Por Joedson Telles
A decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal de manter Lula preso está servindo de combustível para mais uma sessão da guerra anta por mentes e corações travada entre os que amam e os que odeiam o ex-presidente – sobretudo aqueles que fitam o próprio umbigo e mandam o país às favas. As evidências do agir pautado exclusivamente na emoção são gritantes, especialmente nas redes sociais, onde a maioria demonstra, com nitidez, que se comunica primeiro e pensa depois. Quando pensa…
O fato em si ainda terá desdobramentos, inclusive com o julgamento do mérito. A defesa de Lula não joga a toalha. Espera provar que o então juiz Moro agiu de forma parcial ao condenar Lula.Visou um projeto eleitoral do qual faz parte com devido reconhecimento.
Os amantes da guerra, contudo, são impacientes, açodados e emitem sinais de pouca inteligência, mesmo aqueles que têm interesse direto na decisão da Justiça por se beneficiar pessoalmente, a depender do presidente de plantão. E assim se expõem antes mesmo do desfecho. Usam argumentos que não se sustentam. Repetem asneiras e aleives. Evidenciam a ausência de uma bagagem cultural mínima para o debate. Pouca intimidade com o concreto. E o mais preocupante: atestam a crise de caráter evidenciada na intolerância ao contraditório.
Há os que passam a impressão que só não agridem fisicamente quem pensa diferente porque, mesmo com tantos avanços, a rede não permite este tipo de violência. Mas os verbos…
A arena virtual, note-se, não atrai apenas pessoas de baixa escolaridade, o chamado povão. Há graduados, pós-graduados, notórios na sociedade. Mas, paradoxalmente, com exceções, faltam cérebros. Nunca se argumentou tanto sem conseguir persuadir pela abstração dos contextos. Falência dos juízos.
Os que amam o petista não param um só segundo (se param sonegam) e refletem que, se não permaneceram 24 horas interruptas ao lado do Lula, não podem assegurar que as chamas não queimam mãos estendidas. Na melhor das hipóteses, têm o direito de cobrar, assim como o próprio condenado, uma prova concreta do crime. O que, na verdade, pode dizer tudo, mas sua ausência pode também não dizer nada. Dinheiro não fala… Os mais radicais nem aceitam discutir o assunto: “Lula livre” e pronto. Foi golpe. Até o Zé Dirceu é honesto. E tome emoção…
Emoção, aliás, que não faz inveja à turma do ódio velado e passado em cartório. Estes, cinicamente, descartam um lugar comum no mundo jurídico: o ônus da prova cabe a quem acusa. A esmagadora maioria dos que chamam Lula de ladrão e o desejam preso sequer conhece os autos. Não prova nada contra ele. “Fala por ouvir dizer”. Ao estilo papagaio, repercute discursos sem discernir conteúdos. Essa maioria não leva em conta que pode estar a defender a bandeira de um inocente na prisão em nome de um projeto político. E se o faz conscientemente recorrer à alcunha de corja é minimizar ações criminosas.
Numa outra esfera, mas sem deixar de sofrer as consequências, sobram os indiferentes à guerra esperando a verdade. Brasileiros que pagam impostos e, sem amor ou ódio por Lula, querem a justiça. A lei aplicada de forma imparcial. Estes, sem alternativa, acompanham a baixa batalha sem tomar partido, mas sem também perder a oportunidade de opinar a favor do Brasil.
Sabe aquela frase chula “dou um no outro e não quero troco”, caro internauta? Pois bem, resume o sentimento. Defender um condenado confiando cegamente apenas em sua própria versão dos fatos, neste caso dos muitos fatos, não difere muito de pregar sua permanência na cadeia por um crime cujas provas são cobradas pelo preso, mas ninguém apresenta. Soa questão de conveniência.