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Temer destrói a governabilidade. Nem precisa de impeachment. O governo acabou

Por Joedson Telles

Com ou sem provas das acusações que estão sendo feitas, o presidente Michel Temer perdeu as condições morais necessárias a garantir a governabilidade e antecipou o fim do governo que jamais foi seu (chegou na carona do PT e assumiu numa coalizão com facas no pescoço). Está óbvio o fim. Inclusive quando se assiste aos tripulantes deixando o navio às pressas. Alguns sequer levam pertences rumo à oposição dentro ou fora do Poder Legislativo.

Ser próximo de Temer, neste instante, representa fornecer a caneta cheia de tinta para os adversários escreverem o discurso em 2018. Lembram aquela história de marketing do mal? Pois bem. Não nasce do nada no meio de uma campanha eleitoral, mas em momentos como este para ser ferramenta letal no “momento certo”. Até imagino a cena: “Você é aliado de Temer”…

Sabem porque o PT fez tanta questão de massificar essa história de “golpe, golpista”? Alguma dúvida que os petistas vão abusar dessa história nas eleições?

Todavia, o governo Temer termina antes de acabar não porque o PT e seguidores estão alucinados para antecipar a eleição presidencial, apostando nas pesquisas que colocam Lula lá outra vez. Tampouco porque partidos radicais contra tudo e todos protocolaram pedido de impeachment. Até porque fazem isso sempre. Trivial.  Nem Deus agrada certas legendas.

Um bando de baderneiros encapuzados sempre pronto a ocupar as ruas, ainda que machuque pessoas e depredem a granel, jamais derrubaria o presidente Temer. A mídia, que quando séria, mostra e explica os fatos sem tentar enganar a sociedade idem. A parte sensacionalista sequer tem credibilidade. Ministério Público, Polícia Federal, Poder Judiciário. Todos agem à luz dos fatos existentes em coerência com a lei. Não engendram nada que possa derrubar um presidente da República.  Seria o apocalipse.

Afunilando ainda mais, engana-se também quem pensa que Temer só vai à guilhotina se comprovado que deu seu aval para que um dinheirão – fala-se em R$ 500 mil – fosse dado como propina pelo silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, hoje um presidiário, Eduardo Cunha.

Temer caiu, ao menos é o que as pessoas sérias deste país acreditam, porque não há advogado bom, ao menos quando acareado com um julgamento sério, que justifique o silêncio de um presidente da República diante da confissão do crime cometido pelo empresário Joesley Batista. Prevaricação é o verbete.

Aí eu indago: o que motivou o presidente Temer a não tomar as providências que o cargo, a moralidade, a ética, a cidadania, o republicanismo e, sobretudo, o sentimento dos brasileiros, em sua maioria esmagadora, obrigam? Imploram? Gritam?

Que o silêncio é cúmplice está óbvio. Mas o que explica Temer passar por cima de tudo e se calar? Envolvimento até o pescoço com o que é criminoso também? Presa fácil na Lava Jato? Participação não direta nas ações reprováveis, mas parceiro indireto pelo fato de ter ciência e optar pela omissão? Outro motivo que só o próprio Temer pode explicar?

Seja lá como for, aguardemos o momento do sepultamento deste governo. O corpo está sendo embalsamado, neste instante. Ressalve-se, contudo: é pouco provável, mas no país das arrumações, do “não sei de nada”, do jeitinho, da curta memória do povo, não soa impossível o milagre da ressurreição.

Modificado em 19/05/2017 12:36

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