Por Joedson Telles
“Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem” – Salmos 103: 13 (NVI).
A analogia do criador com a paternidade é desfigurada se carrega em si apenas o zelo, o cuidado, a preocupação – até mesmo o amor. Todas estas coisas são importantes, mas o salmista Davi parece ir mais longe; e o sentido é bíblico: lembrar que Deus, de fato, é pai adotivo dos que o temem, a saber, os escolhidos em Cristo Jesus (Efésios: 1,5). Os arrependidos, perdoados e regenerados. Os que vivem em harmonia com a Sua vontade revelada nas Escrituras. Os que nutrem a consciência lúcida de que, sem Cristo, qualquer um não passa de uma criatura rebelde perdida nos seus próprios entendimentos – sempre pecaminosos. Caminha, assim, para perecer.
O substantivo feminino compaixão, usado na construção da frase, convida a refletir o que desperta a pena, piedade, dó, misericórdia, clemência, compadecimento… que Deus tem pelos seus filhos.
De pronto, podemos afirmar, sem nenhuma dúvida, que o desvelo de Deus com Sua própria glória o faz, pelo livre conselho da Sua própria vontade, cuidar daqueles que têm prazer em reconhecer esta mesma glória. Mas, além disso, o amor de Deus por seus filhos motiva a compaixão.
Deus, mais do que qualquer um, conhece a fundo todos nós, e sabe onde estão as nossas fraquezas, angústias, aflições… Sabe como o pecado impossibilita a retidão que precisamos espelhar. Daí, Ele cuidar dos Seus, provendo todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais, inclusive várias que sequer imaginamos – como o livramento constante do terror noturno e da seta maligna que voa de dia.
Logo, precisamos fazer como o salmista, que, claramente, reconhece a graça – o favor imerecido – e é grato ao Senhor. A ingratidão não reside no coração quebrantado daquele que tem uma experiência com a verdadeira regeneração. “Bendiga ao Senhor a minha alma! Bendiga ao Senhor todo o meu ser! Bendiga ao Senhor a minha alma! Não esqueça de nenhuma de suas bênçãos” (Salmos 103: 1,2). Eis o tom dos nascidos de novo nas palavras de Davi.
Ao comentar essa passagem, o teólogo reformador João Calvino salienta que “o Espírito Santo, por meio de sua boca (Davi), indiretamente nos refreia de nos considerarmos como sendo mais diligentes em louvar a Deus, e ao mesmo tempo põe em realce o remédio, para que cada pessoa se compenetre e corrija sua própria apatia”.
Se o leitor não se encaixa neste perfil piedoso, não reconhece sua total dependência da graça de Deus, da urgente necessidade da salvação que só Cristo pode assegurar, o aconselho a não perder nem mais um só segundo. Faça uma oração a Deus, em nome de Jesus, demonstrando arrependimento dos pecados e o sincero desejo de ser mais um discípulo de Cristo, caminhando à luz das Escrituras, de mãos dadas com o Espírito Santo. Faça isso, agora. Não há muito tempo. Essa vida é frágil e curta; e depois da morte vem o julgamento.
“A vida do homem é semelhante à relva; ele floresce como a flor do campo, que se vai quando sopra o vento e nem se sabe mais o lugar que ocupava” (v. 15,16, ênfase acrescentada).