Por Joedson Telles
O deputado federal Adelson Barreto (PTB), cujos bens foram colocados em indisponibilidade pelo Poder Judiciário, atendendo a uma ação do Ministério Público de Sergipe, por conta de investigações sobre o uso da chamada verba de subvenção pelo Poder Legislativo, desconhecia a existência do inquérito civil que estava em andamento contra ele. “O deputado vem acompanhando o procedimento na área eleitoral. Mas desconhecia o inquérito civil. O vereador de Capela Antônio Arimateia compareceu, voluntariamente, ao promotor para fazer a delação contra o deputado. Mas se você pegar a investigação dos 24 deputados, o processo que tem menos indícios é o de Adelson Barreto. Eu questiono: por que Adelson Barreto? Essa é a grande questão. Por que ele tem que ser o primeiro? Sem provas? Isso tudo vai ser posto para a sociedade. Espero que as pessoas compreendam que a pergunta é oportuna”, afirma o advogado do deputado Adelson Barreto, Emanuel Cacho, denunciando que houve uma proposta para que os co-réus imputassem ao deputado a prática de um crime.
Colocando em xeque o depoimento do vereador Arimateia, o advogado Emanuel Cacho observou que a confissão, historicamente, é conhecida como a ‘prostituta’ das provas. “Toda confissão tem um motivo por trás para prejudicar alguém ou algo. É tanto que o Poder Judiciário, hoje, vê a confissão com reserva. Quem confessa está querendo incriminar alguém. Não é este o objetivo da delação premiada. Neste processo, denunciaram Adelson como o responsável por todas as verbas da Assembleia. Ora! Adelson não assinou liberação de verbas como secretário geral sozinho não. Está faltando gente. Por que fizeram a ação contra Adelson? Pegaram o rapaz para Cristo. Mas por que Adelson?”, insiste Cacho.
Segundo Emanuel Cacho, algumas coisas alvo de investigação do Ministério Público envolvendo Adelson Barreto sequer poderiam ser investigadas sem a autorização sem a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). “Mas foram. Pessoas foram ouvidas com a pressão de um mandado de prisão em cima da mesa. Todas elas confirmaram que chegaram para prestar depoimento e havia um mandado de prisão em cima da mesa. Eram obrigadas a fazer delação premiada. Delação premiada sem um inquérito policial é incompreensível. Não tem validade. Isso tudo será analisado, e vamos comprovar a inocência de Adelson, que sequer foi ouvido. Um absurdo. A pressa contra Adelson Barreto é tão grande que ele sequer foi ouvido Não teve direito a defesa. Um absurdo jurídico. Por que Adelson Barreto? Dizem que alguns foram filmados recebendo o dinheiro na boca do caixa. Por que Adelson não tem filmagem na boca do caixa, não tem uma testemunha que comprove o que o vereador disse. Qual a prova contra ele? Estamos entrando com uma ação de calúnia contra o vereador.
Ressalvando que Adelson Barreto já repassou verba de subvenção para várias entidades e nunca houve uma só denúncia de irregularidade, Emanuel Cacho afirmou que os indícios do que levaram a Justiça a colocar os bens dele indisponíveis se resumem à fala do vereador que fez a delação premiada. “Apenas o depoimento do vereador, que procurou o MP, sabendo que iria ser chamado, para dizer que recebeu este dinheiro e devolveu ao deputado. Só a fala dele. Não foi filmado, fotografado. Nenhuma houve qualquer evidência que isso tenha acontecido. Eu vejo que o MP denunciou o vereador e denunciou os outros membros das associações e pediu o bloqueio dos bens de todos. O deputado nega, veementemente, ter recebido qualquer valor”, disse Emanuel Cacho.
Ainda de acordo com Cacho, Sergipe é um estado geograficamente pequeno, e todos conhecem a posição de Adelson Barreto no cenário político. “Foi eleito o deputado estadual e o federal com a maior votação da história política de Sergipe com seu trabalho social. Adelson não compra voto. Tem voto porque é carismático. Não precisa de prefeito ou liderança para isso. Mora na periferia com os doentes que acolhe. O voto de Adelson vem daí. Adelson vem de uma família muito humilde. Foi offici boy, radialista… Nunca recebeu apoio de político de porte. Adelson Barreto foi eleito deputado federal, anos atrás, mas, inexplicavelmente, o advogado da coligação comunicou ao juiz que ele havia feito a inscrição posteriormente a data, para que ele fosse cassado e seu mandato fosse dado a outro político”, diz Cacho, prometendo solicitar ao STF o trancamento da investigação, por considerar ilegal, e dos acordos, que afirma não terem validade jurídica.