Eduardo Amorim assegura: escuta todos, mas é ele quem decide
Por Joedson Telles
Pré-candidato ao Governo do Estado, o senador Eduardo Amorim (PSDB) observando que “muitos confundem humildade com falta de liderança”, assegura que a condução do projeto 2018 é dele e não negocia isso com ninguém. “Quando fizemos o anúncio (da pré-candidatura) no PSDB foi também para dizer que a condução é do meu jeito. Da minha forma… Eu só faço o que minha consciência manda. Escuto amigos, minha esposa, família… Acho que temos que ouvir, mas o ato de agir é meu. E não abro de jeito nenhum. Que Deus só me dê se for pra fazer desse jeito”, diz o senador. A entrevista:
O que Sergipe pode esperar da sua pré-candidatura ao Governo do Estado?
Uma esperança gigantesca, um desejo enorme, uma determinação muito grande de ver a minha terra, meu povo, ter um destino muito melhor. Sergipe não pode estar sofrendo como nós estamos sofrendo. Infelizmente, nos tornamos um mau exemplo em muitos indicadores. Um governo que faliu o estado e está nos conduzindo para o fundo do poço. Esperamos resgatar a auto-estima e trazer a esperança é a certeza de dias melhores. Como dizia Santo Agostinho, a esperança tem duas filhas: a indignação, que acho que todos os sergipanos estão. É muito tapa na cara que estão dando no povo. O centro de nefrologia é o símbolo desse descaso, desse mau caminho que estamos seguindo. Quem é renal crônico sofre. A outra filha é a coragem para andar. Sem ela a esperança não existe. Podem esperar muita vontade, muito desejo de ver um Sergipe diferente, mais digno e justo, sobretudo para os que mais precisam. Isso que me mobiliza. Não gosto de me adjetivar, mas estou preparado e muito consciente. Sou um sonhador, mas com os pés no chão.
O senhor é um crítico do atual governo. Percebe diferença com o comandado de Belivaldo Chagas?
Pra mim é a mesma coisa, até porque ele participou dos últimos governos. Sempre esteve na sala ao lado, e, quando o governador viajava, ele assumia. Se hoje ele está visitando os hospitais, por que não foi antes? Desconhecia essa realidade? Isso é continuidade.
Mas não tinha a caneta…
Como ele não tinha a caneta, se quando o governador viajava, ele ficava por um mês? Quem assinava a nomeação de cargos comissionados? Por que não foi aos hospitais naquele período? Não tem desculpa.
Em se tratando de amadurecimento, qual a principal diferença do pré-candidato Eduardo Amorim de hoje para o candidato a governador da eleição 2014?
Eu acho que a vida é uma continuidade. E eu confesso que na minha história sempre fui um sujeito muito focado. Procurei sempre aprender com no máximo uma lição só. Apanhar duas vezes já não é tão inteligente assim. Em 2014 pregamos a verdade. Há alguns dias, alguém me mostrou um vídeo de uma fala nossa de um programa eleitoral de 2014. Parecia ser hoje. O diagnóstico se encaixava nos dias de hoje. Eu confesso que fiquei impressionado só ver que disse aquilo há quatro anos. Naquele período, era o que eu achava. Eu só posso tratar um paciente se o diagnóstico tiver certo. Se eu errar no diagnóstico, ajudo, às vezes, até a antecipar a morte do paciente. O próprio anuário da universidade mostrou coisas que a gente disse. Naquela época, eu estava olhando o futuro é hoje eu vivi no presente. O cansaço físico eu deixo de lado. Nem penso nisso. Saio de casa cedo e volto de madrugada. Eu, realmente, assumi a condução desse nosso destino. Quando fizemos o anúncio (da pré-candidatura) no PSDB foi também para dizer que a condução é do meu jeito. Da minha forma. Os ensinamentos vêm desde as formas de se expressar. Por isso fui estudar, aprender mais ainda, sempre busquei enfrentar meus desafios me qualificando. Antes do predicado gostar, eu vou buscar. Sentar num banco de uma faculdade não é fácil, sacrificando o lazer, a família… Eu estou focado.
Quando o senhor diz que a condução é sua, a frase serve externamente, mas internamente também?
Eu não negocio isso. Muitos confundem humildade com falta de liderança. Todo bom general ou líder tinha que ter duas grandes características, para depois partir e buscar outras. A primeira era que, como antes de líder é um soldado, deve ser humilde. Respeitar para ser respeitado. O segundo é que, à medida que ele se prepara, ele busca o poder de decisão. As pessoas pensam que liderar tem que ser a ferro e fogo, com revólver. Isso é um líder fraco. O líder forte lidera com a palavra porque um dia que o liderado puder se livrar de quem está com o cassetete na mão, ele vai embora.
Num possível governo seu, o senhor governará com aliados, óbvio, mas nenhum vai governar em seu lugar. É isso?
Eu só faço o que minha consciência manda. Escuto amigos, minha esposa, família. Acho que temos que ouvir, mas o ato de agir é meu. E não abro de jeito nenhum. O exemplo mais recente disso foi a Reforma Trabalhista. Eu almoço diariamente com vários amigos empresários, mas agi com a minha consciência. Que Deus só me dê se for pra fazer desse jeito. Não abro mão dos princípios que eu adotei. São eles que comandam a minha contração muscular. Por isso que eu digo que é só meu jeito.
O senhor pôde escolher permanecer no grupo ou mudar com o senador Valadares. O que o levou a decidir pela permanência?
Eu estou onde eu sempre estive. Defendo o que sempre defendi. Coerência é um termo muito esquecido, sobretudo, no mundo político. O grupo de Valadares, em 2014, ajudou a eleger o atual governo. É verdade que, em 2016, se arrependeu. Minha caminhada é linear. Mostra que a gente tem uma firmeza. Até o próprio senador Valadares se arrependeu. Ele que indicou o vice, que hoje é governador. É cria dele. Eu lutei contra tudo isso e apanhei muito. Cheguei firme na reta final porque falei a verdade. Eu não me arrependi porque lutei contra a mentira, que venceu. Quando a mentira vence, o que bate na porta é o sofrimento nas duas diversas formas. Sergipe tem 400 pacientes na fila de cirurgia cardíaca e esses pacientes serem chamados para ir pra casa como aconteceu? Sergipe já foi uma das maiores referências no Brasil e no mundo de cirurgia cardíaca. Eu mesmo já participei do primeiro transplante, vi paciente sair do centro cirúrgico com dois corações. Então, não é por falta de qualificação dos nossos médicos. É por falta de gestão. Quanto ao grupo, eu pensei que a aliança fosse durar mais porque, se eu soubesse que seria só para uma campanha, eu não teria feito. Eles se demonstravam arrependidos com o governo que ajudaram a eleger. Depois resolveram seguir outro caminho, e aí vem a decepção.
Como o senhor avalia o argumento de não querer carregar o peso que André Moura tem por ser ligado a Temer?
André tem ajudado muito a Sergipe, trazendo investimentos. Onde o Governo do Estado está tendo uma ação assim robusta? A Prefeitura de Aracaju tem um prefeito que não é justo aliado, mas vai ter até forró nos bairros. André tem ajudado a carrear esses recursos e ajudar todos os municípios, sem exceção. Agora mesmo todos os municípios estão recebendo recursos para a saúde. Cada um escolhe o que quiser defender. Valadares também defendeu Jackson.
Mas também existem as dificuldades por ser aliado de Temer, não?
Cada um é cada um. Os adversários podem ligar Temer a mim, mas a mentira não vai prevalecer. Sempre vão ligar. Assim como falaram até de minha família porque não acham pedras para atacar e vai para outros caminhos, muitas vezes até caluniosos. Eu estou preparado para defesa necessária custe o que custar. Fui contra a reforma trabalhista e previdenciária. Sou a favor de uma reforma tributária. Depois faz os outros dois ajustes. A cada três litros de combustível, um é do governo. Ele é o sócio do seu carro. Eu não acho justo. Se eu tivesse a oportunidade de ser governador, eu criaria o conselho de custo. Toda compra do estado vai passar pela qualificação. Quem tem uma carreta e ela pega mil litros de combustível ele vai comprar onde é mais barato. Sergipe tem um limite territorial rodoviário de 300 km. Atravessa isso tranquilo. Ao invés de comprar combustível aqui o caminhoneiro compra em outro estado onde o ICMS poderá ser mais barato. Deixa de atrair investimentos. É o que acontece com a questão dos nossos voos. Nossa malha aérea é muito curta ainda. É a ganância de cobrar das empresas e elas não vêm porque é muito caro. Nossas dúvidas estão desguarnecidas. Nossos postos fiscais estão sucateados.
O eleitor vai exigir um candidato ficha limpa, concorda?
Eu acho que o eleitor vai estar mais consciente e preparado no sentido de saber que voto não tem preço, tem consequência. A Justiça pode contribuir, como tem contribuído, limpando um pouco esse cenário, mas o maior filtro é o eleitor. Para eu ter um mandato depende de eu querer e do querer de milhares de pessoas que confiam no que eu digo. Voto é consequência para o bem ou para o mal. Veja o que estamos vivendo em Sergipe e no Brasil. Como vivemos na democracia, ela dá oportunidade para corrigir seu rumo. Se determinado político te enganou, quatro anos depois é dada a resposta. Tenho certeza que o povo brasileiro vai dar essa resposta agora.