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Emília sobre disputar a Prefeitura de Aracaju: “Na política tudo é possível”

“Muda o tempo inteiro. Não posso dizer que é um assunto de porta fechada”, afirma

Por Joedson Telles

A vereadora Emília Corrêa (Patriota) deixa evidente, nesta entrevista que concedeu ao Universo, neste domingo, dia 26, que a possibilidade de entrar na disputa pela Prefeitura de Aracaju, nas eleições 2020, nunca deixou de existir. Emília cogita, sim, uma pré-candidatura a prefeita da capital, mas, no momento, continua pré-candidata à reeleição. “Na política tudo é possível. Muda o tempo inteiro, do dia para a noite. Eu acho pouco provável, mas não posso dizer que é um assunto de porta fechada”, diz a parlamentar. O entrave, segundo ela, está na palavra que deu ao grupo do Cidadania, que optou por lançar a pré-candidatura de Danielle Garcia. “Já ouvi que palavra em política não existe, que se fosse qualquer um dos membros do grupo a palavra seria irrelevante, diriam que mudou tudo. Eu sei que poderia acontecer isso, mas acontece que eu dei a palavra e faço questão em cumprir. Tenho dificuldade em não cumprir e isso talvez não me dê condições de aceitar um outro convite”, explica.

A senhora colocará o seu nome como pré-candidata à Prefeitura de Aracaju?

O que temos como certo é que Emília Corrêa é pré-candidata à reeleição de vereadora de Aracaju, se assim o povo quiser; e, acima de tudo, a vontade de Deus, onde sempre eu coloco minhas decisões. Com relação se eu colocarei meu nome à disposição para uma pré-candidatura à Prefeitura de Aracaju, na política tudo é possível. Muda o tempo inteiro, do dia para a noite. Eu acho pouco provável, mas não posso dizer que é um assunto de porta fechada. “A pré-candidatura” de Emília Corrêa à Prefeitura de Aracaju tem um conteúdo, tem uma contextualização. Lá em 2018, na candidatura a deputada federal, eu tive uma expressividade muito forte na minha votação com quase 53 mil votos, só em Aracaju foram 35 mil votos. Eu fui a sexta mais votada do estado. Eu estaria eleita se não fosse a legenda. A partir desse momento que não aconteceu a eleição de Emília, causou uma frustração muito grande no povo aracajuano e sergipano. O povo disse sim, a urna disse sim, mas a legenda disse não. A vontade do povo foi frustrada. Logo após o resultado da eleição o povo disse de imediato que eu seria a sua candidata a prefeita. Foi daí que começaram as menções, os apelos, e isso não é retórica de político não. É fato real. Mesmo assim, durante o ano de 2019, em nenhum momento eu confirmei essa pré-candidatura, porque eu estava aguardando como as coisas iriam se desenrolar, porque a política é muito dinâmica. Eu tive essa prudência e foi muito bom. Eu tenho mantido essa prudência e essa coerência. O que eu quero dizer é que meu nome não foi escolhido por ninguém. Não foi escolhido nem por grupo ou partido. Meu nome foi mencionado e escolhido o tempo inteiro pelo povo. Esse teste não foi feito através de pesquisa. Pela pesquisa, eu não estaria nem entre os oitos possíveis candidatos eleitos. O teste foi a urna, não foi a pesquisa. Mas claro que eu tenho consciência que cada eleição é uma eleição.

O que a motiva a tomar a decisão?

Toda decisão minha é motivada pela intensidade daquilo que eu acredito e penso. Toda motivação minha para qualquer disputa, principalmente dentro da política, é para andar na contramão de tanto roubo, de tanto assassinato que os políticos promovem para as pessoas. Isso me deixa indignada. Eu sei que eu sou uma pecinha tão pequena dentro desse contexto tão forte para o mal, mas mesmo assim estou me mantendo firme. O que me motivou e me motivará a continuar na política é a conservação de princípios de valores, de sentimentos, de respeito, dignidade, honestidade. Um homem público ou uma mulher pública tem a obrigação de ser honesto e parecer ser honesto. É isso que me motiva a qualquer coisa. Estão matando os sonhos de uma população inteira. Estão matando a dignidade dos idosos. Isso me motiva ter a voz, o voto, quem sabe até ter a caneta para definir alguma coisa. O que me motivou a entrar na política foi exatamente fazer o que tem que ser feito, e não fazer o que estão fazendo. O que deve ser feito é o ético, o legal. Não o que está sendo feito, há décadas, pela maior parte dos políticos. Estão destruindo a sociedade. Não respeitam os mais necessitados. Isso me gera uma indignação fora do comum – e somente isso justifica o fato de estar na política. Eu não tenho vantagem nenhuma na política que praticam, porque vantagem na política que praticam é de se dar bem. De ter dinheiro e poder. A minha estadia na política é exatamente o contrário disso. É só olhar se eu tenho algum tipo de vantagem na política. Só vejo muita dor e sofrimento, mas com esperança de que está dando certo. Está na mão do povo, de Deus. Eu não tenho medo de resultados. Nem do sim e nem do não do povo. Se o povo disser não, certamente, tem a vontade de Deus. Se o povo disser sim, deve ter a vontade de Deus. Muita gente fala que a vontade do povo não é a vontade de Deus. Deus dá o livre arbítrio ao povo. Como se diz, cada povo tem o governo que merece. Mas o povo já tem aprendido, e a gente tem notado isso. Até as regras são feitas para manter aquelas pessoas que precisam estar mantidos no poder.

A palavra dada a um grupo político pode pesar mais que um projeto que vise o bem coletivo?

Fazíamos parte de um agrupamento. Eu, o senador Alessandro, doutor Emerson, Milton Andrade, a deputada estadual Kitty Lima, o deputado estadual Georgeo Passos. Dentro desse agrupamento foram estabelecidos alguns critérios de escolha do nome da pré-candidatura, fosse de quem fosse, que isso seria feito através de pesquisas. O outro critério era que, caso alguém não estivesse melhor na pesquisa, esse alguém não poderia sair pré-candidato a prefeito ou vice por outro partido ou grupo. De imediato, todos os membros daquele grupo acataram esses critérios de pesquisa. Eu dei a minha palavra. Minha palavra tem valor, e não precisa de testemunha ou papel em cartório. Minha palavra não precisa ser lembrada em emissoras de rádio ou em falas. Simplesmente será cumprida. Essa é a grande dificuldade que os grupos políticos que têm conversado comigo encontram de um possível convencimento para que saia pré-candidata a prefeita de Aracaju. Eu já ouvi que palavra em política não existe, que se fosse qualquer um dos membros do grupo a palavra seria irrelevante, diriam que mudou tudo. Eu sei que poderia acontecer isso, mas acontece que eu dei a palavra e faço questão de cumprir. Tenho dificuldade em não cumprir e isso talvez não me dê condições de aceitar um outro convite. Eu imagino que o bem coletivo das pessoas também tem que estar ligado à ética, aos valores, às palavras dadas, porque isso gera credibilidade, confiança, bem-estar. Se eu acredito naquela pessoa isso vai me gerar um bem. Se for colocada em xeque a palavra daquela pessoa isso vai gerar mal estar para aqueles que acreditam em Emília Corrêa. Mas não é só por causa disso. É porque dentro de mim tem essa dificuldade na questão de não cumprir a palavra, e eu sempre cumpri minha palavra até quando me prejudicou, que é o caso agora no entendimento de alguns. Falam que o cavalo selado só passa uma vez, que política é o momento. Eu tenho fé em Deus que, certamente, se for da vontade Dele, eu vou entender a palavra sobre esse assunto. Mas eu preciso sentir paz nisso.

Como o Patriota recebe a sua decisão?

Partido é uma coisa muito complicada. É interessante como todos querem ser donos dos partidos. Isso é uma coisa que me diferencia. Não falo isso querendo ser melhor que ninguém. Respeito o meu partido, mas eu não gosto de partidos. Eu sou favorável a candidaturas avulsas. Eu tive a oportunidade de ser presidente do meu partido, mas não quis. Isso me coloca um pouco fora da curva e isso incomoda os políticos. Essa é minha forma de ser. O Patriota tem sido muito correto comigo. Até o dia de hoje, o partido tem respeitado minhas decisões na Câmara de Aracaju, os meus votos. O Patriota tem respeitado, inclusive, os meus valores, porque para o partido seria muito bom eu sair candidata a prefeita, porque teria uma boa visibilidade, mas mesmo assim estão me acolhendo e respeitando minha decisão de, hoje, manter minha pré-candidatura a vereadora. Por isso eu sou muito grata, e, por ser grata, eu também tenho ouvido o partido em alguns pontos que estão sendo pedidos. Mas nada que atinja meus valores, porque quando se começa a perder valores e princípios você começa a se perder de si mesmo e começa a ser incoerente e faz muita bobagem na vida pública.

Como está a sua relação, hoje, com o grupo do Cidadania? Já não é a mesma de antes do anúncio da pré-candidatura de Danielle Garcia?

Hoje, existe, sim, um distanciamento, mas por uma questão partidária do Patriota, de entendimento de muitos filiados que achavam que estavam confundindo o Patriota com o Cidadania. O próprio presidente pediu que a gente recuasse um pouco porque o grupo dos possíveis pré-candidatos a vereadores do Patriota estava achando que estava muito misturado e isso poderia atrapalhar a caminhada deles. O que temos como seguro é o nosso partido, principalmente numa eleição proporcional. Fizemos reuniões e ouvimos os filiados. O Patriota ouve os filiados. Eu posso assegurar isso porque participei de reuniões e houve apelos vencidos pela maioria, que venceu até mesmo o que eu pensava em fazer. Eu recuei em prol da maioria. Temos nos fortalecido enquanto partido. Não existe nenhum tipo de inimizade, mas o Cidadania tem um foco e o Patriota tem outro. No Patriota acontece de verdade esse poder de ouvir os filiados e decidir. Lá não é um que decide. É o grupo.

Se não for pré-candidata a prefeita qual será o seu palanque? O que pesa numa escolha importante como essa?

Claro que o partido vai me ouvir na hora da decisão de qual palanque vai subir, se vai ter palanque para subir, mas eu também vou ouvir o partido e saber o que é melhor para o partido e para os filiados. Uma pré-candidatura proporcional precisa que o partido esteja unido, se não, mais uma vez, não forma a legenda. Quem vai definir isso será o conjunto. A gente realmente tem praticado a democracia dentro do partido e tem ouvido. No Patriota é assim. O que vai definir essa decisão é o grupo e vai se definir o palanque ouvindo a maioria.

Quais seriam as prioridades de uma gestão sua à frente da Prefeitura de Aracaju?

Hipoteticamente uma prioridade em uma gestão seria a saúde, a educação, a mobilidade urbana, as áreas de criminalidade para que se estabeleça critérios de segurança dentro da competência municipal somada com a estadual. Isso aí é prioridade. Trabalhar principalmente a questão da acessibilidade. Em suma, cuidar das pessoas sem vantagem nenhuma para gestão, para amiguinhos, para cargos comissionados, parentes. Os erros vão se repetindo porque ficam tão obcecados pelo poder que aquilo que declarou que pensava, e até era, foi totalmente desvirtuado.

O seu trabalho na Câmara de Aracaju está dentro das suas expectativas?

Eu poderia fazer como parlamentar muito mais se não houvesse tanta obstrução, tanto boicote, tanta politicagem. Se não houvesse tanta desvirtuamento do que verdadeiramente é um parlamento. Eu protocolei diversos projetos e emendas à LDO, e tenho certeza que, de tudo que foi protocolado pela vereadora Emília Corrêa, cerca de 80% foi rejeitado com argumentos totalmente inadequados e fora da verdade, alegando inconstitucionalidade de quase todos os meus projetos que são importantes para a vida das pessoas. O que vale é o que o Executivo quer e o descarte dos que são pedra no caminho. Na verdade é assim que a gente é meio que tratado na Câmara porque estamos chamando o povo para enxergar. Isso atrapalhou, atrapalha e vai atrapalhar até o último dia de mandato da vereadora Emília Corrêa. Mas eu vou continuar protocolando, fiscalizando e denunciando. Quanto mais fizerem eu farei também. Tudo dentro das minhas atribuições legais parlamentares. Foi pra isso que fomos eleitos. Para atuar em favor das pessoas. É só visitar as redes sociais da vereadora Emília Corrêa e ver o trabalho dela em prol das pessoas de Aracaju. Desde o primeiro ano até o último ano não houve mudança na pegada e no trabalho da vereadora Emília. Acho que dentro daquilo que eu já esperava eu cheguei a atender as expectativas. Quem sabe até consegui um pouco mais; porque quanto mais eles colocavam obstáculos mais isso me motivava.

Como avalia este momento de pandemia que vive Aracaju?

É extremamente sem explicação o que acontece em Aracaju. Tivemos recursos federais chegando e não vimos a contra prestação desses recursos dentro da potencialidade que poderia ter. A gente assiste a um hospital de campanha fake, porque, pra mim, hospital de campanha em tempo de pandemia sem UTI é fake. São irregularidades visíveis, tanto é que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão investigando e fizeram as apreensões que deveriam ser feitas. A gente espera que não pare por aí, porque, no início do mandato de Edvaldo, houve também uma pandemia na falta de ética, de desvios, de transferências de valores em conta em véspera de eleição e está tudo investigado, mas a gente não viu respostas. Esse momento tem sido uma tragédia, uma falta de respeito com as pessoas, com o dinheiro público e muitos assassinatos com o nome de Covid. Digo isso porque a Covid mata, mas teve muita Covid que levou a vida das pessoas que foi por falta de assistência, de EPIs que não se tinha, de recursos humanos. Dinheiro teve e tem. Não teve e não está tendo é UTI. A gente está vivendo uma pandemia e falências de todos os jeitos. É uma falta de planejamento, de competência, de responsabilidade. É triste dizer isso. Tem muita gente adoecendo não só de Covid, mas psicologicamente, emocionalmente. Fora todas as doenças crônicas que em tempo de pandemia pararam de cuidar. Infelizmente é um estado de guerra. Tudo isso agora fica na mão de uma avaliação que não pode passar só por mim, mas por todas as pessoas. E acima de tudo uma avaliação do céu que é onde eu estou confiando e acreditando. Um julgamento justo e de cima para baixo.

Modificado em 26/07/2020 09:01

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