Por Joedson Telles
Durante o velório de dona Virgínia Leite Franco, na última quinta-feira 5, permitir-me ao luxo de quebrar o protocolo e indagar o governador Jackson Barreto (PMDB) sobre a absurda ação praticada por um policial armado contra uma equipe de reportagem do portal Infonet e tive como resposta as palavras que seguem. Atestem, depois entro em campo.
“Encaminhei as providências. Não quero privilégios e nem desrespeito à sociedade. Quero que a lei seja cumprida. Cada um tem que cumprir o seu dever. O governo não faz favor quando trata o cidadão com respeito. É obrigação o governo respeitar o cidadão e cumprir a lei. Todos nós estamos sob as ordens das leis. Da Constituição. Do respeito ao ser humano”, disse o governador.
No gramado. Será bem mais execrável que a truculenta história narrada pela equipe da Infonet, se as apropriadas palavras do governador não encontrarem amparo na prática. Uma ação contrária ao juízo de Jackson vinda da Secretaria de Segurança Pública, que através da Corregedoria da Polícia Civil, tem a obrigação de chamar o feito a ordem, sem meio termo, desmoraliza não apenas a SSP, que estaria assinando a violência contra a imprensa, como as próprias palavras do chefe do Executivo.
Felizmente, o secretário adjunto de Segurança Pública, o delegado João Batista, falando em nome do titular, João Eloy, não apenas reprovou a violenta ação como prometeu ao Sindicato dos Jornalistas, e por tabela à Infonet e à sociedade, que o corporativismo não avocará a impunidade. Note-se que a ação foi praticada de forma isolada, mas, em se tornando pública, a SSP ficou obrigada a escolher um dos lados à luz de provas irretorquíveis: agressor ou agredidos.
Sem usar da mesma ferramenta que o policial, a mídia precisa agir. Cabe a todos nós não deixarmos o grave fato cair no esquecimento. Usar da empatia com os colegas da Infonet não se trata apenas de solidariedade. Vai muito além: compute-se a inteligência. Se o caso entrar para a lista dos absurdos que ficam impunes neste país, qualquer profissional de comunicação pode ser a próxima vítima. Vale a lógica estrábica do ‘fiz, não deu em nada e faço outra vez’. A falta de uma ação pedagógica estimularia outros agentes públicos a agirem com a mesma truculência confiando na impunidade.
A mídia, não deveria ser assim, mas, com raríssimas exceções, tropeça nela mesma. Quando o fato surge, jornalistas e radialistas o abraçam – alguns até com reprovável sensacionalismo – como vimos recentemente na prisão show do ex-prefeito Manoel Sukita. Entretanto, em pouco tempo, o ‘fato estrela’ é jogado na lata do lixo, na carona de uma nova pauta, como se diz nas redações, ‘quente’. Alimenta o juízo a ação de setores da mídia que enfatizaram bem mais o fato de um preso ter a cabeça raspada que um colega jornalista ter seus equipamentos de trabalho destruídos por um agente do Estado com arma um punho.