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“André carrega nas costas um presidente com 97% de rejeição”, diz Clóvis Silveira

Por Joedson Telles

O presidente do PPS de Sergipe, Clóvis Silveira, diz, nesta entrevista que concede ao Universo, que o pré-candidato da legenda ao Governo do Estado, o ex-deputado Mendonça Prado, terá, em janeiro de 2018, 10% ou mais de intenção de votos – e isso motivará o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) a ser pré-candidato ao Senado na mesma chapa, que além de Mendonça, já tem o ex-deputado João Fontes como pré-candidato ao Senado. Clóvis também assegura que surpreenderá, ao anunciar mais um nome de peso da política até o dia 17 de novembro, no Congresso do PPS. “Uma mulher”, diz sem revelar o nome, mas não negando a possibilidade de ser a jornalista Ana Alves (DEM). Clóvis ainda faz uma análise do momento político do deputado André Moura. “André se destacou como o maior sergipano com prestígio do Governo Federal. Mas isso não traz o voto. Talvez leve o voto. André carrega nas costas um presidente com 97% de rejeição. Não é fácil”, diz prevenindo André Moura sobre a consciência do eleitor. “O eleitor não é comandado mais não. No interior, você encontra 10 pessoas na rua com 15 telefones nas redes sociais. Não é uma liderança que vai mudar sua cabeça. O curral já era. Essa eleição de 2018 será de internet”, diz Clóvis. A entrevista:

Já houve uma nova conversa com o PSB sobre as eleições 2018?

Tivemos uma conversa e pedi ao senador Valadares a participação do PSB nesse projeto (a pré-candidatura de Mendonça Prado ao Governo do Estado pelo PPS). Discutimos vários assuntos, mas em relação ao fechamento ou não ficamos certos de só discutirmos no próximo ano.

Isso. Mas o PPS não abre mão da pré-candidatura de Mendonça e Valadares topa apoiar este projeto?

Eu conheço Valadares há mais de 50 anos e já fizemos várias parcerias. Eu já apoiei Valadares para prefeito e Valadares Filho para prefeito duas vezes. É uma parceria muito sadia e mais por afinidade do que por outra coisa. Diante disso, eu me propus a procurá-lo e conversar sobre nosso projeto. Como eu acho nosso projeto viável, eu pedi a ele para ver essa possibilidade e ficarmos de discutir isso a partir de janeiro do ano que vem. Com referência ao Mendonça, foi bem pensado. A gente sentou e analisou a possibilidade e vimos um vácuo que está em 2018. Eu estava conversando com ele sobre a sua participação como deputado federal porque tinha outra pessoa em vista para ser candidato a governador, que era o Henri Clay. Como Henri Clay tem algumas dificuldades, por ser presidente da OAB não pode se filiar a nenhum partido, só poderia acontecer se fosse em março ou abril de 2018, a gente lançar um nome ainda politicamente desconhecido não seria ideal esperar esse período. Foi quando eu analisei e vi essa possibilidade de Mendonça, que, por sinal, está melhor do que eu esperava. A sua filiação acontece no dia 17 de novembro, quando o PPS vai realizar seu Congresso Estadual A eleição da nova diretoria para o quadriênio 2017-2021. Nessa oportunidade, não só Mendonça Prado, mas também outros nomes de peso, como João Fontes, já estarão anunciados. Existem outros nomes que vamos deixar para ser uma surpresa para dia 17.

Essa pré-candidatura do PPS fará oposição ao Governo do Estado?

A gente ainda vai fazer planos, mas, a princípio, estamos pensando em entrar nesse vácuo e ser a terceira via. A favor do povo. O povo está pedindo uma nova opção e a dificuldade está no nome e acertamos no nome. Não somos contra ninguém, mas a favor do povo de Sergipe.

E Mendonça é o comandante?

Quando convidamos Mendonça colocamos na não dele o que ele chama de marinete. O destino é ele que vai dar. Hoje, qualquer coisa também passa por João Fontes, que também foi outro convidado. Eu sou conhecido por minha palavra.

Já tem algum partido próximo de fechar acordo com o PPS para construir uma aliança?

Existem dois partidos que estamos conversando e precisamos fechar para ganhar a eleição. Um é o PSB e o outro será uma surpresa, que está vindo por aí (risos). Um grande partido com o qual estamos conversando. Existem alguns partidos menores, que é o caso do PMN, mas nosso objetivo é trazer também Valadares e esse outro partido para engrossar essa fileira, e transformar a marinete de Mendonça numa locomotiva. É possível que esse outro partido indique uma vice, porque eu estou precisando de uma mulher na chapa. A mulher tem que ser representada numa chapa majoritária. Isso não quer dizer que já tenha decidido, mas estou discutindo com Mendonça a possibilidade de trazer um grande partido com uma mulher para ser pré-candidata a vice.

O partido é o DEM, e a mulher  a filha do ex-governador João Alves, a jornalista Ana Alves?

(Risos) Eu fui parceiro de João mais de 20 anos. Não seria ruim a possibilidade de o DEM estar com a gente. João pode não estar bem, porque teve duas gestões não muito boas por falta de recurso, mas ainda é um nome de referência em Sergipe. Isso fortalecerá muito essa candidatura que o PPS vai lançar. João vai morrer com a história dele viva. Pouca coisa em Sergipe que não foi João que fez. João seria ideal, mesmo que ele não participasse porque ele esta passando por um momento difícil. Não sei se a pré-candidata poderia ser Aninha. Poderia ter outro nome no DEM, se for o caso. Uma vaga de Senado, a de vice e a suplência serão vagas que iremos conversar. Caberia muito bem para aqueles que não estão satisfeitos nem lá nem cá.

Voltando ao senador Valadares, o que o senhor sente? Ele balançou?

Eu acho que somando todos os políticos que se dizem experientes não chegam aos pés de Valadares. Valadares é cobra criada. Você não sente dele nada. Mas eu vejo que a possibilidade dele estar com a gente é muito grande. Não só por ele, mas o filho precisa ser eleito deputado federal. Será que lá (com Eduardo Amorim e André Moura) dá pra ele? Aqui dá. Tem o deputado estadual, e será lá também dá para o PSB? Aqui dá. O nosso projeto deverá eleger de três a quatro deputados e a votação média será 15 mil votos. O pré-candidato do PSB, Luciano Pimentel, aqui, será o campeão de votos. A mesma coisa vale para o pré-candidato a deputado federal Valadares Filho. Se vier, será o primeiro eleito. Valadares não depende de ninguém para senador. Mas no projeto do PPS iria crescer. Em imagino que vamos obter uma faixa de 160 mil votos para deputado estadual. Esses votos não irão para Valadares, se ele não tiver com a gente. Valadares é o político mais experiente de Sergipe. A gente fala em João, mas Valadares dá nele fácil. Valadares é o político mais competente e experiente. Ele deve estar vendo com muito carinho essa possibilidade na vida dele. Antes ele só tinha uma opção, hoje tem duas.

O senhor está otimista, então?

Eu tenho um relacionamento muito forte de amizade com ele. Valadares é da terra da minha esposa (Simão Dias). Meu sogro foi vereador no grupo de Valadares várias vezes. Eu não sei se todos os mandatos dele. Politicamente, tenho um relacionamento bom porque eu apoiei Valadares sempre que ele precisou de mim. Em 2000, 2012, 2016. Isso me fez criar essa esperança de trazê-lo. Eu liguei para ele dizendo que queria conversar sobre política, em 2018. Falamos das possibilidades e ficamos de discutir isso a partir de janeiro.

As pesquisas são decisivas para Valadares tomar esta decisão. Concorda?

Acredito nisso. Eu espero que Mendonça tenha ultrapassado a casa dos 10%, em janeiro, para que a gente possa buscar as pessoas que acreditem na nossa campanha. Se Mendonça alcançar em janeiro ou fevereiro de 10 pontos para cima, eu não tenho dúvida que Valadares estará conosco. Eu estou surpreendido. Não esperava que chegássemos ao que está acontecendo hoje. Mendonça está solicitado em todo Estado. Eu esperava que alguma coisa acontecesse, mas não que chegasse a esse ponto. Estou acreditando na possibilidade de a gente chegar ao segundo turno.

Mas o PPS sabe que, caso vença a eleição, pegará o Estado numa situação difícil, sem recursos, não é mesmo?

Mendonça tem dito, com muita segurança, que o projeto dele é o feijão com arroz. Ele está pensando em refazer o que tem para pensar em outras coisas. Ele não esta sonhado. Está fazendo as coisas com os pés no chão. Como pensar no Hospital do Câncer, se uma sala no Hospital João Alves não funciona? Mendonça conhece a máquina. Por isso que ele tem condições de fazer um plano de governo com os pés no chão e eu acho que vai dar certo. Eu confio, e se der errado não será por falta de vontade de querer acertar. Será apresentado, depois da convenção, o plano de trabalho de Mendonça. Desde a década de 90, eu convivo junto com o governo e conheço alguma coisa. Sabemos da necessidade. Temos que conversar para implantar a mesma linguagem.

Acredita em outros pré-candidatos, além dos que já foram colocados?

Eu acho que qualquer coisa, lá na frente, deverá passar pela pré-candidatura do governo, da oposição e do PPS. Não vejo outra pré-candidatura que cresça. Acho que Belivaldo Chagas é um nome de consenso na base do governo, hoje. Poderá não ser candidato, caso não comece a mostrar a que veio. Já deveria ter evoluído bastante nas pesquisas. Mendonça, três dias depois que lançou a pré-candidatura, já estava com 3%. Como lhe disse, acredito que Mendonça passa da casa dos 10%, em janeiro. Na oposição, eu acho que Valadares só poderá ser pré-candidato a governador se não tiver outra opção. Ele gosta de ser senador. O Senado é o céu. No governo, ele diminui a vida dele e no Senado ele amplia. Eu Acho que ele não será candidato a governador. Eduardo Amorim e Valadares para o Senado a coisa pega. A solução mais viável para todos seria Eduardo indo para o governo e o deputado André Moura para a reeleição.

Pelo momento político, o cavalo está selado para André Moura disputar uma eleição majoritária?

Nunca em Sergipe teve um político que tivesse se destacado tanto nacionalmente quando André. O próprio Augusto Franco, João, Déda, que era compadre do presidente. André se destacou como o maior sergipano com prestígio do Governo Federal. Mas isso não traz o voto. Talvez leve o voto. Se o presidente Michel Temer não mudar alguma coisa até as eleições, ser candidato ao seu lado será difícil. Temer tem 97% de rejeição. É complicado para André. O povo recebe isso (as verbas que André ajuda a viabilizar para Sergipe) como obrigação de político. Não sei se isso será devolvido. André carregar nas costas um presidente com 97% de rejeição não é fácil.

Esta ligação com um Temer rejeitado pode afastar de André os prefeitos que ele beneficiou? É isso? Esse sentimento pode perpassar os aliados?

Eu lembro que fui candidato a vice-governador na chapa de João Alves e, naquele tempo, a gente só tinha um prefeito, que era Antônio Passos, que se manteve fiel. O resto caiu. Se o candidato tiver liderando, talvez acompanhe. Se não tiver, ninguém vai para o sacrifício não.

Não pede voto? É isso que o senhor quer dizer?

O eleitor não é comandado mais não. No interior, você encontra 10 pessoas na rua com 15 telefones nas redes sociais. O pessoal do interior está afinado com a política. Não é uma liderança que vai mudar sua cabeça. O curral já era. Essa eleição de 2018 será de internet. O cara tem que ter história, projeto e tem que ir lá dar um cheiro na testa do sujeito se não perde.

E André Moura, óbvio, tem consciência disso, não?

Ele deve estar aguardando que o governo melhore um pouco. De 10 pessoas, nove falam mal de Temer. Ninguém querer que isso respingue numa candidatura, principalmente André. A conta (de apoiar um presidente rejeitado) vai chegar uma hora – e será agora em 2018. Se o governo melhorar, não será bom só para André, mas para todos. Eu tenho um termômetro que é quando o governo melhora começa a pingar um dinheirinho no bolso (risos). Eu quero que melhore para mim e para todo mundo. Só que não vai dar para notar essa mudança se não for urgente. Está vindo uma reforma previdenciária que todo mundo é contra. Se Temer tem 97% de rejeição vai para 98%. Para melhorar teria que não mexer com o povo e diminuir o desemprego.

O PPS tem tido problemas com políticos que, depois de eleitos, não fieis ao partido. O que está acontecendo?

Isso é normal. Acontece com todos os partidos. Eu exijo fidelidade e não sou carneiro que morre calado. Eu jogo pra fora. Eu acho que a pessoa se elege pelo partido e tem que ficar no partido. Eu cobro isso e os outros não cobram. Eu não concordo com isso: você chega ao partido, não conhece o estatuto, se filia, se elege com dois mil votos, quando o quociente eleitoral são 11 mil ou 12 mil. Tem que obedecer à norma do partido. O partido foi traído e eu puni o vereador que traiu o meu partido. Eu não quero alguém que venha, se aproveite da estrutura e traia o partido. Foi traído o partido e os companheiros de chapa. A pessoa acha que não deve nada a ninguém e eu não me calo. As pessoas usam o partido como um objeto. Uma estrutura partidária custa dinheiro. Ser não quer pagar o que deve ao partido é outra coisa. Eu não consigo mudar isso, mas pelo menos desabafo. Eu falo e puno. Temos um grupo que dá a vida pelo partido. Aí elegemos dois vereadores, dois deputados e depois dão um pé na bunda do partido e dos companheiros que ajudaram? Essa cultura tem que acabar. Vai acabar em 2020, quando não vai ter mais coligação. Eles vão ter pouco espaço. Com o fim da coligação diminui o número de partidos porque vários não vão atingir o quociente. Esses picaretas que usam partidos como se fosse sem importância não vão ter espaço. A partir do momento que diminui o número de partidos tem como selecionar.

Modificado em 29/10/2017 09:37

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