Por Joedson Telles
“Uma tarde, Davi se levantou do seu leito e andava passeando no terraço do palácio real. Dali viu uma mulher que estava tomando banho; ela era muito bonita. Davi mandou perguntar quem era. Disseram-lhe: — É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu. Então Davi mandou mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com ela. Ora, Bate-Seba tinha acabado de se purificar da impureza da menstruação. Depois, ela voltou para casa. A mulher concebeu e mandou dizer a Davi: — Estou grávida” – 2 Samuel 11: 2-5 (NAA).
Se voltarmos nove livros encontraremos o aconselhamento sábio: “… eis que o pecado está à porta, à sua espera. O desejo dele será contra você, mas é necessário que você o domine” (Génesis 4; 7b). Eis o próprio Deus, já no início da Bíblia, alertando não apenas a Caim, mas também a todos nós. Caim, como sabemos, deu de ombros, matou Abel e pagou caro…
O pecado nunca arromba a porta, como faz a polícia, munida de uma ordem judicial, na casa de um bandido, quando este não quer abrir. O pecado opta pela sutileza; e, quando tem a oportunidade, entra e faz o estrago.
Davi vacilou. O homem que venceu o gigante filisteu, o servo de Deus que reinava com temor abriu a guarda por um instante e se arrependeu pelo resto da vida. O pecado, no mínimo, deixa cicatrizes – e qualquer semelhança nunca será uma coincidência…
Se Davi não tinha mesmo como não perceber a formosa mulher despida, certamente, tinha a obrigação de não continuar fitando. Não deveria ter alimentado o desejo lascivo. Desviar o olhar e fazer uma oração afastariam o problema de pronto.
Mesmo o homem tendo o pecado no DNA, há certos erros que podem e precisam ser evitados. Agora, é preciso buscar a força mental no Espírito Santo. Sem o auxílio divino, mergulha-se mais no pecado.
Davi não observou mandamentos de Deus e foi da lascívia ao adultério e deste à mentira e ao assassinato (2 Samuel 11: 14-17). Afundou-se. A tentativa inútil de ofuscar o pecado só o levou a outras transgressões. Puro desespero; até porque ele sabia que o adultério era punido com a morte (Levítico 20: 10).
O pecado envolve o pecador de modo que o ato de negligenciar a fé em Deus é flagrante. Mas, ainda assim, o pecador, muitas vezes, não chega ao arrependimento; e quando se arrepende, em muitos casos, só o faz com auxílio. Davi só se tocou depois que Deus enviou o profeta Natã para confrontá-lo com uma metáfora (2 Samuel 12: 1-15). Aí, ele pediu perdão a Deus (Salmo 51), foi perdoado, mas sofreu as consequências de suas ações.
A história de Davi não permite – ou pelo menos não deveria permitir – que esqueçamos de vigiar um só segundo. Oração, jejum e leitura e meditação nas Escrituras precisam ser práticas constantes e inegociáveis na vida do crente. Buscar Deus mais e mais, fechando, assim, a porta para o pecado é a única garantia de não colher os estragos que a sutileza deste mal provoca.