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Petista descarta Eliane Aquino para o Senado e diz que o povo não aceita aliança PT/PMDB e o DEM

“O povo não está de acordo com aliança que envolva adversários históricos”, diz Iran

Iran: posições polêmicas

Por Joedson Telles

O vereador e ex-deputado federal pelo PT, Iran Barbosa, demonstrou muita firmeza, ao fazer a declaração que serve de título para esta entrevista que concedeu ao Blog do Joedson Telles, na manhã da última quinta-feira 20, na Câmara Municipal de Aracaju. Mesmo ciente do desejo do governador aliado, o pré-candidato à reeleição Jackson Barreto (PMDB), em ter o prefeito João Alves Filho (DEM) no palanque, o parlamentar não parece disposto a ceder. “Não tem nem dois anos que estávamos em campos totalmente opostos, fazendo um grande debate, críticas muito fortes, dura, severas. Os nossos programas são antagônicos. De sorte que não tem como vincularmos essa proposta de governo porque entendo que há muita divergência ideológica, política e programática”, disse em alusão à disputa de João Alves contra o candidato governista nas eleições de 2012, para prefeito de Aracaju, Valadares Filho (PSB). Na mesma entrevista, Iran deixa evidente que a ex-primeira dama, Eliane Aquino, está longe de ser sua pré-candidata ao Senado Federal. “A companheira Eliane Aquino não é uma militante antiga da construção do nosso partido. Ela é uma pessoa que acompanha, tem identidade…, mas a construção, se existe uma disposição dela de construir uma militância mais ampla na vida política eleitoral, eu ainda não ouvi isso dela, é preciso primeiro consolidar. Essa é a tradição do PT. Nós não começamos a disputar eleição porque herdamos de alguém um título ou sobrenome. Nós disputamos a partir da construção que fazemos na nossa história”, disse. A entrevista:

 

O PT tem um bom quadro na Articulação de Esquerda para representar a legenda, indicando o candidato ao Senado na chapa majoritária governista?

Estamos discutindo essas questões, e acho que o PT tem quadros para disputar o Executivo e o Legislativo. O PT é um partido que se notabilizou, no último período, por uma demonstração, tanto no parlamento quanto no Executivo, de experiências bem sucedidas. Com problemas em alguns casos, mas também com experiência acumulada ao longo das últimas décadas muito interessantes, que precisam continuar sendo debatidas e colocadas para efeito de avaliação, para que a população possa definir se vai ou não aderir às propostas do nosso partido. Período eleitoral é um período de disputa de ideias, propostas, e nós temos interesses de discutir, e o PT está discutindo. É uma discussão que envolve os debates internos do partido, mas que precisa avançar para uma discussão com os aliados, que nós da Articulação de Esquerda dentro do PT defendemos que sejam aliados mais vinculados ao nosso programa, às lutas sociais, a uma aliança que tenha a fisionomia daquilo que o PT tem construído historicamente como compromissos sociais. Precisamos definir isso mais conjuntamente, e o PT está fazendo esse debate internamente.

 

O senhor estaria à disposição para representar a Articulação de Esquerda na chapa majoritária?

A Articulação de Esquerda já tem a deliberação de como vai entrar nessa próxima disputa eleitoral. Teve deliberação de que vamos apresentar o nome da companheira Ana Lúcia, como pré-candidata a deputada estadual (reeleição), o meu nome como pré-candidato a deputado federal dentro do partido, para que, no momento oportuno, quando a legislação eleitoral permitir, nós possamos estar apresentando os nomes à sociedade. A articulação de Esquerda tem a mim, a professora Ana Lúcia, o companheiro Dudu (Rubens Marques, presidente da CUT), o companheiro Joel (o professor Joel Almeida do Sintese), tem outros companheiros que militam na juventude dentro do partido, que uma contribuição grande tem sido dada para o avanço da nossa corrente. No interior do estado temos quadros que estão cada vez mais se consolidando como grandes lideranças, tanto assim que temos crescido em termos de representação nos próprios diretórios partidários. A Articulação de Esquerda está disposta a continuar dialogando com o conjunto de partidos sobre as alternativas que temo a oferecer. Tudo isso depende muito de um conjunto de forças que atuam neste debate, até porque a candidatura ao Senado é uma candidatura majoritária, como nós sabemos. É uma outra regra de disputa. Mas nós da Articulação de Esquerda não nos furtaremos estar participando internamente do partido desse debate e do partido para o conjunto de aliados também.

 

Da mesma forma que o senhor não fugiu à responsabilidade, quando a Articulação de Esquerda decidiu pelo seu nome para disputar a eleição para a Câmara Federal, o professor Iran Barbosa pode ser esse nome do PT para o Senado, em 2014?

Eu estou no pleno gozo dos meus direitos políticos vivendo aqui intensamente o mandato na Câmara Municipal de Aracaju. É um mandato desafiador porque a gente é desafiado a estar diariamente dando respostas a problemas da cidade e sempre pronto para os desafios que a vida coloca. Quer seja na sala de aula, de onde eu não saio, quer seja na luta social, de onde eu não arredo o pé na minha militância sindical junto ao meu sindicato, o Sintese, também juntamente ao Sindipema, que é meu sindicato da base municipal de Aracaju, e também na vida política na disputa eleitoral, que é o desafio de cada político que se propõe a contribuir para os debates mais amplos da sociedade.

 

A experiência existe, já que o senhor foi testado quando exerceu um mandato de deputado federal. Brasília, então, não é novidade…

Graças ao apoio do povo de Sergipe tive a oportunidade de ser um dos oito representantes do nosso estado na Câmara Federal. Lá tive a chance de fazer um trabalho voltado para os interesses da população, dialogando bastante com o Poder Judiciário, Poder Executivo, com os colegas do Senado, da Câmara, dos movimentos de caráter nacional. De fato, nós temos tido uma experiência ampla, larga, e na minha avaliação bem-sucedida em relação aos desafios que são colocados. Mas tudo depende, principalmente, da combinação com o povo, porque o titular da vontade, do poder, do direito de escolha, é o povo. Temos que discutir internamente os projeto, os nomes, e depois essa apreciação popular. Vamos ver como esse desfecho ocorre aqui em Sergipe.

 

A oposição vem argumentando que o eleitor não aceitaria uma possível aliança entre o governador Jackson Barreto (PMDB) e o prefeito de Aracaju, João Alves (DEM). Como o senhor avalia este juízo?

A sensação que eu tenho é que o povo, sobretudo a parcela que acompanha e apóia a construção que o PT, vem fazendo, não está de acordo com qualquer tipo de aliança que envolva adversários históricos que nós temos. Esse bloco é formado pelo DEM, PSDB, PPS, PP, PMN, pelo grupo todo articulado pelos irmãos Amorim (PSC), que também não tem relação direta com o projeto que nós defendemos. Nós já tivemos oportunidade de fazer um grande debate em outro momento sobre a vinda do PSC ao nosso arco de alianças. A Articulação de Esquerda denunciava que não seria uma aliança bem sucedida, como de fato não foi. A história provou que estávamos certos, e com certeza, a população não vai entender adequadamente essa vinculação com o DEM. No caso do nosso partido, ainda existe uma resolução nacional, congressual, que impede qualquer aliança com esse arco de partidos que são historicamente adversários do nosso projeto. Muito recentemente, não tem nem dois anos que estávamos em campos totalmente opostos, fazendo um grande debate, críticas muito fortes, dura, severas. Os nossos programas são antagônicos. De sorte que não tem como vincularmos essa proposta de governo porque entendo que há muita divergência ideológica, política e programática.

 

Em saindo o acordo, o PT pode deixar o grupo?

Isso é uma coisa que estamos debatendo internamente. O que eu percebo dentro do nosso partido é que não só a Articulação de Esquerda, mas amplos setores do nosso partido não enxergam com boa vista essa aproximação com eventual aliança. Nós estaremos aprofundando cada vez mais esse debate. É um debate político, o governador Jackson Barreto é de outro partido (PMDB), tem a tarefa de tentar articular o que ele acha mais conveniente para sua campanha, e ele vai avaliar. No caso, eu defendo que o PT não se alie ao Democratas porque não há como fazer essa junção. Está provado aqui em Aracaju, muito evidente, que há uma divergência profunda não só de encaminhamento cotidiano de programa, mas também ideológica muito forte. Todo dia na Câmara (Municipal de Aracaju) fica evidenciado essa divergência. Não tem como fazer aliança e o PT estar junto. Eu mesmo serei daqueles que defenderei de forma até intransigente a impossibilidade desse tipo de aliança.

 

Em última instância, o senhor sobe no mesmo palanque com João Alves?

Eu posso dizer com tranquilidade: o palanque que tem João Alves Filho não me cabe, e acho que a recíproca é verdadeira. Não se trata de questão pessoal. Eu sou um parlamentar político que se constituiu na vida pública, antes de vir para a vida política eleitoral, fazendo oposição ao que João Alves sempre representou ao meu estado. Então, com toda tranquilidade, muito respeito ao DEM, acho que ele deu uma contribuição para a história política do estado, mas o perfil de condução de política que ele adota é diametralmente oposto ao que eu defendo. Ele não é um homem de diálogo, de entendimento, ele é um homem mais de monólogo, ele é um homem mais voltado para resultados numéricos, e eu acho que os sociais são mais necessários, e, do ponto de vista ideológico, nós sempre tivemos divergência. Eu não tenho problema de dizer desde já e desde sempre: o palanque que estiver o prefeito João Alves Filho e todo o grupo que o acompanha não é o palanque que me cabe, e acho que eles também avaliam da mesma forma, porque nós somos opositores de ideias, divergimos em termos de propostas para soluções dos problemas da nossa cidade, do nosso estado. Não nos cabe no mesmo palanque. O palanque fica pequeno.

 

É uma postura do vereador Iran Barbosa ou a Articulação de Esquerda tem a mesma posição firmada?

Nós (A Articulação de Esquerda) tivemos recentemente uma reunião do novo diretório do PT, e lá deixamos para os nossos colegas que isso é evidenciado. Nas instâncias partidárias que têm se reunido, nós temos o tempo inteiro, como corrente, colocado essa posição. Essa é uma posição minha, da deputada Ana Lúcia, mas é também uma posição coletiva da corrente de Articulação de Esquerda. Nós não concordamos com aliança eleitoral com o Democratas.

 

Como o senhor está acompanhando estas especulações em torno de conversas entre o governador Jackson Barreto e o prefeito João Alves, inclusive colocando em xeque a permanência do senador Valadares no grupo, já que só há três vagas na majoritária e Valadares quer uma delas?

Estou acompanhando os desdobramentos de emaranhado de construção política. Eu não entendo a política apenas como um momento da eleição, que a cada eleição você se comporte de acordo com sua necessidade de grupo para se eleger. Eu acho que política é uma construção permanente. Eu não faço política pensando em eleição. Eu posso hoje estar com mandato e amanhã não estar, mas não vou abrir mão das minhas convicções em função de um momento eleitoral, porque tal ou qual posição poderá favorecer a minha eleição. Tal ou qual aliança poderá fortalecer a minha eleição pessoal ou fortalecer o grupo que eu lidero. A minha posição, e ela vai valer para eu analisar e me definir em relação a esse quadro, é que a política tem que ser feita permanentemente, e tem que ser, inclusive, instrumento pedagógico. Quando se mistura muito essas coisas você confunde a população, que passa a não perceber as diferenças existentes entre as propostas partidárias. Isso não é educativo. Essa forma de abordagem não é educativa. Portanto, eu tenho discordância dela.

 

O senhor diria, então, que o senador Valadares seria uma perda maior para o grupo, por estar ideologicamente mais afinado com o PT do que João Alves?

O PSB vinha acompanhando mais de perto essa aliança. É um partido que a gente vinha assimilando com muita tranquilidade dentro do bloco. Uma eventual saída do PSB é um prejuízo na minha avaliação. Nós também temos a leitura que os quadros que formam o PSB precisam dialogar à luz das necessidades que eles estão colocando como prioridade para ele. Respeitamos. Eu pessoalmente defendo que a grande busca de aliança que nós do PT temos que fazer é com o povo, os movimentos sociais, aqueles que iniciaram conosco essa caminhada que nos trouxe aonde nós chegamos, porque não foi a partir de alianças com alas conservadoras, mais à direita, mais centrais que nós conseguimos chegar aonde chegamos. Foi a partir de uma construção que foi acumulando forças junto à população, porque é a população que elege ou não uma proposta partidária. A minha defesa é que a nossa principal aliança tem que se dar com o povo, é claro que sem perder de vista a perspectiva de ter outros aliados partidários. Mas a principal é a aliança com o povo do nosso estado, que é a quem devemos ter chegado aonde chegamos como partido nacionalmente, estadualmente, aqui no município de Aracaju e em outros municípios do estado

 

Eliane Aquino é um bom nome para disputar o Senado ou a discussão está muito no campo emocional, por conta da morte do governador Marcelo Déda?

Eu sou um homem de partido. Eu só tive um partido em minha vida. Eliane Aquino é uma pessoa por quem eu tenho uma admiração muito grande. Muito carinho. Mas a companheira Eliane Aquino não é uma militante antiga da construção do nosso partido. Ela é uma pessoa que acompanha, tem identidade…, mas a construção, se existe uma disposição dela de construir uma militância mais ampla na vida política eleitoral, eu ainda não ouvi isso dela, é preciso primeiro consolidar. Essa é a tradição do PT. Nós não começamos a disputar eleição porque herdamos de alguém um título ou sobrenome. Nós disputamos a partir da construção que fazemos na nossa história. Ela tem uma história bonita como pessoa identificada com lutas que eu tenho a maior admiração. Luta em defesa do direito da criança e do adolescente, é uma defensora das questões sociais, é uma pessoa de uma sensibilidade elogiável. Sou um admirador de Eliane, mas não acredito, eu não conversei com ela sobre isso, que ela própria tenha uma avaliação que esse é o momento para uma disputa eleitoral no Partido dos Trabalhadores, porque, evidentemente, a construção tem que ser feita. Nós não fazemos política no PT com carbureto. As experiências que foram feitas assim não foram bem sucedidas. Podem até ter tido resultados eleitorais positivos, mas os resultados políticos não foram favoráveis à política do nosso partido. Ela sabe disso, ela é uma pessoa madura e nem sei se isso passa na cabeça dela nesse momento. Acho que tem muito mais gente colocando isso para o debate público do que ela própria. Nunca dialoguei com ela sobre isso, mas a impressão que eu tenho é que se ela tem uma pretensão a uma vivência partidária mais intensa tem que fazer essa vivência, e construir seu nome para uma disputa eleitoral futura. Ela é uma jovem, uma mãe que está criando os seus filhos e terá, se quiser, uma história bonita para construir pela frente.

 

Até para não ser injusto com petistas que já têm essa construção…

Não é só isso. Na verdade, não se trata nem de uma questão de injustiça de quem já vem fazendo. Eu acho que passa por vivência, experiência, maturidade, relações… Claro que Eliane teve experiências no Executivo nesse período que Déda esteve no governo, na Prefeitura de Aracaju, isso vale. Mas eu me refiro à militância partidária mais intensa nos seus fóruns, nas suas instâncias deliberativas, que não foi muito até o momento a prática da nossa companheira Eliane Aquino. Mas é da tradição petista ter primeiro essa vivência mais extensa dentro do partido para alçar voos eleitorais, muitas vezes não em função de uma vontade pessoal, que repito: não ouvi dela que é um a vontade pessoal, é especulação, mas no PT não é a vontade pessoal que define nem a vontade apenas de alguém lançar você. É, sem sombra de dúvida, o acúmulo que se faz dentro do nosso partido.

“>Foto: Marcelle Cristinne/ASN

 

Modificado em 21/02/2014 06:25