Por Joedson Telles
A exclusão dos candidatos Iran Barbosa e Ângela Melo da propaganda no rádio e na TV não é novidade em praias sergipanas. O então candidato a deputado federal Mendonça Prado viveu experiência idêntica. Ele e sua música inesquecível (Mendonça Prado é o 2510…) também foram impedidos de surfar. A animosidade com o então candidato a governador Eduardo Amorim pesou. Mendonça acabou isolado, e Iran e Ângela, ao que tudo indica, terão destino idêntico em nome da coerência.
Difícil é responder com precisão – e sem risco de cometer injustiça – quem está certo, já que ambos – proporcionais e majoritários – têm lá seus motivos.
No caso de Iran e Ângela, há como pano de fundo, principalmente, o sentimento da base eleitoral. Dito de outra forma: os candidatos são ligados ao Sintese e seriam incoerentes e, evidente, correriam o risco de contrariar os professores se, depois de tantas críticas às gestões Jackson Barreto e Belivaldo Chagas, metessem a cara na TV pedindo votos para eles. O político esquece incoerência o eleitor nem sempre.
O problema é quando se leva em conta que o PT sempre ocupou cargos nos governos Jackson e Belivaldo, e os petistas Eliane Aquino e Rogério Carvalho são candidatos na chapa majoritária em questão. Como pode uma chapa formada por quatro políticos, dois deles petistas, e candidatos proporcionais petistas se furtarem ajudar a eleger?
É bíblico: ninguém pode servir a dois senhores. E, assim, explica-se a opção dos candidatos Iran e Ângela pela coerência. Aliás, o presidente da CUT, o professor Dudu, que faz parte da mesma corrente petista que Iran e Ângela, sempre foi voz vencida dentro do PT, ao apelar para que o partido entregasse os cargos a Jackson e, posteriormente, a Belivaldo. Minoria, a Articulação de Esquerda ficou falando sozinha – inclusive através a deputada Ana Lúcia, digo, Ana Lula e do vereador Iran no Legislativo.
Pode-se chegar à conclusão que os membros da Articulação de Esquerda deveriam, então, respeitar a maioria: aceitar as decisões ou deixar o partido, fundando outra sigla ou buscando uma com ideias afins. Mas se isso acontecesse não seria o PT. Além disso, há a história de cada um na legenda. A ideologia.
O partido mudou ao chegar poder? Muito. Alguns membros se meteram em corrupção? O mundo sabe disso. Há companheiros que defendem e fazem aliança com partidos ideologicamente distintos? Está cristalino. Apostam no projeto do poder em detrimento ao social? Sim. Mas os que formam a Articulação de Esquerda estão onde sempre estiveram. As bandeiras são as mesmas.
Atrasados? Utópicos? Depende da ótica de cada um. Mas coerentes. Fichas limpas. E exemplos de amor a causa sempre que lutam pelo que acreditam ser o melhor para o PT. Para a classe trabalhadora, que defendem seja na CUT, no Sintese, nas tribunas do Poder Legislativo ou nas ruas nas inúmeras manifestações que já encabeçaram em prol da justiça social.