Por Joedson Telles
“Você é corrupta. Você é corrupta”. A frase seca, que resume o que de pior pode representar uma pessoa que exerce um cargo público delegado pelo voto do eleitor, ainda ecoa no plenário da Câmara Municipal de Aracaju. Incomoda pessoas sérias que jamais aceitam tal perfil na vida pública. Entretanto, para muitos, a cena da vereadora Lucimara Passos frente a frente com o eterno desafeto Agamenon Sobral, na última quinta-feira 21, foi mais um “arranca rabo”, como se diz no interior. Não foi o último e, por mais incrível que possa parecer, não choca mais. Mesmo tendo como palco o plenário do Poder Legislativo, não é mais notícia. Nem pelo fato de dois parlamentares se digladiarem em plena sessão e nem pela grave afirmação. Depois da polêmica calcinha na mão da parlamentar x Bom Ar na mão do vereador em plena tribuna da CMA, a animosidade banalizou de vez.
Mas quem tem razão? Agamenon é herói ou irresponsável? E Lucimara? Injustiçada ou corrupta? A coisa se complica mais, note-se, quando os próprios atores ventilam interrogações. Recorro, então, aos velhos botões. Uma reflexão é sempre a maior lucidez em momentos assim. E tenho as únicas, óbvias e possíveis respostas de pronto, a julgar pelos juízos externados pelos próprios vereadores. Deixo, todavia, o internauta ler as próximas linhas e fazer a sua própria escolha. Neste jogo só não há empate. É um, digamos, teste de raciocínio lógico.
Na primeira hipótese, Lucimara Passos é, de fato, uma política corrupta. Saqueou de alguma forma os cofres públicos e, cinicamente, ainda fala em processar o vereador Agamenon Sobral, que, por sua vez, é um herói. Delator de ladrão do dinheiro público. No caso, de uma ladra. Ele está a prestar um excelente serviço à sociedade. Agamenon: um parlamentar que serve à população não fechando os olhos em nome do corporativismo. Justifica o dinheiro que o povo lhe paga, entre outras missões, dando transparência à vida pública dos seus pares.
Do outro lado da moeda, emerge a presunção de um Agamenon leviano. Irresponsável. Inconsequentemente levantando um grave aleive sem prova alguma com a única finalidade de destruir a imagem da vereadora Lucimara Passos. Por sua vez, injustiçada. Inocente, decente, honesta, incapaz de meter a mão no dinheiro público, ainda que sua eleição dependesse disso. A parlamentar do PC do B é vítima de uma voraz perseguição caluniosa e até criminosa a jogar-lhe na lama sem piedade. Política rasteira.
E aí? Dados jogados, agora é com o senhor internauta. Com a senhora que fita este texto. Tenho, evidente, a minha posição. O meu juízo de valor formado. Mas não meterei a colher neste angu. Até porque não sou juiz da causa. Opto por não ajuizar em favor ou contra nenhum dos dois neste momento. Quem sabe amanhã? Quem sabe no próximo embate? No próximo arranca rabo com ou sem calcinha e Bom Ar? Não deve faltar. Aliás, Lucimara prometeu levar a causa à Justiça. Na esfera correta, a verdade aparecerá. Na Justiça não vale retórica. Somente provas – testemunhal e material.