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Presidente da CUT passa pito em Jackson Barreto: “pitaco no PT, não”

“Não é papel do governador está dizendo: ‘naquele partido, o melhor nome é este ou aquele’”

Dudu: governo de Jackson não diverge da direita

Por Joedson Telles

Petista histórico, o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT/SE), Rubens Marques, o professor Dudu, não gosta da especulação no sentido de que o governador Jackson Barreto (PMDB) já teria montado a sua chapa para a disputa da Prefeitura de Aracaju, nas eleições deste ano: o seu secretário de Saúde, Zezinho Sobral, como pré-candidato a prefeito tendo a petista Eliane Aquino como sua vice. “Jackson comente um erro capital: pode indicar qualquer secretário dele, mas não dar pitaco no Partido dos Trabalhadores. Pitaco no PT, não. Não é restrição a Eliane. Poderia ser qualquer nome. Não é papel do governador está dizendo: ‘olha, naquele partido, o melhor nome é este ou aquele’”, justifica. Ainda nesta entrevista, Dudu avalia que acordo PSB/PSD tem no contexto uma candidatura do senador Antônio Carlos Valadares (PSB) ao Governo do Estado, em 2018, e diz não acreditar que o governador Jackson Barreto cumpra a promessa de se aposentar, ao final do mandato. “Se perceber que tem chance, se arrumar o governo, se pagar ao servidor, ele vai. Disputa o Senado. Ele não vai para casa. No mínimo vai querer fazer o sucessor. Se ele tivesse batendo em retirada, não estaria construindo chapa para prefeito de Aracaju.” A entrevista:

Na avaliação da CUT/SE, o ano de 2015 foi positivo para o trabalhador, mesmo com o Brasil em crise?

Se levarmos em conta a conjuntura adversa para a classe trabalhadora, o discurso da crise tem beneficiado os patrões e gestores. É muito cômodo: não se ajusta, não faz economia, quer manter os cargos em comissão, o mesmo número de secretarias – algumas desnecessárias para o momento – e joga a culpa na crise. O trabalhador não tem nada a ver com isso. Se levar tudo isso em consideração, o ano foi positivo. Há países nos quais os trabalhadores estão brigando para manter os postos de trabalho. Não é nem salário. Aqui em Sergipe tivemos demissão no setor têxtil, por exemplo: 100 trabalhadoras numa unidade em São Cristóvão. A CUT interagiu, denunciou, fizemos audiência com o secretário da Indústria e Comércio… Tem um aspecto que a CUT tem chamado a atenção da imprensa e o Estado faz ouvido de mercador: como é que uma empresa recebe incentivo fiscal e não oferece contrapartida? Tem que, no mínimo, oferecer a manutenção dos postos de trabalho. Então, fomos cobrar. E, no caso de São Cristóvão, o que é mais grave: o Estado investiu pesado para reformar o prédio da família de Albano e foi instalado um centro de artesanato, mas logo foi desativado e a fábrica voltou a funcionar. Dinheiro do povo… Nos dias de hoje, não dá para dirigente sindical falar sobre a pauta imediata. Salário e condições de trabalho. Isso é o mínimo que um sindicato, uma central sindical tem que cobrar. Se não cobrar isso, não presta para nada. Mas não pode ficar só aí. A CUT foi preponderante em outros campos. Por exemplo: democracia. A CUT, aqui em Sergipe, foi protagonista dos debates para instalação da comissão da verdade. Isso diz respeito à sociedade como um todo. O governo lançou, espero que dê em alguma coisa. Não fique só no depoimento dos torturados. Tem que convidar todos. Também empresário que atuou apoiando o golpe de forma direta. Médico que atuou nos porões da ditadura. Gente que está no governo e também contribuiu com a ditadura. Gente que se beneficia deste governo. Deve explicação. Tem que ouvir não só os torturados: tem que ouvir torturadores e os colaboradores indiretos. A CUT também tem participado de forma ativa da Frente Brasil Popular, que é uma frente plural, defendendo o Estado Democrático de Direito contra o impeachment da presidente Dilma, que é diferente de defender Dilma. Defender Dilma é outra coisa. A frente tem lucidez: defende o Estado Democrático de Direito, mas aponta os graves erros que Dilma tem cometido, principalmente na política econômica. Ela tem botado para sangrar os trabalhadores, que estão pagando o preço. Dilma desonerou a folha para fazer média com os patrões, que, hoje, se volta contra Dilma. Sempre fomos contra desonerar a folha: o patrão lucra e tem que pagar. O trabalhador paga para colocar uma banca na feira, mas o empresário quer isenção de impostos.  E também a CUT está empenhada na luta da juventude que está contra o aumento na tarifa do ônibus. Toda a estrutura logística para fazer a disputa e vetar.

O servidor público foi obrigado a contrair empréstimo para ver o 13º salário. Isso incentivado pelo próprio Governo do Estado, que prometeu pagar essa dívida junto ao Banese. Há o risco de o Estado não pagar?

Desde o início que a CUT se colocou radicalmente contra. O governo não deu nenhuma garantia. Tanto é que o Sintese foi para cima e além de provar que não era necessário usar deste artifício, tanto que pagou depois. Somos contra. O governo não deu garantia. Apenas mandou pegar. Isso é um desgoverno. O governo diz que não poderia pegar para não impactar ainda mais. Ficaria numa situação mais difícil do ponto de vista do relatório fiscal do final do ano.  Isso é problema do trabalhador? O governo não foi avalista. O risco de dar problema é grande. Não sou a favor do Estado mínimo. Você reduz a prestação de serviços. Mas, num momento de crise, é bom fazer fusão de secretárias. Diminuir cargos de comissão. Mas o governo não fez nada disso. Está nomeando novos cargos em comissão e o pior: tem aqueles que não trabalham. O Estado não pode ser muleta de ninguém. Tem que nomear para trabalhar. Produzir.

A CUT e sindicatos como o Sintese têm apresentados números bem diferentes dos dados mencionados pelo Governo do Estado sobre as finanças do Estado. É um governo que falta com a verdade?

Não diria nem falta com a verdade: os números do governo estão desmoralizados. O que é isso? O Estado apresenta os números aí você pega a mesma fonte e prova que está mentindo. Está desmoralizado. Quem acredita mais nos dados apresentados pelo secretário da Fazenda? Estamos rebatendo com o próprio documento do governo. Só há duas opões: Ou está agindo de má fé ou é incompetente. Isso ficou provado depois de multo tumulto na Assembleia, pressão dos trabalhadores, o governo terminou aprovando essa proposta indecente que autorizava aos servidores a pedirem empréstimo, dizendo (o governo) que não tinha dinheiro, mas no outro dia, após aprovar o projeto, pagou. O governo se desmoralizou naquele momento.

Diante deste contexto, qual a visão que o trabalhador tem do governador Jackson Barreto, levando em conta a sua história política?

Ele mesmo deu entrevista ao Jornal da Cidade e disse que seu desgaste é enorme. Mas este desgaste não caiu do céu. É fruto da política que ele fez opção. Fez opção por uma política e paga por isso. Uma política que não agrada nem gregos e nem troianos. Pela sua história, você não pode dizer que ele é de direita, mas a política que ele aplica não tem diferença nenhuma. Uma decepção total. Os servidores estão irritados e não acreditam mais. É muito ruim quando você perde a cresça no gestor. E cada medida que ele toma é uma pior que a outra, porque só afeta os trabalhadores.

Há quem argumente que Jackson tem apenas um ano no governo. O senhor acha que é cedo para criticá-lo?

Um ano de governo ou quase sete anos de governo? É muito tempo. Daria para ter feito algo diferente. Não é um calouro na política. Ele traça qual é o governo que ele quer fazer e faz. Como é reeleição, você tem que falar em continuidade. Por exemplo: quando ele assumiu em 2015, exonerou todos os cargos comissionados. Ali havia uma esperança de que fosse fazer diferente para enfrentar os desafios que estão por aí por conta da crise. Mas, no outro dia, começou a nomear. A última vez que a CUT teve acesso aos dados do Diário Oficial já tinha passado dos dois mil e lá vai fumaça o número de cargos em comissão. Ou seja, as nomeações continuaram, principalmente na Casa Civil.

É um antigo pleito da CUT obter uma lista com os nomes dos ocupantes dos CC,s da Casa Civil, para saber quem trabalha, não é?

O Ministério Público reprovou. Cometeu um equívoco profundo. Pedimos e, depois de dois anos, saiu a resposta que não daria. Não há transparência no governo Jackson como há no governo Dilma. O grane problema é saber onde está lotado.

A imprensa especula que o governador já montou sua chapa para as eleições deste ano em Aracaju: o seu secretário de Saúde, Zezinho Sobral, seria pré-candidato a prefeito, tendo a petista Eliane Aquino na vice. Como o senhor avalia esta possibilidade, como filiado ao Partido dos Trabalhadores?

Primeiro, Jackson comente um erro capital: pode indicar qualquer secretário dele, mas não dar pitaco no Partido dos Trabalhadores. Pitaco no PT não. Não é restrição a Eliane. Poderia ser qualquer nome. Não é papel do governador está dizendo: “olha, naquele partido, o melhor nome é este ou aquele”. Tenho uma relação política muito próxima da deputada Ana Lúcia, minha referência política, mas, mesmo que ele tivesse dito que o melhor nome é o de Ana Lúcia, eu seria contra. Isso não é o papel dele. Isso é usar o poder de governador para estar ingerindo em outros partidos. Quem tem que dizer quem é o nome do PT, é o PT. E o PT tem que indicar candidato a prefeito. Não vice.  O PT tem que se impor, se não vai virar um partido de coadjuvante. Não pode virar apêndice do PMDB.

Então, esta possível chapa do governador não teria o seu apoio?

Defendo candidatura própria. Falo como petista. O que dificulta candidatura própria é que quem está na aliança se acomoda nos cargos. Candidatura própria, você rompe. Entrega os cargos. Por isso que admiro a deputada Ana Lúcia. Faz a crítica sem estar presa a cargo.

O PSB e o PSD erraram quando anunciaram a aliança em torno da pré-candidatura do deputado federal Valadares Filho a prefeito de Aracaju? Deveriam ter esperado Jackson ou faz parte do processo?

Depende do clima. Da relação. No caso do PT com Jackson, a gente sabe que a relação é outra. Tem mais aproximação. Não deve ser um mar de rosas, pois na política não existe isso. Mas tem uma relação boa. Pelo que a gente acompanha, em relação ao PSB, não acontece o mesmo, desde aquele divergência com o senador Valadares. Mas não vou dar pitaco no PSB.

Mas houve açodamento?

Não há inocente em política. Se eles lançaram é porque conhecem a conjuntura. O cenário. No mínimo, perceberam que, se fosse para estar no processo, seria como coadjuvante. O governador lançava a chapa e o PSB iria para o apoio. Ali não tem ingênuo.

O senhor acredita que o projeto envolve também uma candidatura do senador Valadares ao Governo do Estado, em 2018?

Acredito que sim. Acredito que ele sai. E não é ruim, não. Num processo como este aí é mais gente para a sociedade escolher. Muito embora, meu compromisso é votar no candidato do PT.

Então, Jackson Barreto pode se preparar para uma candidatura de Valadares?

Valadares está vivo. Sempre foi uma força viva deste estado. Mostrou na última eleição que disputou. Muita gente achava que era fim de linha e ele conseguiu se reeleger senador. É um nome forte, com certeza. Mas vou continuar defendendo um nome do Partido dos Trabalhadores.

O senhor acredita na aposentadoria de Jackson Barreto?

Eu nunca acredito quando um político diz que vai sair da vida pública. Ele está na política desde os tempos de estudante. A vida dele se confunde com a política. Se perceber que tem chance, se arrumar o governo, se pagar ao servidor, ele vai. Disputa o Senado. Ele não vai para casa. No mínimo vai querer fazer o sucessor. Se ele tivesse batendo em retirada, não estaria construindo chapa para prefeito de Aracaju.

E teria chances de se eleger senador?

O negócio está tão ruim que, quem sabe lá na frente, ele teria alguma chance, hoje não teria chance nenhuma.

Modificado em 31/01/2016 06:00

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