Por Joedson Telles
O ano que bate à porta dará carona a mais um pleito eleitoral. Prefeitos e vereadores dos municípios brasileiros serão eleitos – ou reeleitos, em 2020. Avise aos desavisados, caro leitor: cinicamente, viciados na velha política intensificarão a divulgação de pesquisas, apontando a preferência – e rejeição – de políticos a 3 x 4. Uma conhecida desfaçatez reprovada, de pronto, por aqueles que conseguem pensar. Aliás, passa da hora de ser proibida a divulgação de pesquisa. O instrumento deve servir apenas para o chamado consumo interno. E o argumento incontestável é simples: são pesquisas para ludibriar otários.
E tem mais: quando feitas de forma açodada, tais pesquisas são falsas. Evidente que, a depender do instituto que faz o trabalho, são números reais. Expressam a opinião dos eleitores. Não se discute isso. O problema, e não soa novidade para a maioria, acredito, é que dada a distância pesquisa x pleito, a ausência das alianças – o famoso quem está com quem -, as campanhas nas ruas com suas intrínsecas promessas, fatos decisivos que acontecerão até o pleito temos pesquisas irreais sendo divulgadas.
Se há casos de eleitor que mudou o voto de cara com a urna, segundos antes da votação, como levar a sério uma pesquisa feita meses antes do dia da eleição sem sequer haver a certeza das candidaturas colocadas?
Inesquecível a eleição que as pesquisas apontavam o ex-senador Valadares com mais de 40% das intenções de voto, o saudoso Marcelo Déda lá em baixo, numa disputa pela Prefeitura de Aracaju, em 2000, e as urnas deram a Déda no primeiro turno.
Paradoxalmente, quem encomenda e divulga pesquisa açodada tem conhecimento pleno desta realidade nociva ao eleitor. Entretanto, livre de uma lei que proíba a safadeza, segue apostando no embrutecimento de quem decide o voto, não pelas qualidades – ou supostas qualidades – do candidato a se apresentar no momento oportuno, mas, como se fosse corrida de cavalo, optando pela dianteira.
O eleitor quer, obviamente, os melhores políticos ocupando os cargos públicos e dando respostas positivas às demandas. Mas, lamentavelmente, uma considerável fatia dos que decidem democraticamente quem ocupará tais espaços ainda alimenta a nefasta cultura que votar certo é, necessariamente, votar em quem vencerá a eleição.
Provavelmente, os leitores que fitam estas letras, neste instante, não apenas tenham discernimento prévio do tema como também comunguem do mesmo juízo: é preciso proibir o uso de pesquisa para enganar e conquistar voto. A maioria, infelizmente, não tem como apresentar um Projeto de Lei propondo a moralização. No entanto, temos o dever cidadão de não apenas cobrar dos nossos representante no Legislativo a solução, mas também conscientizar o maior número possível de pessoas.
Nesta guerra seriedade x pesquisas para enganar, o trabalho de formiguinha se apresenta como solução. Ninguém pode usar como desculpa a falta de um mandato para não lutar em prol do bem. Basta se manifestar pela conscientização – na mídia, nas redes sociais, nas rodas de amigos…