Por Joedson Telles
Vez por outra, o jornalismo nos obriga a noticiar fatos com os quais não temos concordância, duvidamos até o fim, não queremos aceitar, mas nos curvamos à vontade de Deus. Assim é abordar a morte do ex-conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Reinaldo Moura. Que dia triste este 11 de novembro de 2021.
Radialista, político, amigo, sincero, apaixonado pelo time do Sergipe, sempre de bem com a vida… Existem várias formas de Reinaldo Moura ser lembrado, e o internauta que teve o privilégio de conhecê-lo, certamente, se moldará a uma ou mais, e não irá esquecê-lo.
Particularmente, lembrarei de Reinaldo por todos estes traços. O radialista de voz inconfundível e comentários polêmicos. O político de posições firmes, palavra e lealdade aos aliados. O homem que dizia o que pensava e levou isso às redes socais com o “Falando Francamente”…
Entretanto, como torcedor do Confiança, sublinho os encontros de praxe no Brandy’s Bar antes dos jogos Confiança x Sergipe. O Bar azul e branco, pela benevolência da geografia, recebia com alegria a cor vermelha da camisa de Reinaldo Moura, que se sentia em casa no “território adversário”. Embora Sergipe, seu dom para fazer amizades assegurava-lhe a popularidade num ambiente 99% Dragão. Não é para qualquer um.
Ao fazer isso antes dos jogos, Reinaldo Moura não estava jogando contra o Sergipe. Nada. Sua presença no time rubro dispensa comentários. Foi Sergipe em todos os sentidos e momentos. Tinha a cara do Sergipe. Era daqueles torcedores que viraram dirigentes e tiravam do bolso para ajudar o time. E, obviamente, ao som do apito do árbitro lá estava ele em meio a torcida rubra, torcendo como um garoto que vai a primeira vez ao estádio.
Ao sentar à mesa com os azuis, beber, provocar e se permitir a provocações que alimentam a rivalidade sadia entre os times, todavia, Reinaldo escrevia o legado indiscutível: o esporte – mesmo com as resenhas – precisa unir e não separar as pessoas. Sua presença ali era um soco com força no comportamento de certos “torcedores” que têm na violência física a razão do esporte – e nada como um exemplo deste partir de um político. De um ex-conselheiro do TCE.
Mais que isso, no entanto, Reinaldo Moura também ratificava com tal harmonia que, por mais que se viva, a vida é curta e não se ganha nada de positivo com o radicalismo. Melhor fazer amigos, oferecer o melhor e viver de bem com a vida. Sempre.
Aliás, criado por Reinaldo Moura, o grupo de WhatsApp Falando Francamente, do qual tenho a satisfação de fazer parte, amealha verbos que expressam a dor pela ausência física de um verdadeiro amigo. Ali temos um 3 x 4 que a mensagem de Reinaldo foi assimilada, ele cumpriu a missão e, agora, é com Deus, que nunca deixará de estar no comando, ainda quando não temos a capacidade de entender.
