Os últimos dias são emblemáticos para se compreender (alguns ratificar o óbvio) a sagacidade da Rede Globo na arte de subestimar inteligências, usar a imagem alheia e faturar sem se importar muito com o verbete desfaçatez. O besteirol de sua programação tenta como nunca se confundir, vejam só, com a imagem do Papa Chico. Respiram ter seus propósitos e o maior símbolo individual dos católicos como substâncias miscíveis. A Globo usa o Papa para ter audiência e faturar. E daí? O excesso é da cultura global a zombar de uma sociedade embrutecida.
Seria oportuno o Papa Chico, idolatrado pelo Globo, de longe, mais do que o Senhor Jesus, um pecado, aliás, indagar a emissora dos Marinhos sobre a sua linha editorial falida para as demandas sociais, mas, historicamente, super hábil quando o assunto é faturar à custa de novelas e outras baboseiras somadas ao embrutecimento da maior parte da sociedade.
Vamos separar as coisas. O Papa Chico dispensa comentários. Independente de religião, quem não conseguir gostar dele não pode gostar de mais ninguém. Entretanto, só muita ingenuidade para não sacar que a jogada da Globo é manter a audiência, que garante mais anúncios à casa, à custa da imagem do religioso, ao mesmo tempo em que tira um saro da concorrente Record, cuja propriedade recai sobre o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.
O que os sergipanos, e demais brasileiros, devem se perguntar neste momento, mesmo os mais lúcidos já sabendo a resposta, é se a passagem do Papa pelo Brasil serviu (ou ao menos servirá) para impedir que crianças continuem morrendo de fome todos os dias, que uma gama de pessoas honestas estejam desempregadas passando necessidades, que políticos ladrões saqueiem os cofres públicos, que a violência continue imperando… Coisas deste tipo para tanta badalação.
Evidente que a autoridade mundial da religião mais popular do Brasil merece e precisa ter destaque. Em se tratando do carismático Chico, mais ainda. Todavia, como em tudo na vida, o excesso destrói a melhor das intenções. É preciso o equilíbrio com as verdadeiras demandas sociais. Até para não confundirmos fé com demagogia barata. “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?”, encontra-se a indagação em 1 João 3:17. Em resumo: “…conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Está em João 8:32. Não inventamos nada.