Por Joedson Telles
Insistente, o ex-senador Eduardo Amorim (PSDB) voltou a afirmar que seu nome está à disposição do bloco do prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho (PR), para ser pré-candidato a suceder o gestor, a partir de janeiro de 2021. E, mais uma vez, até o momento, o silêncio de Valmir gritou a resposta.
Preparado, bem intencionado, focado no que faz, estudioso, educado… Os adjetivos positivos são vários para ajudar a traçar o perfil do ex-senador Eduardo Amorim. Entretanto, para surfar nas ondas perigosas da política é preciso rever alguns traços: a ingenuidade é um deles.
Se, como todos sabem, Itabaiana respira a tese que Valmir de Francisquinho já fez opção pelo nome de Adailton Sousa, Eduardo só pode estar acreditando que insistir nesta história de “estar à disposição do bloco” fará o prefeito mudar de ideia.
O ex-senador, note-se, age com a inocência de uma criança. Algo que a política não perdoa. Será que só ele não percebeu ainda que, se Valmir pensasse no seu nome como pré-candidato, já teria se manifestado publicamente? Não o deixaria a praticar o monólogo?
Teimoso ou mal orientado, Eduardo precisa enxergar que não merece o que ele mesmo avoca pra si, ao soltar verbos repetidos sem ecos acolhedores, nas últimas entrevistas. O desgaste político (pessoal?) que está construindo para ele mesmo é algo que não se faz nem com inimigo político.
Onde já se viu: de um lado, um político solitário insistindo que é do grupo e está à disposição, e, do outro lado, um segundo político com poder de decisão dando de ombros?
A história de Eduardo, suas duas eleições como o mais votado – para a Câmara Federal e, posteriormente, para o Senado -, seus serviços prestados a Sergipe não comungam com a insistência em ser aceito por quem não demonstra interesse afim.
Pelo tamanho político de Eduardo (embora ele mesmo esteja diminuindo com estas ações isoladas), se estivesse nos planos de Valmir uma candidatura sua, o próprio prefeito ventilava a ideia. Eduardo seria convocado à missão pelo grupo. Não precisava se oferecer várias vezes.
Numa entrevista que concedeu à Rádio Rio FM de Porto da Folha, Eduardo externou que “sem brigas ou imposições. Se o bloco julgar que tem alguém mais preparado, respeitarei. Só serei pré-candidato se for pelo bloco dele. Eu e Valmir formamos uma excelente dupla. Em Brasília, percorremos os ministérios e conseguimos viabilizar uma série de recursos para o desenvolvimento de Itabaiana”.
Se Eduardo acredita mesmo que a decisão de Valmir repousa apenas no preparo, que Valmir está analisando essa questão de “excelente dupla” ou deixa de ver a sua atuação beneficiando Itabaiana como uma obrigação de um senador filho da terra, a ingenuidade é maior do que eu pensava. Bem maior.