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Alessandro descarta “entregar o cofre de Aracaju a André Moura”

“A gente sabe a forma de atuação política que se dá aí, e não tem meu apoio”, justifica

Por Joedson Telles 

O senador Alessandro Vieira (MDB) antecipa, nesta entrevista que concede ao Universo, nesta terça-feira, dia 26, que descarta apoiar a pré-candidatura da deputada federal Yandra Moura (UB) à Prefeitura de Aracaju, em 2024. “Não há possibilidade de eu injetar minha energia, meu esforço, num projeto que entregue o cofre (da Prefeitura) de Aracaju para André Moura”, afirma Alessandro. O senador faz também um balanço do seu mandato, destaca ações e salienta a importância de apoiar a gestão Fábio Mitidieri (PSD) sem indicações para ocupar cargos comissionados. “Respeito quem faz, mas não tenho interesse, e isso me garante uma independência para poder colaborar de forma mais construtiva. Vejo muita gente dar tapinha nas costas, e nos bastidores, às vezes, atrapalha, não ajuda”, diz.

Qual o balanço que o senhor faz do seu mandato, em 2023?

2023 foi um ano de transição entre um governo muito mais à direita, que era o governo de Bolsonaro, para um governo mais progressista, que é o do presidente Lula, em sua terceira oportunidade como presidente da República. Essa transição gera, naturalmente, uma certa demora para os parlamentares terem o atendimento às demandas, já que o governo precisa primeiro se organizar. Apesar disso, Sergipe vem sendo bem contemplado. Vejo que o Governo Federal tem reconhecido a importância da bancada federal sergipana, e tem entregue recursos e emendas em valores compatíveis com o nosso estado. Ao mesmo tempo, continuamos nossa atuação como já vínhamos fazendo nos primeiros quatro anos, com transparência e eficiência, mas agora com mais experiência e mais qualidade no trabalho. Hoje, lidero a bancada federal sergipana em Brasília e, como coordenador da bancada, consigo apresentar projetos mais estruturantes para todo o estado de Sergipe. É uma marca que o nosso mandato vem deixando de muita transparência e honestidade no trato do dinheiro público e atendimento de todos os 75 municípios. E isso pode ser confirmado por cada cidadão, liderança, prefeito ou ex-prefeito. Tenho dialogado com todos, e procuro atender todas as demandas, oferecendo o melhor melhor para Sergipe.

Quais as principais ações do seu mandato?

Nosso mandato vem avançando nos três pilares que um bom parlamentar deve atuar: a produção legislativa, a entrega de emendas e recursos e a fiscalização. E temos avançado em todos esses aspectos. Nossas ações de fiscalização já impediram que mais de R$ 8 bilhões fossem roubados dos cofres públicos. Na produção legislativa, avançamos bastante. As mais recentes aprovações que nos dão muito orgulho são a relatoria de um pacote inteiro com relação a proteção à mulher e combate à violência doméstica; e a aprovação da nossa proposta que cria a política de atenção psicossocial nas escolas, que vai integrar vários eixos de atuação do governo para proteger crianças e adolescentes. Esse projeto simboliza uma marca do que eu tento fazer no trabalho no Senado e na política: identificar os problemas e apresentar soluções técnicas que já foram testadas em outros lugares, que correspondem àquilo que os cientistas e especialistas avaliam. Então no caso da violência nas escolas, é muito claro que é preciso cuidar do ambiente escolar como um todo, dos alunos, dos professores, da equipe técnica da escola, até chegar nas famílias. Essa obrigação é do Estado e está expressa na Constituição, mas infelizmente, muito daquilo que está no texto constitucional não é cumprido de verdade, então eu entrei com essa legislação, e esperamos que o presidente Lula faça a sanção completa do projeto para poder prestar efetivamente essa atenção. Se cuidarmos desse jovem, criança e adolescente, teremos uma sociedade muito mais segura e muito mais produtiva no futuro. Ainda no âmbito da produção legislativa, há o ‘Muda Cidades’, projeto inovador do nosso mandato. É uma metodologia inovadora e pioneira para a co-criação de propostas legislativas com jovens sergipanos. Na edição realizada em novembro, tivemos mais de 100 participantes de diversas localidades do estado que elaboraram cinco propostas legislativas que meu time está trabalhando para transformar em Propostas legislativas que começarão a tramitar em 2024. Com relação às emendas e investimento, já trouxemos mais de R$ 323 milhões para Sergipe que têm sido aplicados em projetos que vão desde um caminhão frigorífico, que viabiliza o transporte dos produtos da cooperativa de farinha de mandioca de Campo do Brito, até a requalificação da Rodovia dos Náufragos, passando pela reforma e construção de unidades de saúde, como o Hospital de Amor. 40% das nossas emendas são destinadas à cooperativas e organizações não governamentais por meio de um processo participativo reconhecido nacionalmente, o Edital de Emendas Participativas. Todos os recursos passam por um processo de diagnóstico da necessidade e impacto e posteriormente o monitoramento da sua implementação.
Essas ações por si, validam minha atuação como senador da República.

Qual a sua avaliação do Congresso Nacional em 2023? As pautas mais importantes para o coletivo tiverem a devida atenção?

É preciso separar Câmara e Senado em qualquer avaliação, pois possuem características muito distintas. A Câmara está cada vez mais cooptada pela gestão do orçamento e o trabalho do (presidente Arthur) Lira têm sido de manter essa dependência. O volume de parlamentares dificulta bastante o diálogo. No Senado, conseguimos ter diálogos e negociações de maior qualidade, mas, mesmo assim, ainda temos situações que ferem o regimento como 02 sabatinas relevantes ocorrendo juntas na Comissão de Constituição e Justiça. Apesar destas questões, conseguimos um feito histórico que foi aprovar a Reforma Tributária e tivemos algumas leis relevantes aprovadas como a Poupança para o Ensino Médio, a desoneração da folha que vai beneficiar 73 municípios sergipanos e um conjunto de leis que organizam as polícias no país.

O Brasil está melhor com o governo do presidente Lula, comparando à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro?

São modelos de gestão completamente diferentes, mas é importante ressaltar que o fato de existir mais diálogo interfere diretamente na implementação de políticas públicas. E, como citei, Sergipe vem sendo bem contemplado.

O senhor adota a postura de envolver a sociedade na destinação de emendas. Como avalia essa experiência?

Eu acredito que, se o recurso é público, a sociedade deve ter a oportunidade de contribuir com o processo decisório da sua implementação. Sou adepto do orçamento participativo e a metodologia criada pelo mandato tem inspirado outros parlamentares do Brasil. Além de criar um edital para receber as propostas, temos uma segunda etapa para votação popular de escolha dos projetos. Neste último ano, mais de 100 mil sergipanos participaram. A cada ano as organizações que inscrevem os projetos mobilizam suas redes para buscar a aprovação do projeto e a grande maioria nunca tinha tido acesso a um recurso público. Esse é um processo de participação política, mas também é pedagógico. A população passa a entender o que é uma emenda parlamentar, como – ela é destinada e como pode fiscalizar. Ao mesmo tempo, as organizações aprendem a gerir um recurso público que tem regras rígidas de uso e prestação de contas. Todos os envolvidos ganham e o nosso Estado passa a ter projetos de qualidade e alto impacto sendo implementados, beneficiando milhares de famílias.

Os prefeitos entendem essa sua opção?

No começo, muitos estranharam, mas hoje compreendem e já se organizam para fazer a inscrição dos projetos dentro do prazo. Muitos secretários, inclusive, elogiam a metodologia, pois ajudou a criar uma organização institucional para elaboração destes projetos.

O senhor é pré-candidato à reeleição?

O meu foco, neste momento, é apoiar as lideranças do nosso agrupamento nas eleições municipais. Mas sim, o plano é seguir trabalhando no Senado Federal.

O bloco governista tem muitos políticos que almejam o Senado. No entanto, serão apenas duas vagas, em 2026. Como resolver isso?

Temos ainda muito tempo, até 2026; e, quando chegar, toda e qualquer decisão será feita com muito diálogo.

Como avalia a gestão Fábio Mitidieri?

Tenho uma aliança firmada com o governador Fábio Mitidieri, desde o segundo turno da eleição de 2022 – na qual ele foi vitorioso -, e essa aliança permanece. É uma aliança traçada com muita clareza, com muita transparência. Não tenho indicação de cargo no governo, não tenho interesse nisso, não acho que seja esse o caminho. Respeito quem faz, mas não tenho interesse, e isso me garante uma independência para poder colaborar de forma mais construtiva. Vejo muita gente dar tapinha nas costas, e nos bastidores, às vezes, atrapalha, não ajuda. O governo de Fábio está no início, mas vem com muita energia. Resgatou um sentimento de esperança do sergipano, uma expectativa positiva, muitas obras anunciadas, muito serviço anunciado. Isso é bom para o estado. Eu tenho colaborado e o governador reconhece isso em todas as falas, me reconhece como o parlamentar que mais aporta recursos, que mais faz as parcerias funcionarem em Brasília, no exterior e aqui em Sergipe. No final das contas, passado o momento da eleição, a minha visão é que todo mundo tem que trabalhar para dar certo; a gente precisa de um Estado que dê certo, a gente precisa de um Estado que gere emprego, que gere renda, que garanta segurança, saúde, educação, e isso passa pela atuação integrada com o parlamento, e nós temos dado a nossa contribuição.

Qual a sua expectativa, quanto à eleição de Aracaju, em 2024?

Vou colaborar na construção de uma candidatura para Aracaju, mas dentro da questão de perfis, algumas coisas têm que ser colocadas com muita clareza. Quando se pergunta das possibilidades de composição para Aracaju, será muito bom se a gente puder fazer uma composição razoável entre os vários atores que hoje ocupam cargos importantes para ter um nome qualificado, mas algumas coisas têm que ser estabelecidas. Não há possibilidade de eu injetar minha energia, meu esforço, num projeto que entregue o cofre de Aracaju para André Moura, por exemplo. Tenho uma excelente relação com a deputada Yandra Moura, ela tem meu respeito, mas a gente sabe a forma de atuação política que se dá aí, e ela não tem meu apoio. Vamos ouvir, vamos dialogar, vamos construir alternativas, mas sempre com essa clareza, porque a clareza favorece o eleitor, no final das contas; senão fica parecendo que é tudo igual, que é tudo farinha do mesmo saco e uma das partes da missão que eu aceitei trilhar na política é mostrar justamente que nesse saco tem farinha de vários tipos. Não interessa se pessoalmente para mim é bom ou se para o meu grupo político vai ser bom, interessa se é bom para o povo, e se já foi testado e mostrado que tem gente que, quando chega ao cofre público, só faz se aproveitar. Não pode ter meu apoio, não há a menor possibilidade. Então, acho que a construção pode ser feita; nós temos muitos nomes, isso tem tempo para ser feito. Mas repito: com clareza e respeito ao cidadão.

Modificado em 26/12/2023 07:03

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