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Se a direita não se unir em torno de um nome perde a eleição em Aracaju

Entendimento é do presidente do DEM, o ex-deputado José Carlos Machado

Por Joedson Telles 

O presidente do DEM em Sergipe, o ex-deputado federal José Carlos Machado, está convencido que, se os partidos de direita não se unirem em torno de uma única pré-candidatura a prefeito de Aracaju, os nomes apresentados até o momento terão muitas dificuldade para vencer o pleito. “Temos que entrar num entendimento e apresentar uma candidatura única. Quando eu coloco isso para os presidentes dos partidos, de forma individual, todos concordam. Se formos só corremos o risco desse segmento de centro-direita não chegar ao segundo turno. Alguns alegam que 37% do eleitorado de Aracaju pode votar em um candidato indicado por Bolsonaro. Difícil é saber quem é o candidato indicado por ele”, disse Machado.

Como está o DEM no momento atual do processo eleitoral?

Eu vou fazer um histórico das eleições em Aracaju. Nunca se discutiu esse debate de ideologia nesse país. Até, 2017, num país com um eleitorado considerado conservador, nenhum partido se via como de direita. Por muito, dizia que era de centro. Enquanto isso, todos os partidos que se dizem com ideologia ou postura de esquerda eram de esquerda. Aqui em Aracaju, desde 1985, na primeira eleição após a redemocratização, a esquerda ganhou todas as eleições com exceção da eleição de 2012 que foi ganha por João Alves, político tido como de centro direita, na nossa análise de hoje. Eu conheci um político em Sergipe que se dizia de direita: Djenal Tavares de Queiroz. Ele não escondia suas posturas de político de direita. Em Brasília, também conheci um político que se dizia de direita: Ronaldo Caiado. Essa discussão de direita e esquerda aflorou com a candidatura de Bolsonaro e acirrou mais ainda com a eleição dele. A esquerda teve uma vez que mesmo dividida ganhou a eleição em Aracaju. A esquerda se dividiu quando começou a ascensão do Partido dos Trabalhadores. Antes a esquerda era representada em Sergipe, quase na sua totalidade, pelo agrupamento de Jackson Barreto. Isso quando começou a ascensão do PT e teve uma eleição que saíram candidatos Ismael Silva e João Gama. Mesmo divididos ganharam a eleição contra Luís Garibalde e Maria do Carmo. Eu penso, hoje, que a esquerda está dividida. O PT saiu do agrupamento de Edvaldo.

E qual o peso dessa separação?

Na minha avaliação, isso significa muito. Se num passado distante a esquerda tinha como ícone Jackson Barreto, depois da eleição de Marcelo Déda para prefeito, a referência da esquerda em Aracaju passou a ser o PT. O agrupamento de Jackson, num passado recente, era a referência em Aracaju. A esquerda representada pelo agrupamento de Marcelo Déda hoje está dividida. Acredito que vai se dividir mais. A provável candidatura de Henri Clay Andrade pode ser mais uma divisão da esquerda em Sergipe. A esquerda dividida tem lá em torno de Edvaldo setores que representam a direita ou a centro-direita. Estão ao lado dele o PP, o PSD, o PSC, todos do centrão. Essa linha ideológica identificada como centro-direita tem vários pré-candidatos. O agrupamento de Danielle Garcia, pra mim, é de centro-esquerda. Valadares, que é do PSB, está lá. Aí vem várias pré-candidaturas postas por partidos que são rotulados de centro-direita: Georlize Teles, do Democratas, Pastor Jony, do Republicanos, Paulo Márcio, que representa o Democracia Cristã, Rodrigo Valadares, pelo PTB, e Zezinho Sobral, que hoje já se coloca como pré-candidato pelo Podemos. Lúcio Flávio também hoje tem um pensamento liberal, de centro- direita. Temos que entrar num entendimento e apresentar uma candidatura única. Quando eu coloco isso para os presidentes dos partidos, de forma individual, todos concordam. Se formos só corremos o risco desse segmento de centro-direita não chegar ao segundo turno. Alguns alegam que 37% do eleitorado de Aracaju pode votar em um candidato indicado por Bolsonaro. Difícil é saber quem é o candidato indicado por ele. Os responsáveis pela comunicação do Palácio do Planalto dizem que a intenção do presidente é não se meter em eleições nas capitais. Pelo menos no primeiro turno. Temos algumas pré-candidaturas identificadas como partidos de centro, de direita ou de centro-direita.

Nas conversas, o senhor sente receptividade?

Eu só não tive conversa individuais com o PTB e nem com o Democracia Cristã, mas setores do meu partido já conversaram com Rodrigo e com Paulo Márcio. Com a tese, todos concordam. Se você identificar o eleitorado de Bolsonaro com os de centro-direita dá 30%. Mas o risco é que pode dividir esses 30% para cinco. Se a divisão for igual, é uma tragédia. Se não for, não adianta também. Temos que ter uma candidatura que entusiasme o eleitorado e que nos dê possibilidade de chegar ao segundo turno.

O que definiria esse candidato?

Aí é onde está a dificuldade porque partido não apresenta pré-candidato a vice. Entre todos esses nome fortes, qual o partido que tem um legado em defesa de teses, que se aproxime mais da linha ideológica de centro-direita? É o Democratas. O ex-Partido da Frente Liberal, que tem como pré-candidata a Georlize. Eu pensei que fosse mais fácil, mas nesse atual momento eu cheguei a conclusão que é difícil convencer. Georlize é uma figura extraordinária. Sabe quem foi o partido em Sergipe que nunca fez aliança com a esquerda e com o PT? Foi o PFL, hoje Democratas. Georlize tem uma passagem significante pelo serviço público. Onde ela passou ela fez um trabalho extraordinário. Foi a primeira mulher secretária de Segurança Pública de Sergipe. Recentemente, nessa última administração de João Alves, ela fez um trabalho extraordinário como secretária dele. Ela deu uma nova vida a Guarda Municipal. O trabalho realizado pela Guarda chegou a causar inveja em setores ligados à segurança pública em Sergipe. Ela tem uma disposição para o trabalho e defende com muito tesão o legado de João Alves. Agora, não tem necessariamente que ser ela. Prove que eu estou errado e vamos conversar. Corremos o risco de sair com três ou quatro candidatos de centro e não chegarmos a lugar nenhum. Aí vão dois candidatos de esquerda para o segundo turno.

Existe esse desentendimento e o relógio está caminhando, não é mesmo?

As conversas são boas, mas precisa haver transparência, desprendimento. Ninguém é pré-candidato a vice. Eu ainda tenho esperanças. O início das convenções está previsto para o início de setembro. Eu acho que isso não pode demorar muito mais. Acho que a gente tem que intensificar as conversas. Pelo que eu percebo, Paulo Márcio não vai abrir mão da sua candidatura. Eu nunca conversei com ele, mas tenho essa impressão. Os candidatos postos com a linha ideológica de centro-direita são bons nomes. Lúcio Flávio hoje está filiado ao Avante, mas é uma pessoa de um pensamento liberal. É um homem que tem identidades com o conservadorismo no estado. Zezinho Sobral se coloca agora como pré-candidato e é um bom nome. Em relação a Pastor Jony, ninguém pode desconhecer a influência que o eleitorado evangélico tem em Aracaju. Rodrigo Valadares é um jovem deputado que tem demonstrado uma disposição extraordinária para a política. Se pode divergir da forma dele fazer política, mas não se pode desconhecer que ele não tem disposição para fazer política. Paulo Márcio também é um bom nome. Mas acho que, sobretudo pela história do Democratas, pela história de João Alves, pela história de Georlize, ela é que reúne as melhores condições de ter os votos desse eleitorado de Aracaju que se identifica com ideologia de centro-direita. O pré-candidato pensa que Machado está defendendo Georlize. Isso é natural. Mas eu vou continuar trabalhando.

Quais as candidaturas que o senhor vê como irreversíveis?

Isso é um modo de dizer, porque nem depois das convenções nada é irreversível. Mas eu acho que é difícil a Democracia Cristã voltar atrás como também acho difícil o Lúcio Flávio voltar atrás, embora ele não tenha nem legenda. Talvez o candidato se mostra firme, mas ele depende de uma decisão do partido. Eu não sei qual a afinidade dele com o partido. Eu, por exemplo, estou afinado com Georlize. O partido não toma nenhuma decisão sem ouvi-la. Quando eu falo é em meu nome e da senadora Maria do Carmo. A parlamentar que temos é ela. A forma que eu tenho para ajudar os prefeitos é através da senadora. Estamos afinadíssimos. Eu disse a Georlize que o partido não iria tomará nenhuma decisão sem ouvi-la. Quando ela não queria ser pré-candidata, quem insistiu pra ela ser foi eu. Eu acredito que o melhor nome desse agrupamento de centro-direita para ter os votos daqueles eleitores que tem esse mesmo pensamento, é o de Georlize. Isso também pela história do partido e o legado de João Alves, que foi o único sergipano que nunca fez acordo com o Partido dos Trabalhadores. Todos esses que se dizem de centro, de direita e de esquerda já tiveram juntos com o PT governando Sergipe.

O PT sozinho tem chance de vencer a eleição?

Eu acredito que o Partido dos Trabalhadores nunca foi de brincar em eleição, principalmente de 92 pra cá com o surgimento de Marcelo Déda na política. Chegaram ao ápice da politica com Déda prefeito e depois governador do Estado. Depois veio esses escândalos com o partido que, consequentemente, têm sequelas. Mas, mesmo com todos esses escândalos à vista, o PT ganhou a eleição, em Sergipe, para presidente da República, na última eleição e elegeu um senador. E essa quebradeira que o PT proporcionou ao país é coisa recente. Nas eleições de 2018, todos os brasileiros tinham conhecimento disso. O candidato a presidente da República pelo Partido dos Trabalhadores ganhou no Nordeste todo. Aqui em Aracaju ganhou no segundo turno. Primeiro turno não ganhou porque a esquerda estava dividida com Ciro Gomes, Haddad e Marina. A direita só tinha praticamente Bolsonaro e o Alckmin. Bolsonaro recebeu quase que a totalidade dos votos da direita e ganhou a eleição no primeiro turno. No seguindo turno, a divisão da esquerda desaparece. Eu acho que a candidatura do PT tem viabilidade em Aracaju. Essa história do PT não vai ser apagada de uma vez por todas. Tem essa mancha que prejudica e muito, mas mesmo com essa mancha brotando, no ano de 2018 o PT ganhou a eleição em Sergipe para presidente da República e ainda fez um senador. Ninguém sabe o que pode acontecer. Eu acho que a direita tem todas as condições de ganhar a eleição em Aracaju. Só precisa ter juízo. Já tem duas candidaturas postas que, na minha avaliação, são praticamente irreversíveis.

 

Modificado em 18/08/2020 15:16

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