Por Joedson Telles
“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” – Jó 42:5 (ARA).
As palavras de Jó dirigidas a Deus atestam privilégio ímpar. Não falamos de qualquer um que pensava estar servindo a Deus. Jó, a Escritura registra, era um servo exemplar do Senhor. “… homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1,1). Mas, ainda assim, o “conhecia só de ouvir”. Teve a fé provada ao máximo – como ouro no fogo -, e, finalmente, uma comunhão verdadeira com Deus que se revela soberano.
Quem lê o livro de Jó tem conhecimento, desde o início, que ele estava em meio a uma guerra cósmica. Sem saber, representava Deus e, consequentemente, o bem e a perfeição. Insistiu para conhecer a causa do sofrimento registrado, sobretudo, nos dois primeiros capítulos. Entretanto, Deus, quando decidiu responder, em vez de explicar, magistralmente, optou por citar parte da sua criação e o total controle sobre suas obras.
“Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases ou quem lhe assentou a pedra angular, quando as estrelas a alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus? Ou quem encerrou o mar com portas, quando irrompeu da madre; quando eu lhe pus as nuvens por vestidura e a escuridão por fraldas? Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus ferrolhos e portas, e disse: até aqui irás e não mais adiante, e aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas?” (Jó 38: 4-11). E continua Deus na mesma pegada nos demais versículos do capítulo 38 e nos capítulos 39, 40 e 41.
Os ricos verbos, todavia, não foram exclusivos para Jó, que, sabiamente, respondeu que Deus tudo pode e nenhum dos seus planos pode ser frustrado (Jó 42: 2). Qualquer um que queira ser um cristão verdadeiro precisa encarar este assunto com a mesma sabedoria. Reconhecer e glorificar Deus. A nossa insignificância e total dependência do criador só são esquecidas pelos tolos. Quem somos para escurecer os desígnios de Deus com palavras sem conhecimento?
O poder infinito e imensurável de Deus jamais pode ser posto em xeque. Ainda que o sofrimento não tenha, aparentemente, uma explicação, Deus sabe o que está fazendo – e sempre faz o melhor, no processo de santificação dos seus eleitos. Precisamos, pela fé, tirar os olhos deste mundo e colocá-los nas promessas infalíveis do nosso Pai. Se a brisa divina não soprar ainda nesta vida, como aconteceu com Jó (Jó 42: 10-17), apostemos no novo céu e na nova terra (Apocalipse 21: 1-8). Afinal, o nosso redentor vive, e o sofrimento só é eterno para os que morrem sem Cristo.