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“Espero que Edvaldo possa ver em mim um parceiro na luta pela reconstrução de Aracaju”, diz Lucas Aribé

“Precisamos deixar as questões eleitorais de lado”, avalia o vereador do PSB

Lucas: sem opinião sobre 2018

Por Joedson Telles

Mesmo estando filiado ao PSB, o vereador Lucas Aribé assegura que não fará uma oposição radical à gestão do prefeito eleito Edvaldo Nogueira (PC do B). Segundo ele, ao contrário, pretende manter o diálogo aberto com o Poder Executivo. “Principalmente com o prefeito, algo que praticamente não consegui durante a gestão de João Alves. Espero que Edvaldo possa ver em mim um parceiro na luta pela reconstrução de Aracaju. Precisamos deixar as questões eleitorais de lado”, diz o vereador. Ainda nesta entrevista, Lucas Aribé avalia que o governo Jackson Barreto está abaixo do que se espera, e defende uma reforma no secretariado para que a gestão possa dar respostas convincentes à sociedade. “Destaco dois fatores que estão complicando gradativamente o quadro e que, para mim, devem ser resolvidos imediatamente: a atuação de alguns secretários e a falta de definição das prioridades da gestão. Não adianta querer resolver tudo ao mesmo tempo. É urgente fazer uma reforma administrativa, não só modificando parte do secretariado como também definindo os rumos de Sergipe”, diz.

Como o vereador Lucas Aribé avalia essa polêmica envolvendo o aumento de 25% nos vencimentos dos vereadores?

A polêmica tem como principal causa o descontentamento da população por conta da situação política e econômica por que passa o Brasil como um todo. Estranho o fato de a imprensa repercutir somente agora o reajuste, pois o mesmo foi aprovado em maio. Apesar de reconhecer a legalidade do Decreto Legislativo 18/2016, que fixa o subsídio dos vereadores de Aracaju para o próximo quadriênio, acredito que o reajuste é muito alto e não reflete a realidade do nosso povo. Enquanto os servidores públicos da Câmara lutam por um plano de carreira há muitos anos, os da Prefeitura enfrentam atrasos salariais, perda recente do plano de saúde, a Prefeitura não vem pagando diversos fornecedores, a população fica sem limpeza da cidade, alimentação escolar, etc. Considero que o subsídio atual dos vereadores pode ser mantido tranquilamente pelos próximos quatro anos. A revogação do Decreto seria uma demonstração de solidariedade com os diversos cidadãos aracajuanos que se encontram numa situação muito pior do que a nossa. Volto a afirmar: o Decreto não é ilegal, não há nenhum erro formal na sua publicação.

Pagar salários e garantir outros benefícios a 10 vereadores a mais que o número permitido por lei não deveria gerar a mesma indignação?

Com certeza. Estamos acompanhando algo inédito em Aracaju. O pior é que não se tem uma ideia de quando sairá a decisão da Justiça sobre a Operação Indenizar-se. Enquanto isso, Aracaju possui 34 vereadores com mandato, sendo que 10 estão afastados apenas da CMA. A população começou a fazer sua parte, quando decidiu através do voto os parlamentares que deverão continuar, retornar ou estrear na CMA. De lá para cá, percebo o povo calado com relação a isso, ficando preocupado apenas com o reajuste dos subsídios, algo que só valerá a partir do próximo ano. É necessário que os aracajuanos cobrem do Poder Judiciário uma posição sobre os parlamentares que estão sendo investigados nesta Operação. Como já falei na tribuna da Câmara, repito aqui: não estou acusando nem condenando nenhum desses meus colegas. O processo de investigação não significa condenação.

Como será a oposição feita pelo vereador Lucas Aribé à gestão Edvaldo Nogueira?

Pretendo manter a linha de atuação pautada sempre na defesa dos interesses dos cidadãos. Não trabalharei com radicalismo, pelo contrário, pretendo manter muito mais diálogos com o Executivo, principalmente com o prefeito, algo que praticamente não consegui durante a gestão de João Alves. Espero que Edvaldo possa ver em mim um parceiro na luta pela reconstrução de Aracaju. Precisamos deixar as questões eleitorais de lado, uma vez que a campanha já terminou e o povo escolheu seus representantes. Todos sabem que eu defendi o candidato Valadares Filho. Eu também sei e reconheço a vitória de Edvaldo Nogueira. Mais uma vez, os aracajuanos me colocaram na oposição. Trata-se de composição de bancada em função das coligações existentes durante o pleito. Como vereador, serei um fiscal do Executivo e, como político, estarei atento ao cumprimento das promessas apresentadas pelo prefeito eleito nos seus programas eleitorais, bem como nos seus atos públicos de campanha.

O caos a ser encontrado pelo prefeito eleito não lhe confere um tempo para arrumar a casa?

Sim, sem dúvidas. Estou preocupado com estes últimos dias de gestão do prefeito atual, diante do quadro absurdo, vergonhoso e desrespeitoso que os aracajuanos enfrentam há mais de um ano. Edvaldo terá de lidar com dívidas enormes, empréstimos, jurus e outros problemas provocados por João. Entretanto, vale lembrar que a Prefeitura é impessoal, e cabe ao novo prefeito tomar medidas imediatas, podendo ser radicais no início, para garantir pelo menos os serviços básicos em pleno funcionamento e os salários dos servidores em dias.

Quais foram os maiores equívocos da gestão João Alves para se chegar a este ponto?

O principal foi a falta de planejamento. A gestão não teve a devida organização para controlar as finanças da cidade. Um fator que também contribuiu negativamente foi o crescimento gigantesco no número de cargos comissionados da Prefeitura, ou seja, indicações políticas do próprio prefeito, de alguns vereadores e dos partidos que apoiaram a gestão, chegando ao registro de mais de 2.500. A troca de secretários, principalmente nas pastas da Fazenda e da Saúde, reforça a desorganização administrativa, culminando na inédita nomeação de um secretário para gerir, concomitantemente, ambas as pastas. Tivemos também vários pedidos de empréstimos para a realização de obras, a exemplo da Avenida JK (antiga Perimetral Oeste), do estacionamento/garagem, do “Bairro Modelo”, do camelódromo, para a reforma do Parque da Sementeira e para a implantação do BRT. Infelizmente, não tivemos a oportunidade de assistir à inauguração de nenhuma dessas obras citadas. Muito foi prometido e pouquíssimo foi feito. A periferia de Aracaju foi abandonada. A única obra de destaque foi o Calçadão Formosa Aracaju, situado na zona nobre da capital. Devo comentar que essa obra foi inaugurada apresentando falta de acessibilidade, ferindo a Lei Federal nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

Pelo fato de o prefeito João Alves ter maioria na Câmara de Aracaju, a Casa passa a ser cúmplice dos problemas da gestão? Daria para ter fiscalizado mais e erros serem corrigidos?

Entendo que a CMA, em determinados momentos, tornou-se corresponsável quando aprovou, por maioria, proposituras que feriam preceitos constitucionais para atender os interesses da gestão. Não posso esquecer as diversas vezes que fomos convocados, de forma extraordinária, para votar proposituras que não tinham o apoio do povo (criação da Contribuição de Iluminação Pública, aumento abusivo do IPTU e da tarifa de ônibus), outras que atendiam o setor empresarial (alteração do Gabarito de edificações, alienação de terrenos do município), e outras que, na prática, não fizeram nenhum sentido ou não aconteceram de fato (incorporação da Emurb com a Emsurb, criação da Zona Metropolitana de Aracaju para a realização do Consórcio do Transporte Público). Todas essas iniciativas foram amplamente defendida pela bancada de sustentação do prefeito.

O que o vereador Lucas Aribé espera da nova legislatura?

Espero que eu possa atuar muito mais próximo dos aracajuanos, ouvindo suas sugestões, reivindicações e buscando as soluções dos problemas por eles apontados. Pretendo ampliar o trabalho que desenvolvi na luta pela acessibilidade e pela inclusão social. As promessas que fiz à população são desafiadoras, mas tenho certeza de que não faltará em mim disposição, garra e coragem de buscar cumpri-las.

E do próximo presidente do Poder Legislativo de Aracaju?

Espero que ele torne a CMA um verdadeiro espaço democrático, onde a população tenha voz ativa e seja estimulada a frequentar a Casa. Que ele não afaste o povo nos dias de votações polêmicas, e que a Câmara seja realmente um poder autônomo e independente do Executivo. Não quero dizer com isso que não se pode trabalhar em parceria. Pode e deve. Para que a parceria exista, é necessário que o Executivo respeite o Legislativo, que este também o faça em relação ao Judiciário, enfim, que os limites regimentais e constitucionais não sejam ignorados em nenhuma oportunidade.

O senhor defende uma candidatura do senador Valadares ao Governo do Estado, em 2018? Por quê?

Creio que ainda está cedo para pensar em 2018. O problema é que, na política, quando se termina um pleito, já se inicia a construção do próximo. Por outro lado, o povo sofre com o descumprimento das promessas feitas pelos detentores do poder e acompanha os pronunciamentos, as iniciativas, as intrigas, baixarias, agressões verbais e outras demonstrações de desrespeito entre as autoridades. No momento, sinceramente, não tenho opinião formada sobre as eleições de 2018.

Como político e cidadão, qual a sua avaliação sobre a gestão Jackson Barreto?

O governador tem feito uma administração abaixo do que se esperava. Destaco dois fatores que estão complicando gradativamente o quadro e que, para mim, devem ser resolvidos imediatamente: a atuação de alguns secretários e a falta de definição das prioridades da gestão. Não adianta querer resolver tudo ao mesmo tempo. É urgente fazer uma reforma administrativa, não só modificando parte do secretariado como também definindo os rumos de Sergipe. Reconheço a crise, mas não se pode trazer apenas isso como justificativa para todas as ações que não deram certo até agora. As intrigas políticas não levam a nada. É preciso sair do palanque e focar nas necessidades dos sergipanos, especialmente os mais pobres e os servidores públicos.

Modificado em 27/11/2016 09:30

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