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“Vocês vão ter que me engolir”, avisa Laércio

“A regra é bateu levou. Se falar na minha frente, eu respondo. Se for para uma emissora de rádio vai ter volta. Pode aguardar que o troco chega”, garante o parlamentar

Laércio: o troco chega

Por Joedson Telles

Pauta principal de alguns aliados do governador Jackson Barreto, o deputado federal Laércio Oliveira (SD) parece maduro para enfrentar o que o dicionário político define como “ciúme de macho”. Nesta entrevista, que concedeu ao Universo, na última sexta-feira, dia 24, Laércio Oliveira comenta a insatisfação externada com a possibilidade dele ocupar uma das vagas na chapa majoritária governistas para a eleição 2018. Segundo o deputado, tais “aliados” agem com a intenção de produzir notícias pelo fato de não terem o que mostrar à sociedade. Temem cair no esquecimento. “Outra coisa que eu acho é que há a intenção de desestabilizar o bloco do governo na intenção de ter um olhar diferente do governador, enciumado. Por que uma pessoa vai a uma emissora de rádio falar de um colega de agrupamento?”, indaga Laércio, deixando evidente não se intimidar com o chamado fogo amigo. “Não preciso entrar em emissora de rádio para dar recado. Mas a regra é bateu levou. Se falar na minha frente, eu respondo. Se for para uma emissora de rádio vai ter volta. Pode aguardar que o troco chega. Se acham que isso me desestabiliza no propósito que eu tenho, estão enganados. Eu trabalho com foco no que eu quero alcançar, sem nada que contrarie meus princípios morais que eu aprendi através do meu pai e da minha mãe. Como disse o ex-treinador da Seleção Brasileira, Zagallo, “vocês vão ter que me engolir”, resume. A entrevista:

O senhor foi mal interpretado na história da terceirização?

Eu não fui mal interpretado: muito pelo contrário. As pessoas têm se dirigido a mim reconhecendo a importância que foi o trabalho que eu desenvolvi enquanto relator desse Projeto de Lei e a importância dele para o Brasil, ao ponto que eu recebi uma mensagem do presidente da Câmara dos Deputados dizendo que eu fiz história. Tenho recebido manifestações de reconhecimento pelo trabalho que venho tentando fazer de todos os lados. Agora, é claro que eu preciso entender que existem aqueles contrários aos projetos, que não queriam que o Brasil tivesse a terceirização, mas a pergunta que ninguém me respondeu até hoje foi: aponte um direito do trabalhador que o projeto retira ou um direto conquistado pelo trabalhador que o projeto não alcança? Ninguém me responde essa pergunta.

Então é uma questão política?

A questão da terceirização no Brasil é ideológica. As pessoas se protegem de trás de uma ideologia, e esquecem de pensar um novo país. Mas precisamos, nesse momento, que o nosso país passe por um desenvolvimento, que consiga resolver a questão do desemprego e o que fizemos, na semana passada – e é por isso que a aprovação do projeto é tida como histórica – é porque, definitivamente, a gente começa a abrir a modernização das relações do trabalho para os brasileiros. Não existe nenhum desrespeito à CLT. A gente reconhece a sua importância. Isso é importante para que a gente acabe com milhares de brasileiros que estão desempregados. Eu fico preocupado com algumas manifestações ideológicas porque não têm a sensibilidade de trazer para si o sofrimento das pessoas que não têm emprego. Dizem que a terceirização não presta, que vai precarizar o trabalho, mas ninguém me aponta um direito que foi retirado dos trabalhadores. A gente a viver um momento novo. A terceirização como lei trará a segurança jurídica para as relações de trabalho e a atualização da lei do trabalho temporário. Com a reforma trabalhista, traremos o trabalho intermitente e o home-office, que é outra modalidade de contratação importante e a gente precisa regulamentar. Por isso que me sinto muito satisfeito e honrado de participar da construção desse momento tão importante.

Ao ajuizar que a mulher entende mais de limpeza que o homem, o senhor também foi mal interpretado?

Existem cinco mulheres que mandam na minha vida. Minha esposa, três filhas e uma neta de três anos. Minha vida são essas mulheres. Além disso, eu tenho uma a qual eu me curvo a qualquer hora do dia e da noite e aceito qualquer reclamação da parte dela, que é a minha mãe. O conceito que eu tenho de mulher é um ser sublime, que merece a minha reverência, respeito e carinho. No meu gabinete, que é composto de seis pessoas, todas são mulheres competentes, abnegadas, que têm vontade de trabalhar. Por tanto, entendo isso como uma maldade. Essa conversa surgiu de um comentário de uma entrevista que estava dando a um portal da Globo News sobre a terceirização no país. Eu expliquei a jornalista que num setor específico, como, por exemplo, asseio e conservação, têm dois milhões de trabalhadores no país e mais de 50% são mulheres, que não tiveram oportunidade de estudar em uma boa escola, mas têm a dignidade de terem suas carteiras assinadas. São mulheres honestas que merecem o reconhecimento de todos, pois lutam diariamente para fazer sua feira, criar seus filhos. E essas mulheres, dentro dessa atividade específica, representam mais do que os homens, porque ninguém faz uma limpeza melhor do que a mulher. Foi isso. Reconheci o talento da mulher em mais uma área de trabalho. Assim como existem excelentes profissionais do sexo feminino em outras atividades também. Mas, infelizmente, extraíram o texto como se eu tivesse fazendo alguma agressão ao trabalho que as mulheres fazem. Quem me conhece sabe que eu jamais faria uma coisa como essa. Minha mágoa é justamente por isso, por essa maldade construída apenas com uma parte do que eu falei sem falar no contexto. A gravação está disponível na internet para quem quiser ver.

Está havendo o famoso “ciúme de homem” no grupo do governador Jackson Barreto, depois da sua chegada? A luta por espaços está acirrada?  

Há comentários que escuto e custo a acreditar. Mas a política tem dessas artimanhas. Estou no grupo para somar, e não tenho ouvido uma palavra diferente do governador sobre o trabalho que tenho procurado fazer. Recentemente, participei de uma reunião com o governador na qual ele chamava atenção: não há nenhuma necessidade de um membro do grupo de sustentação do governo ficar atirando contra colegas do mesmo grupo. O processo eleitoral está tão longe… Não têm sentido comentários que eu não posso ser a pessoa escolhida para disputar cargo A ou B. Eu soube que estão falando também sobre a coordenação da bancada de Sergipe em Brasília. Eu não fui colocado lá porque quis me colocar. Ninguém em Sergipe ouviu nenhuma crítica minha a nenhum colega. Seja vereador, deputado, senador… Não é da minha formação, e eu lamento profundamente. Felizmente, existe a eleição, que é um momento quando a sociedade escolhe seus representantes. Eu devo continuar fazendo meu trabalho com esse pensamento. Se no bloco do governo, os colegas e o governador entenderem que eu não contribuo com o governo, eu continuarei fazendo a política que sempre fiz, que acredito e que é reconhecida em todo canto. Não tenho nenhum desejo insano de disputar a eleição majoritária ou ser candidato ao Senado ou governo. Agora eu respondo e coloco a minha verdade quando me perguntam sobre isso. A certeza que eu passo para toda a sociedade é que eu vou disputar a minha reeleição. Eu tenho certeza daquilo que construí e aprendi nas eleições que disputei a pedir voto. Eu vou pedir o voto de novo a eles, e acho que tenho grandes chances de fazer minha reeleição. Se fizer e der certo ótimo. Vou fazer outro mandato. Se o povo entender que não, eu saio e vou cuidar da minha vida. Tenho certeza que fiz meu melhor. Não decepcionei as pessoas que acreditaram em mim. Se tiver a oportunidade vou disputar o Senado. Se tiver um entendimento de todos para disputar o Governo do Estado, eu vou naturalmente. Mas isso não é a razão de ser da minha vida. A razão de ser é procurar fazer um trabalho digno que tem me deixado muito feliz. Eu tenho um orgulho enorme de ser deputado federal. Isso me faz muito bem e muito feliz. Machado diz que eu não ando nos corredores: eu flutuo de tanta felicidade.

Ao deixar a oposição, o deputado Laércio Oliveira esperava enfrentar esta resistência em setores do grupo do governador?

Eu jamais esperei. Eu cheguei para dar minha contribuição. Fui leal com o governador e o governador também foi leal comigo. Tem sido leal. Lamento que meus colegas que fazem parte da base do governo fiquem com esses comentários. Eu quero entender qual o propósito de um comentário como esse. Eu acho isso uma política pequena, inconsequente, que só conturba a base do governador. Eu acho que o governador não merece isso porque tem tanta coisa pra fazer, tantos problemas. Eu tenho me colocado à disposição naquilo que posso fazer pelo estado, procurado aprender, fazer minha parte e não tenho nenhuma vaidade de buscar ajuda quando eu preciso de um colega. Mas um colega dizer numa emissora de rádio que Laércio não serve para isso ou para aquilo, que chegou agora e não ajudou a construir o governo? Longe de mim isso. Eu faço parte do bloco do governo e procuro, sem esconder de ninguém, uma qualificação baseada nas minhas atitudes. Se as minhas atitudes são simpáticas a uma parte e não a outra, eu lamento. A posição de todos precisa ser respeitar o posicionamento de cada um, e procurar construir alternativas. Dirigir palavras desqualificando o outro não serve para a boa política.

Laércio Oliveira em algum momento se arrependeu de ter deixado a oposição?

Eu não tenho arrependimento por ter mudado de grupo. Minhas atitudes são muito pensadas para que eu não viaje dentro do arrependimento. Estou muito satisfeito onde estou e tenho estado feliz na base do governo. Esses comentários maldosos não atrapalham minha vida. Se quiser ser mais sincero ainda não me incomoda, mas resposta tem. Eu não entro em uma emissora de rádio quando um colega está falando de mim, mas na primeira oportunidade, eu respondo exatamente aquilo que eu acho, como faço nesta entrevista. As pessoas que tiveram esse tipo de atitude comigo, eu lamento profundamente.

O senhor acha que o certo é se pautar nas pesquisas? E escolher por densidade eleitoral, e não por tempo no grupo?

Em alguns momentos, eu acho que atitudes como essa tem a intenção de fazer notícia. Não tem o que produzir, o que mostrar a sociedade e para não ficar esquecido fica criando notícia. Parece-me que é isso. Outra coisa que eu acho é que há a intenção de desestabilizar o bloco do governo na intenção de ter um olhar diferente do governador, enciumado. Por que uma pessoa vai a uma emissora de rádio falar de um colega de agrupamento? Inclusive, alguns dias antes, aconteceu uma reunião no Palácio e o governador deixou aberto para quem quisesse falar. Eu entrei mudo e sai calado. Eu não tenho crítica para fazer a ninguém porque a crítica eu faço diretamente a pessoa. Não preciso entrar em emissora de rádio para dar recado. Mas a regra é bateu levou. Se falar na minha frente, eu respondo. Se for para uma emissora vai ter volta. Pode aguardar que o troco chega. Se acham que isso me desestabiliza no propósito que eu tenho, estão enganados. Eu faço uma política light, moderna, para as pessoas, conforme o desenvolvimento do estado. E isso me deixa extremamente feliz. Minha vida sempre foi assim. Eu trabalho com foco no que eu quero alcançar, sem nada que contrarie meus princípios morais que eu aprendi através do meu pai e da minha mãe. Como disse o ex-treinador da Seleção Brasileira, Zagallo, um dia desses: “vocês vão ter que me engolir”.

Em certos momentos, a política parece ser mais rasteira que ela mesma?

A política em determinados momentos é uma tragédia. É comportamento de pessoas que se dizem políticos, mas não mostram porque vieram. Receberam uma dádiva da consagração através do voto nas urnas, e só desconstruíram o que já existia. O exercício que fica é o eleitor ter consciência de quem é seu legítimo representante. Quem ele quer que lhe represente. Está aí a fotografia dos políticos brasileiros. Está na hora de os sergipanos fazerem uma reflexão para ter bons representantes no parlamento, seja nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas ou no Congresso Nacional. Não quero dizer que os que estão lá são ruins. Temos uma bancada que foi escolhida pela população do estado e precisa ser respeitada. Todos são homens honrados e dignos, mas precisam mostrar serviço para sociedade, mostrar porque estamos ocupando as cadeiras do nosso estado. Eu desejo que todos que estão lá sejam reconhecidos nas urnas em 2018, mas para isso precisamos trabalhar.

Modificado em 27/03/2017 07:02

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