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Nome da oposição para 2022 pode sair do bloco de Belivaldo Chagas

Entendimento é de Valadares Filho. “O governo não pode ter três candidatos”, diz

Por Joedson Telles

O ex-deputado federal Valadares Filho (PSB) aposta na possibilidade de o candidato a governador de Sergipe, em 2022, pela oposição estar, hoje, no mesmo agrupamento que o governador Belivaldo Chagas (PSD) e o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). “É mais fácil brigar quando existem três candidatos ou quando existe um candidato natural? O governo não pode ter três candidatos. E os outros que não serão candidatos? Vão aceitar? Vão querer montar uma nova aliança com um projeto diferenciado para o futuro de Sergipe? De repente, dos quatro ou cinco nomes que se colocam como possíveis candidatos apoiados pelo governo, será que um ou dois não podem se tornar candidato de oposição? Pode reunir parte da oposição e parte do governo dentro de um novo projeto”, projeta Valadares, descartando vaidades. “Acho que não cabe para quem faz oposição em Sergipe ter vaidade… Não adianta fazermos um palanque político que apresente um novo projeto, não ter viabilidade eleitoral e, mais uma vez, o governo venha vencer a eleição.”

Como o PSB Nacional está projetando as eleições presidenciais?

O PSB tem defendido a construção de um bloco oposicionista ao Governo Federal. Bloco de centro, de centro-esquerda; até de partidos que possam compor o centro-direita. Aqueles que estejam dispostos a ter um compromisso em relação ao futuro do país diferente do que está aí; com mais preocupação social, com uma retomada econômica significativa, com geração de empregos. Este ano, o partido vai travar este debate programático. O PSB não quer ter o papel de ser um partido de oposição somente por ser. O partido vai debater conteúdo, debater o Brasil e contribuir com demais partidos que possam querer fazer esse diálogo.

Existe algum nome, alguma liderança para encabeçar este projeto?

A gente tem defendido, nas reuniões que temos tido com a Direção Nacional, e nas que o nosso presidente tem tido com outros presidentes nacionais, que este não é o momento da debater apenas nomes. É o momento de debater projeto. Naturalmente, neste debate sobre projeto, sobre esse conceito em relação ao futuro do Brasil, nomes vão surgindo através dos partidos políticos. Acredito que os que forem se firmando, até o início do próximo ano, possam fazer aglutinação de conceitos programáticos e também aglutinação política em termo de uma viabilidade eleitoral em torno de partidos que possam se somar a este projeto. A prioridade é em relação ao Brasil. Naturalmente vai fazer com que surjam nomes durante este processo.

O governo Bolsonaro está reprovado?

Temos muitas restrições à forma que o Brasil tem sido governado, principalmente pela instabilidade política, pelo embate institucional permanente, principalmente em relação ao papel do Governo Federal frente à pandemia, que é o momento mais difícil que o mundo vem vivendo, no último século. A gente tem a percepção que o Brasil não tem demonstrado, inclusive no exterior, a segurança necessária de que o país está nos trilhos. O partido também demonstra a preocupação em relação à geração de emprego, à questão da retomada econômica, que, apesar da pandemia, o Brasil poderia ter potencialidade e instabilidade melhores, nas questões que possam fazer o país retomar seu crescimento. Não é uma coisa meramente política: é uma questão conceitual. O PSB tem muitas restrições e divergências de como é conduzido o Governo Federal.

O presidente Bolsonaro se aliou ao chamado “Centrão”, e conseguiu, agora, vitórias nas eleições das duas Casas Legislativas. Como o PSB avalia isso?

Temos uma bancada de 32 deputados federais e eles estão muito atentos, fazendo um trabalho na Câmara muito fiscalizador, mas também muito respeitador em relação aos poderes, ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário – e fazendo uma oposição ao Governo Federal não meramente por ser oposição. Isso não constrói para o Brasil. Eu acredito no diálogo, e o PSB tem a característica de respeitar a democracia e colocar o diálogo como um papel importante em relação a qualquer gestão. Não é porque somos oposição ao governo Bolsonaro que questões relacionadas à melhoria do Brasil, como a Reforma Tributária, o PSB não dará a contribuição não só com votos, mas também com sugestões, opiniões e estará sempre aberto à equipe econômica do Governo Federal, para debater este assunto. Assim como a Reforma Administrativa. O partido pode ter divergências em relação ao corpo central do que prevê a proposta, mas pode avançar, dialogando com outras questões relacionadas a esta reforma. Estamos muito atentos a todas as questões relacionadas ao Governo Federal de interesse do país, e também estamos abertos a diálogos e sugestões que possamos dar a nossa contribuição.

O senhor, que conhece tão bem a Câmara Federal, o que espera de Arthur Lira?

Arthur Lira é um parlamentar muito experiente e conhecedor da Casa, do Regimento Interno, da própria política em si. Creio que ele será um bom presidente e que terá um ponto de equilíbrio da relação do Poder Executivo com a Câmara, como também com o presidente do Senado, do STF, com o Poder Judiciário. Ele também tem muita interação com (Rodrigo) Pacheco, que pelo que eu vi também é um homem público muito ponderado. Eu acredito que o congresso tem dois presidentes experientes e que conhecem o regimento da Casa.

Em Sergipe, o senhor continua reorganizado o partido?

Reorganizando com paciência, muita cautela, conversando bastante, voltando a visitar os nossos diretórios, sabendo que o partido tem um legado que vamos defender: grandes votações, nas últimas eleições majoritárias, os nossos três mandatos como deputado federal e os 24 anos de Senado com o senador Valadares. A gente tem feito essa construção, e sabemos que temos um respaldo eleitoral importante. Esse respaldo será defendido. Vamos analisar as propostas e projetos para o futuro do estado com muito diálogo, sabendo que temos tempo pela frente. Sem dúvida, o partido estará muito organizado nas eleições do próximo ano, para que a gente possa construir um projeto para o futuro de Sergipe.

Mas é difícil atrair políticos quando se está fora do poder. A cultura de oferecer cargos em troca de apoio pesa, não?

O PSB tem se sacrificado bastante na defesa de algo diferente na política do nosso estado, e não vamos abrir mão de nossas convicções por mais sacrificante que seja, muitas vezes, enfrentar a máquina administrativa. Acreditamos que a gente tem tido esse papel de demonstrar um contraponto da política do estado. Sabemos que não é fácil construir um partido de oposição. Nunca foi – e, em Sergipe, tem sido a cada dia mais difícil. Mas acreditamos que, agora, é o momento de estarmos abertos para um projeto que possa interessar ao nosso estado. O governador que está aí não é candidato a reeleição. Nomes estão surgindo, e o partido estará aberto a partidos políticos que possam apresentar a intenção de dialogar com nosso estado e debater Sergipe. É dessa forma que o partido vai fazer; sempre frisando o diálogo, a paciência, e colocando, de forma prioritária, o futuro de Sergipe.

O PSB permanece aliado do Cidadania?

A aliança que fizemos em Aracaju, em 2020, foi muito saudável e proveitosa. Chegamos ao segundo turno das eleições da nossa capital. Danielle foi uma grande candidata – além de ser uma amiga pessoal. A política que afasta as pessoas fez a gente se aproximar ainda mais. Construí amigos no Cidadania. Foi uma aliança que me proporcionou uma reaproximação com Eduardo Amorim, por exemplo. Com pessoas do PSDB. Uma aliança que me proporcionou um fortalecimento na relação com Milton Andrade, que se tornou um grande amigo. Claro que quando a gente faz uma aliança na capital – e que foi saudável -, que passa a eleição e mantém o respeito, a abertura de diálogo, é natural que a gente possa conversar mais à frente. Não digo que são alianças firmadas para o futuro. Apenas é um partido que sempre estará aberto ao diálogo com o PSB e isso é recíproco.

Então, hoje o PSB não tem grupo?

Não é que a gente não tenha grupo. Os partidos de oposição estão abertos ao diálogo. Existem intenções de partidos que são de oposição. Alguns partidos do governo podem se tornar de oposição. Eu acho que não existe aliança firmada nem no grupo do governo. O que existe são partidos políticos que estão buscando se fortalecer – e aqueles que têm uma convergência de opiniões podem dialogar e fazer uma aliança no futuro. Mas nenhuma aliança está firmada nem no governo. No governo, pode haver até partidos que se tornem oposição.

O PSB e o Cidadania estão conversando?

Estaremos sempre abertos ao diálogo. Eu almocei com Danielle e com Milton Andrade, recentemente. Não é um almoço político. É porque construímos uma relação de amizade. Isso, na política, é fundamental para que no futuro possamos construir aliança. Mas está muito cedo. Estamos em fevereiro de 2021… Imagine quanta coisa vai acontecer até a eleição do próximo ano? Coisas que a gente nem coloca em nosso radar e, de repente, acontece e muda complemente o quadro eleitoral. Eu acho que os partidos políticos não vão se antecipar aos fatos. As lideranças vão ter paciência e tranquilidade. É natural que os nomes que se colocam tentem firmar um trabalho na mídia. Em relação à aliança concreta, muita coisa ainda vai acontecer.

Na situação, entretanto, há pelo menos três nomes postos como pré-candidatos a governador. Isso pode pesar lá na frente?

É mais fácil brigar quando existem três candidatos ou quando existe um candidato natural? O governo não pode ter três candidatos. E os outros que não serão candidatos? Vão aceitar? Vão querer montar uma nova aliança com um projeto diferenciado para o futuro de Sergipe? De repente, dos quatro ou cinco nomes que se colocam como possíveis candidatos apoiados pelo governo, será que um ou dois não podem se tornar candidato de oposição? Pode reunir parte da oposição e parte do governo dentro de um novo projeto. É uma questão de lideranças e partidos terem a consciência de que podem se unir em torno de uma aliança para construir um projeto que seja convergente. A gente tem a consciência de que, no próximo ano, as coisas possam acontecer de uma maneira que diálogos tenham como evoluir. Pode até não acontecer nada do que estamos conversando agora ou acontecer tudo diferente. É ter paciência e cada um fazer sua parte.

Então, para Valadares Filho, não será surpresa se o candidato da oposição sair do agrupamento do governo?

Pode acontecer. Não surpreenderia.

A oposição não teria, digamos, a vaidade de apresentar o nome para encabeçar o projeto?

Acho que não cabe para quem faz oposição em Sergipe ter vaidade. Devemos ter a consciência que precisamos montar um projeto sólido para o estado que resolva as questões de Sergipe, mas também que tenha viabilidade eleitoral. Não adianta fazermos um palanque político que apresente um novo projeto, não ter viabilidade eleitoral e, mais uma vez, o governo venha vencer a eleição. Eu acho que a oposição, sem abrir mão das suas convicções, das suas divergências legítimas ao que está aí, pode, sim, montar um projeto com nome candidato a governador que possa se incorporar a esta forma de pensar. Cabe diálogo e a consciência do que podemos fazer.

E o “caminho inverso”? Há possibilidade de o PSB ir para o grupo do governo?

O PSB é muito coerente na sua história. A gente tem muita consciência que a oposição que fazemos ao Governo do Estado é legítima, até porque o povo nos colocou na oposição, a partir do momento que o PSB chegou ao segundo turno. Temos legitimidade de fazer uma oposição construtiva, que possa demonstrar compromisso em dar sua contribuição para o melhor para os sergipanos. É dessa forma que o PSB faz oposição. Não tenho nada pessoal contra o governador Belivaldo, mas temos divergências políticas da forma que administra e conduz o Governo do Estado. Mas ele não é candidato a reeleição. Consequentemente, dos nomes que estão aí, não vejo o PSB tendo restrições. O que o PSB está querendo debater democraticamente é qual o projeto e o que pensam sobre o futuro da nossa educação, da saúde, da geração de empregos do investimento em turismo, da preocupação social. A gente não avalia essa questão e não dialoga sobre fazer parte do governo. Seria muito incoerente para nossa história e posição. Mas não é porque alguns nomes são colocados pela base do governo que não possam ter méritos em debater o futuro de Sergipe de outra forma. Estamos abertos a isso.

Valadares Filho tinha uma reeleição “praticamente certa” para na Câmara Federal, mas arriscou um projeto maior. Há arrependimento?

Eu não me arrependo. Eu creio que o sacrifício que eu fiz, de forma mais concreta, foi em 2018. Eu fiz um sacrifício em que pude executar de cabeça erguida; aos 38 anos de idade disputando o Governo do Estado e chegando ao segundo turno com apenas quatro partidos políticos, sendo dois muito pequenos, com o menor tempo de televisão. Foi um sacrifício que pode ter me deixado sem mandato, mas não deixei o povo de Sergipe sem uma referência do outro lado. Sem a esperança que poderia ter uma pessoa que representasse um novo momento, as novas ideias. Eu vejo que eu cumpri meu papel de defender as bandeiras que defendia – e continuo a defender. Agora, é natural que a gente possa disputar, mais uma vez, uma vaga na Câmara. Vou tomar essa decisão conversando com amigos, com os aliados, com meu partido. Deveremos tomar essa decisão até o final do ano. Mas diria que a tendência é essa.

Se a decisão do grupo for pelo seu nome, o senhor disputa o Governo do Estado, em 2022?

Candidatura não se impõe. Acontece naturalmente. Em 2018, eu me vi em uma situação que eu tive que ser candidato a governador dentro daquela conjuntura. Eu vejo que agora eu posso dar minha contribuição de outra forma. Com a experiência que adquiri, através dos 12 anos que tive na Câmara, trazendo recursos para nosso estado, defendendo o povo brasileiro, de embates permanentes, de determinação e coragem de disputar eleições majoritárias. Com essa bagagem política que eu adquiri, eu posso dar uma contribuição política de outra forma, ajudando diretamente na formação de uma aliança consistente para o futuro de Sergipe, mas buscando um mandato parlamentar para contribuir com este governo que, de repente, a gente possa vencer através de um nome que una e aglutine o maior número de forças possíveis.
Como avalia o nome do senador Alessandro Vieira para ser candidato a governador?
Alessandro é um senador, presidente de um partido político, e é natural que o nome dele seja sempre colocado. Nunca conversamos em torno disso. Só acompanho essas notícias pela imprensa.

Os Valadares deveriam ter aparecido nas propagandas da TV da então candidata a prefeita de Aracaju,a delegada Danielle Garcia?

Foi uma estratégia que a gente teve em nome do objetivo de tornar Danielle cada vez mais conhecida, e apresentar um projeto para a cidade. Eu estava naquele papel que eu quis contribuir no momento. Um papel de coadjuvante. A protagonista era a candidata. Com um gesto de humildade, com o convite que recebi dela e do Cidadania, eu resolvi topar a parada para demonstrar minha responsabilidade com o futuro de Aracaju, e para não colocar que o PSB só aceita participar de alianças quando encabeça a chapa. A gente queria dar nossa ajuda. A gente pensava que pelo meu nome ser extremamente conhecido pelas disputas majoritárias para prefeitura e para o governo, ela teria que massificar sua imagem na TV. Foi essa estratégia que achamos mais adequada.

Modificado em 21/02/2021 10:09

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