Por Joedson Telles
É fato que sequer existem candidatos oficiais ao governo do Estado de Sergipe, para as eleições de 2014. Inclusive por força da legislação eleitoral, que veta a chamada propaganda antecipada. É certo também que muita coisa pode acontecer até lá – sobretudo pelo fato de o estado de saúde do governador Marcelo Déda ter deixado este ano pré-eleitoral atípico. Entretanto, se quer mesmo levar adiante o seu projeto de entrar na disputa, se não abrirá mesmo nem para um trem, como disse, o governador em exercício Jackson Barreto precisa deslocar pedra por pedras. Inclusive rocha.
Nome fortíssimo para disputar o Senado Federal, em 2014, Déda, licenciado do cargo para guerrear contra um câncer de estômago, pode não reunir condições de percorrer o estado enfrentando o desgaste físico e emocional de praxe numa campanha. E, neste caso, o PT teria que encontrar o substituto em seus quadros, para não ficar de fora da chapa majoritária. Mais que isso, o PT precisaria provar que, sem Déda, tem como contribuir para o êxito do projeto. Essa indefinição, evidente, deixa o quadro eleitoral mais imprevisível ainda.
Certo mesmo, além da intenção de Jackson Barreto disputar o pleito é a sua necessidade de, antes, resolver problemas internos. Sabe-se da twittada do governador Marcelo Déda falando em decepção e, agora, da mágoa do ex-secretário da Casa Civil, e homem forte do mesmo PMDB de JB, o ex-deputado Jorge Alberto, que, ironicamente, deu seu recado na rádio da família de Eduardo Amorim, onde chutou barraca, pau e tudo mais lamentando ter sido exonerado por JB. Aliás, na mesma entrevista não descartou aliança com desafetos de JB. Mas há outras insatisfações. Não como diria o grande Zé Ramalho, “meros devaneios tolos a torturar”. Mas concretamente a típica revolta silenciosa de alguns aliados que estariam perdendo espaços. E JB tem que saber administrar tudo. Começar a remover cada pedra, agora, se quiser mesmo ter chances reais de vitória, em 2014.
A esta altura do campeonato, as apostas são no sentido de o governador Marcelo Déda, que deve reassumir o governo, não pensar em se afastar mais, possibilitando a JB disputar a reeleição com a vantagem de estar no cargo, entre outras coisas, pela força da caneta e pelas inaugurações de praxe. Em se confirmando, que montanha…
Além disso, a twittada de Déda colocou um elefante atrás da orelha esquerda dos que respiram política em Sergipe: Marcelo Déda Chagas, governador de Sergipe, eleito duas vezes no primeiro turno, acataria não apenas a nomeação de Roberto Bispo à sua revelia, mas também outras medidas adotadas por JB na sua ausência ou, valendo-se do vocábulo coerência com a chamada “twittada da decepção”, desmancharia tudo, mesmo sendo um tiro no projeto JB 2014? E se for este o cardápio, como JB fará para digerir, removendo essa rocha?
E se Déda condicionar seu afastamento e apoio não apenas à presença do PT na majoritária, mas também ao descarte de João Alves, Machado e demais aliados do DEM por parte de Jackson Barreto? E agora José? Quer dizer, JB? Seguraria o apoio de Déda e do PT, mesmo enfrentando João nas urnas diretamente ou indo para a disputa contra Eduardo Amorim, este tendo João no palanque? E se JB optar por João e o PT fizer aliança com o PSC, pedindo o Senado, e levando, de quebra, o PSB para disputar a vice? Não há este impedimento em Brasília, como bem disse o petista Silvio Santos no brega, quer dizer no cabaré.
Ao contrário do que se vela por aí, sobretudo em Déda voltando e não se afastando mais, não é nada fácil a vida de JB neste instante. Continuo entendendo que Jackson precisa se cercar de pessoas que reconheçam o que ele já fez por vários políticos em Sergipe e que tenham o espírito de gratidão. Vistam a sua camisa dispostas a lutar pelo projeto. São estas pessoas, e não bajuladores e vassalos que só atrapalham quando abrem a boca, que podem lhe socorrer na árdua missão de remover as pedras que estão a travar seu caminho. E haja disposição.