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“Jackson como gestor é um fracassado”

“E a população do estado paga um preço alto”, diz Valadares Filho

Valadares Filho: Jackson não tem aptidão

Por Joedson Telles

O deputado federal Valadares Filho (PSB) afirma nesta entrevista que concedeu ao Universo, neste final de semana, que o governo Jackson Barreto é fatiado, sem norte e o pior: não tem a preocupação em melhorar. Segundo Valadares Filho, das entrevistas concedidas pelo governador, 90% têm conteúdo político e apenas 10% delas informações sobre a sua gestão, justamente, pelo fato de não ter o que falar. “Ele foca na política, tentando usar a força da caneta de governador do Estado para demonstrar que ainda tem uma grande influência. Infelizmente, é isso que vivemos hoje e a população do estado paga um preço alto”, lamenta Valadares Filho, definindo o gestor Jackson Barreto como um fracasso. “A gente não pode dizer que um homem público que chega ao governo é fracassado. Mas, enquanto gestor, sim. Jackson como gestor é um fracassado. As suas histórias de gestão são um fracasso, seja como prefeito de Aracaju, seja como governador de Sergipe. Ele não tem aptidão para o momento moderno que temos que ter para poder governar o Estado. Ele não tem a mentalidade de um João Dória, um ACM Neto, um Renan Filho… Ele não tem essa capacidade até pelos vícios acumulados durante anos de vida pública.” A entrevista:

Como o PSB avalia a posição do senador Valadares nas pesquisas para o Senado Federal. Ele lidera todas. Surpreende?

Não surpreende. O senador tem história, serviços prestados em nosso estado. Um mandato parlamentar muito atuante, e isso, sem dúvida, tem se refletido nas pesquisas. Somado também a um sentimento muito bonito que gerou na nossa eleição em Aracaju. Tivemos 49% dos votos válidos. Foi uma campanha muito bonita e que verbalizou o interior do estado. Não surpreende que o nome dele tenha aparecido muito bem por todos os aspectos que acabei de dizer.

Ele disputará mesmo mais uma reeleição ou pode tentar voltar a governar o Estado?

Ele, sem dúvida alguma, está muito à disposição dos sergipanos. Ele já disse que tem preferência em disputar a reeleição, mas pertencemos a um grupo político que tem o senador Amorim, o deputado André Moura, prefeitos, partidos aliados. Essa decisão deve ser em conjunto, por mais que ele tenha essa preferência. Vamos ouvir os partidos aliados. Ele tem pretensão de agir dessa forma, tem registrado isso em ocasiões e vamos fazer que possamos ter uma chapa competitiva no momento adequado para enfrentar as eleições.

Valadares Filho pode ser o candidato do grupo da oposição ao Governo do Estado?

É natural que a minha candidatura a deputado federal seja o caminho mais normal para que a gente possa se posicionar em relação ao pleito de 2018. Mas eu também estou à disposição do grupo e de Sergipe para qualquer outro desafio que a gente incorporar para o bem de Sergipe, mas nossa candidatura natural é para deputado federal.

O grupo tem se reunido, para tratar da eleição de 2018?

Temos conversado, trocado ideias… Mas nosso foco hoje é ajudar o estado – e nós que estamos em Brasília ajudar o Brasil que passa por dificuldades. Estamos discutindo muitas reformas esse ano, entre elas a trabalhista, que mexe com a vida dos brasileiros. Temos que trocar ideias, mas, nesse momento, o que a gente mais quer é mostrar que o grupo de oposição não é só organizado politicamente, mas organizado com os anseios da população. Um grupo que está procurando trazer benefícios para Sergipe, procurando ajudar nessa crise. Demonstrar que temos em nosso grupo homens públicos comprometidos com nossa gente.

Como avalia a ida de políticos, até então na oposição, para o grupo do governador Jackson Barreto?

Eu acredito que em política existem momentos. Esse é um momento que o governador, infelizmente, prioriza mais as questões políticas do que as questões administrativas. Eu tenho dito que Jackson transformou o Palácio do Governo num comitê eleitoral. Ele chega ao palácio pela manhã, mas, ao invés de despachar os problemas das pastas, ele pensa em cooptar políticos da oposição oferecendo coisas relacionadas a secretarias e cargos comissionados. Eu acredito que têm muitos homens públicos responsáveis que no momento que toma determinadas decisões fazem uma reflexão do que é melhor para Sergipe. Sergipe passa um caos administrativo jamais visto. Não temos um governo gerador de emprego, não temos um governo que possa melhorar os índices de segurança pública, não temos um governo que seja destaque na educação, que tenha prioridade com a área da saúde. Pelo contrário: é feita a política interna, e agora o novo secretário fazendo denúncia da própria gestão do governador. A gente não vê um governo que fez uma grande obra que melhorasse a vida dos sergipanos. É um governo sem marca. Por isso que a oposição aparece tão bem nas pesquisas, seja com o senador Valadares, seja com o senador Eduardo Amorim, justamente porque o povo sergipano está vendo no grupo de oposição uma esperança de mudar o que aí está. Tem gente que foi cooptada para integrar essa base do governo, mas, no próximo, ano fará uma reflexão do que é melhor para Sergipe e saberá que nosso grupo está comprometido com o estado.

Prefeitos?

Os prefeitos precisam governar. Da mesma forma que políticos e partidos fizeram suas opções, da mesma forma prefeitos farão uma reflexão no próximo ano de que estamos buscando o melhor projeto para Sergipe.

O ex-governador João Alves, certa feita, usou a expressam “mamem e votem”, num momento parecido com o de hoje, quando prefeitos aliados dele estavam aderindo ao governo do saudoso Marcelo Déda. Esse é o pensamento?

(Risos) Se você fizer uma reflexão sobre a eleição de 2010, João foi candidato a governador, Machado ao Senado, o vice foi o PPS com Nilson Lima, mas sem tanta bagagem eleitoral. Foi candidato praticamente sozinho, sem nenhuma estrutura e venceu a eleição em Aracaju. Foi a partir dali que ele se tornou um candidato forte na disputa pela prefeitura. Posteriormente, deu trabalho ao meu candidato, que era Marcelo Déda. Não me arrependo disso. Votei certo. Mas mesmo ele tendo um grupo extremamente esvaziado, a oposição, naquele momento com a candidatura dele, teve uma votação expressiva. Imagine agora que não temos uma oposição esvaziada? Temos uma oposição com deputados com força eleitoral, mandatos expressivos, como Georgeo Passos, Luciano Pimentel, pastor Antônio, Maria Mendonça… Temos na Câmara o nosso mandato, que tem tido o reconhecimento dos sergipanos, o deputado Adelson Barreto que tem mostrado correção no nosso grupo, tem base na periferia em municípios importantes no estado, o deputado André Moura, que é uma grande influência em Brasília para ajudar o estado e fortalecer o nosso grupo, os dois senadores muito bem em todas as pesquisas para governo e para o Senado. Temos prefeitos como Valmir de Itabaiana, Valmir de Lagarto, Gilson Andrade de Estância, Gracinha, em Graccho Cardoso… Temos um grupo fortalecido com serviços prestados ao estado e consistência eleitoral para disputar a eleição próximo ano.

A oposição pode buscar um entendimento para ter o apoio do ex-governador João Alves?

Não discutimos esse assunto ainda – até porque o que a gente tem percebido é que algumas lideranças do DEM tem se aproximado muito do Governo do Estado. A gente tem verificado algumas nomeações estranhas, e também o próprio comportamento da senadora Maria do Carmo, que respeito sua história, tenho um apreço pessoal por ela, mas, em relação à coordenação da bancada, ela demonstra afinidade com o governador. Essas questões de fortalecimento do nosso grupo de oposição terão o momento adequado.

A proximidade da senadora Maria do Carmo não seria com o deputado Laércio Oliveira?

O que os aliados do próprio governador disseram publicamente foi que ela atendeu a um pedido de Jackson. Mas isso pra mim é página virada. São coisas que não contribuem com o estado. Tanto o senador Valadares quanto o deputado Laércio são homens responsáveis que eu tenho certeza que vão fazer o entendimento com todos nós da bancada para que venha acontecer o melhor para Sergipe… A gente sente que há uma relação próxima da senadora com o governo, mas ainda está muito longe. Nós da oposição estaremos muito focados e mais na frente, no momento adequado, iremos debater.

Qual o preço que Sergipe acaba pagando com um governo tão fatiado?

O preço da gestão que estamos vendo hoje: um governo rejeitado por 75% da população sergipana. Um governador extremamente desgastado, vivendo pela primeira vez na história um caos no pagamento dos servidores públicos, parcelamento e atrasos, prejudicando funcionários que fazem com que o Estado toque seu dia a dia. A gente não vê um planejamento, nenhum objetivo do governador e sua equipe em relação a enfrentar os problemas relacionados ao nosso estado. A gente só vê más notícias. Infelizmente, o governador anuncia uma obra no interior e nunca é do governo dele: sempre obra do governo Marcelo Déda. Mais grave do que tudo isso é a falta de preocupação com isso. Você não vê uma unidade e um discurso firme com conteúdos básicos de gestão para resolver isso. A gente vê secretário de Saúde falando do próprio governo, vê secretário de Segurança Pública com muito boa vontade, mas não respaldo para fazer o trabalho que até tem intenção de fazer. O secretário de Educação com essa briga com o sindicato e não tem uma política pública de educação definida no estado. Tem uma Secretaria de Planejamento sem apetite ao trabalho, sem nenhum projeto de reorganização administrativa de Sergipe. A gente vê um governo fatiado, sem norte, sem a preocupação em melhorar, que se espremer as entrevistas do governador 90% fala de política e 10% da gestão, justamente porque não tem o que falar. Ele foca na política, tentando usar a força da caneta de governador do Estado para demonstrar que ainda tem uma grande influência. Infelizmente, é isso que vivemos hoje e a população do estado paga um preço alto por isso. Nosso próximo governador terá muitas dificuldades para administrar o estado porque a gente vive o caos administrativo justamente por fatiar a gestão.

Jackson Barreto, então, é um fracassado?

A gente não pode dizer que um homem público que chega ao governo é fracassado. Mas, enquanto gestor, sim. Jackson como gestor é um fracassado. As suas histórias de gestão são um fracasso, seja como prefeito de Aracaju, seja como governador de Sergipe. Ele não tem aptidão para o momento moderno que temos que ter para poder governar o Estado. Ele não tem a mentalidade de um João Dória, um ACM Neto, um Renan Filho… Ele não tem essa capacidade até pelos vícios acumulados durante anos de vida pública. Ele não conseguiu se modernizar para enxergar que é um novo mundo, que as práticas, por essa mudança de forma de governar, teriam que ser outras. Ele repete as mesmas práticas de sempre chamando prefeitos, e não se preocupando com a gestão, em conversar com o povo… A questão da seca, ele reclama do Governo Federal – e eu concordo que deveria ser mais parceiro -, mas qual o planejamento do governo de Sergipe? Qual a ação do governo no sertão sergipano? Tenta jogar a culpa para o Governo Federal, mas não tem um planejamento em relação a uma questão que sabemos que temos todos os anos, que é a seca. Eu creio que o homem público Jackson não é fracassado, mas o gestor sim. E pra Sergipe o que mais importa é o gestor para melhorar a vida das pessoas. Se administrar bem o resultado será bom para o estado.

Jackson Barreto honrará a palavra e não será candidato, em 2018?

Ele tem dito que não é candidato. Mas o que rola nos bastidores da política é que ele anda repensando. Eu cheguei a acreditar que ele não seria candidato, inclusive acho que ele pode não ser porque, pelo que conhecemos de Jackson, se continuar com alto índice de rejeição ele não será candidato. Por mais que com toda essa rejeição ele seja um candidato competitivo, ele terá muitas dificuldades. Como eu não vejo muito norte para o seu governo – porque ele não tem aptidão para isso – eu acredito que ele não será candidato.

A oposição já desceu do palanque, depois da eleição de Aracaju?

Já. Agora, a gente ganha eleição e acha que não deve ter oposição? Acha que deve mentir, fazer o que quiser, esquecer das promessas e a oposição ficar calada? Imagine minha responsabilidade por ser um jovem político, que já disputou a Prefeitura de Aracaju duas vezes, uma ligação muito forte com a cidade, na última eleição a cidade ficou dividida, e agora tenho que ficar calado? Pelo contrário. Essa é minha responsabilidade e não fugirei dela. Faremos o nosso papel. Eu não posso admitir a mentira do IPTU, da licitação do lixo, o parcelamento do servidor público, greve de médicos. Ele dizia que sabia lidar com sindicatos e a gente está vendo agora a greve dos médicos. São questões que cabem a mim e a oposição fiscalizarmos. Isso é um papel democrático. Farei isso com muita firmeza, muita consciência de que estou fazendo isso cumprindo com meu dever. Tudo que está acontecendo foi o que eu dizia durante a campanha. Temos uma equipe fragilizada, um prefeito que não enfrenta os problemas da cidade, o problema do lixo e você não vê a presença do prefeito, chamar uma coletiva e dizer qual o problema, que vai resolver. É Mendonça Prado falando em nome dele. Terminou João, que foi um governo pífio e, e começou Edvaldo. Qual foi a mudança em Aracaju? Qual a presença do prefeito que demonstrasse a sociedade que a coisa ia andar?

Existe uma vacina para, em 2018, enfrentar o marketing da desconstrução, que já derrotou candidatos da oposição nas duas últimas eleições?

Em 2014, tivemos um marketing muito competente quando éramos aliados do governador e sabemos que é uma característica do próprio Jackson fazer uma campanha muito agressiva, muito focada nas questões pessoais. Em Aracaju, eu digo e assumo toda responsabilidade que quis fazer diferente. Talvez para o resultado da eleição não tenha sido a decisão mais correta. Eu quis fazer uma campanha propositiva, sem rebater os adversários na forma que eles me atingiram porque eu estava preocupado em discutir por programas e projetos. Eu tomei a decisão que a campanha não iria baixar o nível. Disse: a cada calúnia que falarem de mim, eu darei em resposta uma proposta para melhoria de Aracaju. Posso deitar minha cabeça no travesseiro e dizer que fiz uma campanha limpa, mas não venci a eleição. Tudo na vida é uma aprendizagem. Essas duas eleições de 2014 e 2016 servirão muito para o fortalecimento da estratégia política da oposição no próximo ano.

Hoje, você faria diferente?

Talvez. Da mesma forma que eles mentiam sobre mim eu não iria mentir sobre eles. Eu iria falar a verdade em relação a eles. Acredito que como eu defendia muito a renovação, o novo jeito de administrar, eu não quis entrar nessa política atrasada, que, infelizmente, ainda dá resultado. Talvez, se eu tivesse oportunidade de voltar, iria dividir mais essas questões relacionadas a enfrentar as mentiras e calúnias, reservaria um tempo maior a essas atividades.

E essa tese que a senadora Maria do Carmo foi “plantada” num evento da sua campanha no Iate como avalia?

“Foi plantada” sem dúvida. Não estou dizendo que ela participou dessa conspiração. Pessoas que tinham outros interesses ligados ao Governo do Estado fizeram com que aquela situação acontecesse. Eles mentiram, ao dizer que eu tinha um acordo com João Alves. Foi uma falácia, a única estratégia que eles poderiam pegar que iria fazer com que eles se aproximassem da gente. Edvaldo já estava cansado, o governo desgastado e não tinham mais o que fazer. João estava muito desgastado, a sociedade de Aracaju queria se vingar de João e quando eles fizeram aquela ligação do seu possível apoio isso pegou parte significativa do eleitorado. Por mais que eu dissesse que aquilo não era verdade, que Edvaldo mentia, infelizmente, houve um evento e a esposa do prefeito estava lá com a foto. As pessoas também ficaram com esse evento na cabeça.

Ao negar o apoio de João Alves, não descartou o seu eleitor?

Eu não tinha. Tinha que falar a verdade para Aracaju. Eu jamais mudaria meu estilo de falar a verdade. Se eu voltasse atrás usaria parte do meu programa para mostrar a história dos meus adversários, mais do que fizemos. Mas não conseguiria mentir para os aracajuanos. Um homem público hoje que defenda que as coisas sejam transparentes não pode estar com os mesmos vícios.  Eu não podia menti, eu falei a verdade e o tempo demonstrou que eu estava falando a verdade.

Modificado em 19/03/2017 06:55

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