final da Taça Guanabara com o Flamengo jogando não é motivar o torcedor a ficar em casa na TV?
Eu penso como você. Aqui há uma mania de achar que vai mudar uma cultura do torcedor de Sergipe ter outro time no Rio ou em são Paulo. Isso não vai mudar tão cedo, ate porque o futebol daqui não ajuda que você tenha uma paixão única os times daqui. Tem torcedor que só torça para o Sergipe ou Confiança, mas é muito pouco. A gente não consegue dar um futebol que motive a nova geração se apaixonar única e exclusivamente por Sergipe, Confiança, Itabaiana, Lagarto. Eu mesmo torço pelo Flamengo. Sou Sergipe, mas não vou deixar de torcer pelo Flamengo. Pensar que o campeonato coincidindo com finais do campeonato do Rio ou de São Paulo não vai prejudicar? Vai. Às vezes, a gente antecipa em uma hora o jogo e, às vezes, o torcedor não entende que é para fugir. Isso é cultural. Além do mais, eu não participei do arbitral. Quando o torcedor do Sergipe reclama de alguma coisa eu digo que não participei do arbitral. Se não foi discutido lá, agora não adianta mudar a regra do jogo. O Sergipe ou o Confiança tem que aprender a planejar no arbitral. Dizer que não concorda que o campeonato seja disputado em pontos corridos, que não concorda com hexagonal ou que concorda.
Barcelona x Real Madrid já jogaram meio dia para facilitar a transmissão da partida pelas TVs para outros países como Japão. Dá para copiar o que é bom…
Você só pode fazer isso quando esta na série A. O futebol daqui é ruim porque a gente está na série D. Se o Sergipe entrasse na série B ou o Confiança não ia mudar nada do que esta aí por achar que a CBF está certa. Hoje, pediu o planejamento que eu tenho da série D. Eu disse que não tenho nem para “x” porque não paguei nem a folha de janeiro. Como vou me preparar para série D?
O jornalista Jorge Kajuru, disse, recentemente, ao ser entrevistado na ESPN, que, certa feita, entrevistou o saudoso Sócrates, que lhe revelou que “futebol é 60% dentro de campo e 40% fora”. O que acha que ele quis dizer?
Você está pensando que eu vou dizer que é maracutaia (risos)… Mas não. É de você está atento. Por exemplo, há um jogo Socorrense x Confiança vai ser, parece, dia 28. Um jogo de uma rodada que foi adiado. Está marcado para o Batistão. É porque você precisa estar atento para isso? Agora Socorrense x Confiança sub-19 está marcado para jogar no estádio de Socorro com portão fechado. Pode ser com portão fechado para o time sub-19 e não pode ser para o principal? Por que trazer o principal para o Batistão? Está ajudando o Confiança. Eu disse ao presidente para não ficar com esse jogo na gaveta para esperar combinação desse resultado no futuro. Você tem que marcar este jogo logo. Porque quando fica um jogo na gaveta, e aí está os 40% (ditos por Sócrates), eu jogo sabendo o resultado dos outros. Se eu deixasse para jogar em março eu jogaria sabendo o resultado de todo mundo. Um jogar no Lelesão (Estádio Wellington Elias, em Socorro) de portão fechado e outro no Batistão, esta nos 40% . Essas coisas são exatamente isso. Os 40% não é só essa parte. Você não sabe quanto o futebol com alegria ou tristeza de milhares de pessoas. Eu fui para o sorteio de árbitros na federação. Eu não posso dizer que não foi um sorteio honesto. Eu não posso tomar providência se foi um sorteio honesto. Se Cláudio Francisco (árbitro) participou e ganhou, parabéns para ele. Ele cuide da vida dele domingo no Batistão. Se ele apitar direito, aplauso. Se não, vão chamar de ladrão.
O jogador que vem de outro estado chega com a consciência do que representam Confiança e Sergipe para o torcedor sergipano ou pensa só no dinheiro?
Hoje, temos jogadores de vários estados no Sergipe e posso lhe assegurar que todos eles estão brigando pela camisa do Sergipe. Evidente que eles sabem que estão num campeonato curto. Hoje, qualquer jogador, se for bom, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina sabe. Com a internet, hoje, eles sabem. Ele está jogando aqui por amor a camisa, quer o título, mas no fundo veio para o campeonato porque sabe que é curto. Quer mostrar aqui visando um clube lá fora. Todo mundo está observando todo mundo. O daqui esta jogando para sair daqui para outro clube maior, ou que tenha calendário, mas está jogando com amor. Um jogador com o currículo bom tem que sair. Sai daqui com a consulta de como é o comportamento, a qualidade técnica, o homem. Hoje em dia, o jogador só sai desse jeito. O cara liga e pergunta isso. O jogador tem consciência disso e procura cumprir rigorosamente, se não vira ficha suja (risos).