Por Joedson Telles
A decisão do TRE/SE de cassar a chapa Belivaldo/Eliane rouba a cena no palco das notícias políticas de Sergipe. Ofuscou até a agressão verbal descabida contra o deputado Rodrigo Valadares, cuja a mãe também foi violentamente atingida – e ambos estão na obrigação de buscar o caminho da Justiça para minimizar o dano moral. Aliás, esperava uma nota de repúdio por parte dos demais deputados. Pronunciamentos solidários… Ainda há tempo… Mas o fato é que o mundo político sergipano parece que deu de ombros a Rodrigo Valadares e respira, neste momento, a possibilidade de o TSE manter a decisão de Sergipe, e termos novas eleições sem a presença de Belivaldo – evidentemente, se a decisão de torná-lo inelegível também fosse mantida.
Lógico que a defesa de Belivaldo pode muito bem conseguir êxito, tudo não passar de um susto e o governador seguir tocando sua gestão, frustrando uma esperançosa oposição. Mas pode também sofrer nova derrota e ele estar com os dias contados como governador do Estado, mesmo legitimado nas urnas. Que coisa…
A situação é delicada. Por mais experiência que tenha, por mais casca, frieza é praticamente impossível Belivaldo não sentir a forte pancada. É um ser humano. No exercício do cargo de governador – algo que por si só já absorve muita energia dada a responsabilidade – ser obrigado a focar também a defesa mais importante da própria vida abala qualquer um. Belivaldo precisa muito, neste instante, dos seus verdadeiros amigos. Pessoas que acreditam nele e no seu projeto para Sergipe.
A fundamentação do único voto a seu favor diz com eloquência que não há nada perdido. A história aponta que várias decisões do TRE – de Sergipe e de outros estados – já foram derrubadas pelo TSE, e isso serve de combustível para governador e aliados continuarem acreditando que reverterão a decisão. É certo que o placar de 6 x 1 assusta. Mas os julgadores serão outros.
O próprio Belivaldo, ao comentar a decisão, observou ter convicção de que agiu dentro do que permite a legislação. Pronto. Cabe agora a sua defesa usar as ferramentas do direito para persuadir o TSE. Inclusive mostrando que vários candidatos à reeleição que venceram as eleições – e estão nos cargos ou já concluíram seus mandatos – valeram-se de artifícios idênticos aos utilizados por Belivaldo. Ou seja, convencer o TSE que Belivaldo não inventou a roda e quer apenas coerência na decisão soa a missão da defesa…
… Já a oposição está no seu papel. Assanhou-se, foi às redes sociais, de pronto, e torce desesperadamente que a decisão seja mantida. E, cá pra nós, está certíssima. Belivaldo e aliados precisam ter maturidade para entender o momento do jogo. Se estivesse lamentando a decisão do TRE não seria oposição. É óbvio. Espere-se, portanto, a oposição mais do que nunca eufórica no palanque. Já em campanha para uma eleição que pode nem existir – ao menos até o final do governo Belivaldo Chagas, em 2022.
Repito: a oposição está no seu papel. Só não deve apelar para baixarias. Tentar tumultuar a gestão Belivaldo, condenando-o definitivamente, mesmo sabendo que há como reverter a decisão do TRE, poderia até prejudicá-lo, mas prejudicaria bem mais os sergipanos. Já vimos que brigas espelhando pouca inteligência entre Jackson e Valadares não trouxeram nada de positivo para Sergipe. Tanto que o eleitor deixou ambos sem mandato. Não esqueçamos: hoje ou amanhã, Belivaldo vai para casa e já tem a vida resolvida. Trabalhar para impedir que ele tente contribuir para que os sergipanos tenham a mesma sorte é jogar contra o coletivo. E claro: um tiro no pé. É o coletivo quem tem o poder de voto. Se a ficha cair…