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“Há muita gente ganhando dinheiro de forma desonesta para agredir, violentar”, diz Eduardo

“Pagam, e pagam bem. Mais de R$ 40 milhões em comunicação”, assegura

Eduardo durante a entrevista: 20 partidos sonhando

Por Joedson Telles

O senador Eduardo Amorim (PSC) espera anunciar o apoio do prefeito João Alves Filho (DEM) ao projeto de sua pré-candidatura a governador de Sergipe nos próximos dias. Além disso, outros líderes partidários, acredita, também estarão no mesmo palanque. “O número deve se aproximar de 20 ou mais partidos em torno desse sonho, dessa defesa, em torno dessa esperança”, acredita. O senador explica nesta entrevista que concedeu ao Universo no Hotel Aquarios, na última segunda-feira 17, que é possível reunir tantas pessoas em torno de um só projeto para Sergipe porque há muito sofrimento, muita mazela, muito esquecimento do poder público com o povo. “Quando as pessoas se juntam não é só pelo desejo, não. É para se defender também de tudo isso que está aí. Nos, infelizmente, estamos vivendo um desgoverno”, diz, denunciando que há gente recebendo dinheiro para atacá-lo. “Capatazes foram contratados para chicotear, bater, agredir. Pagam, e pagam bem. Mais de R$ 40 milhões em comunicação em alguns meses. Há muita gente ganhando dinheiro de forma desonesta para bater, agredir, violentar”, denuncia.

 

Tudo pronto para a convenção do PSC, senador?

Tudo quase pronto para a humilde e simples convenção, mas a maior de todos os arcos de alianças da história de Sergipe. Como que se consegue juntar tanta gente? É muito sofrimento, muita mazela, muito esquecimento do poder público com o nosso povo. Quando as pessoas se juntam não é só pelo desejo, não. É para se defender também de tudo isso que está aí. Nos, infelizmente, estamos vivendo um desgoverno. Nosso estado nunca esteve numa situação tão difícil nos nossos 194 anos. Um momento extremamente difícil da nossa história. É por isso os sonhadores, os esperançosos. É por isso que conseguimos reunir tanta gente para defender nossos filhos, os filhos dos nossos filhos e as gerações vindouras. Para defender aqueles que não conhecemos, que necessitam, aquele que suplica uma atitude por parte do Estado, seja numa segurança pública digna, uma saúde e uma educação decente. É por isso que com certeza faremos maior e teremos o maior arco de alianças da história de Sergipe. O número deve se aproximar de 20 ou mais partidos em torno desse sonho, dessa defesa, em torno dessa esperança.

O cimento que une esses partidos, então, são problemas da atual gestão?

É a reação a tudo isso. Nenhum homem, nenhuma mulher, nenhum cidadão de bem, nenhuma família pode cruzar os braços e ser omisso a uma situação tão perversa, tão lastimosa. Nós não podemos como cristão, como pais, como filhos, com a responsabilidade que temos com as gerações vindouras, cruzar os braços num momento como esse. Devemos reagir. Que a gente possa plantar a semente do bem para que a esperança verdadeiramente materializada em muito breve. É muito sofrimento, muita maldade, muito descaso com nosso estado com nossa gente. Uma saúde pública verdadeiramente desorganizada, em coma. A nossa saúde está na UTI, e o Ministério Público tem feito a parte dele denunciando os descasos, as mazelas, e isso nunca vimos na nossa história. A ponto do MPF processar os entes federados, a União, o Governo do Estado – e até o Banco Interamericano, dizendo não empreste porque não tem transparência, honestidade necessária. Ele pediu e como não foi atendido está processando. É jogar na lata do lixo princípios e valores do patrimônio do nosso estado. É isso que estamos assistindo, presenciando e sofrendo. Eu vi nas redes sociais familiares de amigos nossos morrendo porque não tem como fazer uma apendicite. Fuga em massa. Ter uma casa próxima a um caixa eletrônico é um risco, porque ele pode ser destruído, como tem sido todos os dias, mas também todo quarteirão pode ser bombardeado e a pessoa correr perigo de vida, porque os bandidos vêm não com bombinha, mas com explosivos de altíssimo peso.

Então, de certo modo, o MPF ecoou um alerta que a oposição vinha fazendo, quanto ao empréstimo do Proredes?

Mais de R$ 10 milhões para comprar panfletos. Nós precisamos é de remédio, de um novo aparelho de radioterapia. Talvez esses panfletos fossem para outras coisas. Eu, com esse dinheiro, construiria o Hospital do Câncer, porque até hoje não teve nada. Eu estou questionando se o projeto já foi terminado porque eu não vi convênio nenhum na Caixa Econômica. Eu construiria o centro de especialidades que falta no interior do estado em Estância, Tobias Barreto e do sertão. Eu faria o centro de reabilitação de pessoas vítimas das drogas. Faria um outro grande sonho que é o centro de diagnósticos, que seria um grande edifício onde tivéssemos cinco aparelhos de ressonância, 10 de tomografia, vários aparelhos de endoscopia, dezenas de aparelhos de ultrassom, de raio-X. Os aparelhos quebram, entram em manutenção, e para dar certeza que teremos os aparelhos funcionando 24 horas, sete dias por semana. Aquele cidadão que mora no interior poderá fazer seu exame de noite, e se não pode fazer durante a semana porque está trabalhando poderá fazer no final de semana. Daria para fazer tudo isso e eu mostro com números. Agora, comprar panfletos? Reformar uma Secretaria de Saúde que só tem dois pavimentos, um elevador, que não pode modificar nada no prédio porque é tombado? Eu falo porque conheço todos os corredores e todas as salas da secretaria. R$ 10 milhões? É possível fazer muita coisa. Mas para esse governo, dinheiro público não tem valor e a dificuldade que ele passa hoje em dar o reajuste ao servidor é porque a máquina está inchada, está gorda de cargos comissionados e secretarias. Tem mais secretarias do que São Paulo e Minas Gerais, e olhe que São Paulo tem um time maior que toda a Argentina.

Um servidor reclamou recentemente que trabalha há anos no Estado e ganha, segundo ele, dez vezes menos que uma pessoa que ocupa um cargo comissionado e senta no birô ao lado com a mesma função. Como o senhor avalia este tipo caso?

É o hábito desse governo. É a forma de gerenciar dessas pessoas que aí estão. Nada modificou. É a mesma passada com perseguições, àqueles que reagem, àqueles que lutam contra esse desgoverno, e com apadrinhamentos daqueles que se beneficiam. Muitos não sabem nem a repartição que estão lotados. Três anos sem reajuste, não sei se terá, e se tiver espero que ele pague os 20% ou 40% que foi corroído do servidor público, porque dinheiro tem, mas o que não tem é prioridade. A situação é tão grave que se atinge o limite prudencial de 48% sem estar incluído os servidores da saúde e os servidores da fundação, que está de fora disso tudo. Veja como a máquina esta gorda em detrimento daqueles que realmente serviram o Estado como profissão. Para o servidor, são mais de 20% de perdas todos os anos. O preço da farinha, do feijão, da carne, não é igual ao ano passado. O governo mostra que nos últimos três anos teve inflação superior a 30%, mas não é isso que a gente vê no supermercado e na feira. Imagine a perda do servidor público que às vezes não ganha nem um salário mínimo. Eu queria ver um cargo comissionado menor que um salário. Veja a gravidade e o descaso que estamos vivendo no nosso Estado. Chega! Precisamos reagir a toda essa perversidade, a todos esses descaso.

O senhor lamentou a postura de determinados setores da imprensa. Há uma censura contra quem faz oposição ao Governo do Estado, é isso que o senhor quer dizer?

Com certeza. Capatazes foram contratados para chicotear, bater, agredir. Todo Sergipe sabe disso. Gente que bate sem pena nem dó só porque a gente está dizendo não a tudo isso. Esses capatazes não são contratados por qualquer preço: são contratados por preço de diamante. Pagam, e pagam bem. Mais de R$ 40 milhões em comunicação em alguns meses. É muita maldade. Com esses R$ 40 milhões eu construiria o sonho da juventude sergipana que é a Universidade Estadual. Poderia chegar a Tobias Barreto, a Propriá, onde a nossa Universidade Federal não está. Há muita gente ganhando dinheiro de forma desonesta para bater, agredir, violentar. Antigamente eu não saia de casa sem escutar um programa de rádio ou sem ler um jornal. Hoje em dia confesso, não vou generalizar porque eu sei que tem muita gente boa de índole e caráter que não se vende, mas que existem os capatazes ganhando muito tem.

O senhor defende uma investigação sobre que está denunciando?

Poder ter certeza que o dinheiro público, se for da vontade de Deus e do povo, será respeitado. Tem muita gente ganhando dinheiro de forma perversa, malandra. Já existem os órgãos para investigar a aplicação desse dinheiro, já tem as instituições, mas não tenha dúvida que tem que se fazer um diagnóstico para se dar um tratamento.

Como o senhor avalia o desejo do pré-candidato Jackson Barreto de ter o prefeito João Alves, adversário histórico, em seu palanque?

Sou daqueles que procura defender o princípio da coerência. Eu não escondo que minha escola política: foi a de doutor João. Meu primeiro partido foi o antigo PFL. Estou no meu segundo partido. Eu nem pensava entrar no mundo político, mas quando entrei optei pelo PSC e confesso que me identifiquei defendendo os princípios e valores cristãos. Tudo a ver com a minha conduta de vida. Todos nós somos filhos políticos dessa escola criada por doutor João, e em alguns momentos confesso que houve uma separação, mas o respeito e a consideração sempre houve.

Mas e a possibilidade de uma aliança entre Jackson e João Alves? O senhor acha que Sergipe entenderia uma aproximação entre dois históricos adversários?

Ninguém esquece. O eleitor de doutor João, nosso eleitor. Íamos para as ruas defender e éramos agredidos. Eu fui secretário de doutor João e lembro quando ele falava quando encontrava nos corredores com o governador e ele e verbalizava o governo de doutor João. Não eram bons adjetivos não. Na vida da gente temos que manter o princípio da coerência. Fizemos uma aliança com Déda porque precisávamos de um cargo majoritário para o Senado, mas não indicamos nada. Tivemos uma pequena participação no segundo governo de alguns meses somente, mas no primeiro governo absolutamente nada. No segundo apenas uma participação e se não aceitássemos iam dizer que estávamos pensando em romper. O trabalho foi feito, a nossa ajuda foi dada.

O senhor sente que o PSC contará com João Alves no palanque?

Tenho toda convicção. Deu certo em outros momentos e eu acho que a fórmula vai ser repetida, mas com um novo aprendizado. Nós temos que justificar o milagre da vida aprendendo para que nossas atitudes tenham resultados melhores.

A aliança está sendo feita contando com a pré-candidatura da senadora Maria do Carmo na mesma chapa do PSC ou há outras possibilidades?

Existem outras possibilidades, mas acho que esse (Maria pré-candidata ao Senad0) é o caminho natural. Pode ser que seja tudo diferente. A política é muito dinâmica. Não é a atitude de um só, mas de muitos, e muitos só correm se outros quiserem.

E as conversas com o senador Valadares?

Têm existido, sim. Não só com Valadares, mas com muitos outros partidos. Com o PV, PPS, com o PDT. Estamos afunilando porque a lei põe um prazo final para tudo isso. Tudo que foi planejado, se olharmos um pouco o retrovisor da história, desde a origem do nosso bloco político, tem acontecido. Em 2006, quando surgimos no mundo político, tinha um planejamento de fazer a maior bancada e fizemos 6 estaduais e o federal mais votado da história de Sergipe até então. Em 2008, fizemos um número bem maior de prefeituras, de gestores, em 2010 planejamos uma candidatura ao Senado e tivemos êxito como o senador mais bem votado da história de Sergipe, fizemos dois federais e a maior base na Assembleia Legislativa. Quando houve o rompimento, causado não por nós, o que fizemos foi reagir e não agir, havia a promessa de que a presidência da Assembleia deveria ser mantida, como foi mantida no primeiro governo, na hora que o governo pensou diferente reagimos e mantivemos a nossa base. De lá para cá, o governo anunciou o tempo todo a maioria, mas só tem a maioria no período de férias. Mas nem assim fizemos uma oposição irresponsável. Procuramos fazer uma oposição respeitável, apoiar aquilo que é bom, dizer não a falta de transparência que o governo queria no Proinveste, Proredes, mas sem perseguições, sem maus tratos, agindo com muita responsabilidade e muito zelo e transparência total. Transparência é o princípio da formação do estado, da publicidade necessária, do zelo necessário. Um dos princípios que sustenta e alicerça o nosso modelo de estado. Quando a gente percebeu que não tinha transparência foi exigido no Proinveste , no Proredes e as emendas necessárias. Na sequência, com o rompimento redirecionamos e lutamos contra o governo e a Assembleia elegeu dois novos conselheiros. Tudo que foi planejado no plano macro tem acontecido, e espero que continue acontecendo.

Modificado em 18/06/2014 07:23

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