Por Joedson Telles
Recorramos a Xande de Pilares: “muita calma nessa hora”… Será que ainda tem gente ingênua o suficiente para acreditar que se o prefeito de Aracaju fosse Edvaldo Nogueira, Valadares Filho ou qualquer outro do mesmo grupo, 100% dos vereadores que votaram contra o aumento no preço da tarifa do transporte coletivo, ainda assim, manteriam o voto contrário e estariam dando show de retórica popular? 100%? E aí?
É certo que estamos na época do Papei Noel, mas é só ter memória para lembrar como eram as votações na Câmara de Aracaju antes de o prefeito João Alves Filho assumir, em janeiro de 2013, e atestar o óbvio da incoerência. Quem já foi vereador de situação sabe como foram raros – ou inexistentes mesmo – os momentos que contrariaram o aliado ocupante do Poder Legislativo Municipal. Incluindo aí aumento zero para o servidor.
E mais: dos vereadores que votaram a favor, evidente, nenhum ou quase nenhum votaria do mesmo jeito, se o prefeito fosse adversário. Assim caminha a nossa política não se sabe para onde: votar pela conveniência no varejo ainda quando contraria o atacado. E tome incoerência ao criticar adversários por fazerem a mesma coisinha. A oposição de hoje foi situação ontem e tenta voltar a ser amanhã. Eis os dados viciados a favor do jogador.
Por dever de justiça, contudo, registro que a cultura não é exclusividade de Aracaju. Tampouco de Sergipe, já que na Assembleia Legislativa o governador Jackson Barreto não tem a menor dificuldade de aprovar nada – mesmo quando anda na contra mão dos interesses do coletivo. O problema persiste em todos os parlamentos do Brasil. O Poder Legislativo tem, via de regra, sempre muita boa vontade com o Poder Executivo. Laços fortes e renováveis beirando a subserviência “não se sabe o motivo”.