Por Joedson Telles
Neste fim de semana de Páscoa, o senador Valadares voltou às redes sociais para denunciar que há prefeitos de municípios sergipanos sendo assediados para se filiar a uma determinada sigla partidária em troca de oferta de verbas oriundas do Governo Federal. O senador grafa “governo Temer”. E sentencia: “pode caracterizar crime de tráfico de influência (CP, art 332)”.
“Obtidas as provas, iremos ao MPF (Ministério Público Federal) denunciar essa tentativa de atrair partidos com dinheiro público”, avisa o senador, sem sentir a necessidade de citar o nome do mentor intelectual da engenharia.
“A todo vapor plano de cooptação de lideranças e partidos políticos em Sergipe com promessas de liberação de recursos púbicos. Mesmos métodos utilizados na Câmara dos Deputados para livrar Temer das duas investigações abertas pelo STF, a pedido do MPF”, escreve Valadares.
Aí eu indago ao internauta, não sem antes locar a paciência dos versados botões mais uma vez: há como um jornalista tropeçar numa informação desta – cuja fonte é um senador da República – e dar de ombros? Eu mesmo respondo: jamais. Registre-se e permaneça-se aberto ao contraditório.
Apesar da obviedade jornalística, não surpreende, contudo, se “ofendidos” com a devida repercussão na mídia reagirem usando também uma rede social para demonstrar insatisfação.
Tudo dentro da perfeita democracia, desde que não seja como de praxe, quando usam da obsoleta tática de permutar argumentos convincentes para derrubar a denúncia por ofensas e insinuações chulas e, gritantemente, sem as devidas provas que precisam acompanhar sempre qualquer acusação.
A política de Sergipe, aliás, precisa amadurecer. Respeitar o trabalho da imprensa. Os atores têm a obrigação de assumir suas ações e aceitar as consequências. Não gostam de ocupar todos os espaços possíveis, quando julgam ter uma informação positiva a faturar? Onde reside a coerência para respeitar quando estes mesmos espaços são ocupados por adversários políticos?
Se fatos ventilados incomodam, salutar – e até obrigatório – que se argumente consistentemente tentando persuadir do contrário. Prove-se que adversários não usam da verdade e, por tabela, se promova o desgaste consequente. Até a desmoralização a depender do caso. Busque-se a Justiça se necessário.
Entretanto, insinuando que jornalistas agem de forma parcial, que têm preferência política – seja lá por qual motivo – sem revelar nomes e oferecer provas irrefutáveis só agrava o problema. Ratifica que as notícias não podem ser desconstruídas por serem verazes. E, logo, jamais podem ser censuradas.