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A vingança a espelhar que chegamos ao fundo do poço

Por Joedson Telles 

Sergipe pode estar assistindo, neste momento, ao crescimento de uma cultura preocupante: sentindo-se desamparada, a vítima da marginalidade esta sendo estimulada a reagir com violência. Descartar a polícia por não acreditar mais na instituição e aplicar ela mesma o corretivo que o bandido merece. Longe de ser exceção, o exemplo do carroceiro que foi espancado, em via pública, no último domingo, dia 17, e precisou ser conduzido a um hospital ilustra. Um dos agressores, espontaneamente, confessa a violência, “justificando” uma reação à criminalidade. Alega que o carroceiro de trabalhador não tem nada. Trata-se de mais um bandido solto a tirar a paz.

Não é o primeiro caso sinistro. Vez por outra, esbarramos em notícias sobre um grupo de “justiceiros” que, com cólera, espanca uma só pessoa sem misericórdia, alegando se tratar de um bandido. Normalmente, a violência acontece mediante um flagrante. É o que o lugar comum chama de “fazer justiça com as próprias mãos”, apesar do uso também de pedaços de paus, barra de ferro, pedras, chutes…

Preocupante. Vivemos no país da moda e cuja imprensa, às vezes, sem querer, joga mais a favor da violência que da paz. À medida que a mídia exibe este tipo de coisa, é como se estimulasse novas reações violentas. Alguma dúvida desta pedagogia nociva?

A verdade é que, por um motivo ou outro, autoridades vacilaram e os bandidos tomarem conta do pedaço. Insegurança é o ar respirado. Por sua vez, a sociedade parece não acreditar mais na polícia. No Estado. Está exausta de permanecer no papel de vítima, custear vencimentos de quem não dá respostas satisfatórias e ainda assistir a tudo de braços cruzados. Partiu, então, para medidas extremas.

Evidente que se equivoca gigantescamente quem defende uma especie de guerra civil. Violência só gera mais violência. Não pode ser o caminho da luz. Entretanto, é preciso entender o desespero de quem não encontra soluções práticas nos caminhos legais. Quem quer trabalhar, pagar impostos, mas a polícia não impedir que um filho da puta aponte uma arma e anuncie o assalto? Não é certo estimular reações violentas, mas é preciso entender a revolta.

Passa do momento de ações eficientes substituírem discursos ocos. Precisamos de quantas vítimas mais? Quando uma pessoa de bem perde a cabeça ao ponto de partir para a violência, quase que se igualando ao bandido, chegamos ao fundo poço.

Se algo não for feito em caráter de urgência, a tendência é cada vez mais aumentarmos as estatísticas de vítimas que reagiram à ação marginal. Mais sangue. Mais mortes. Apenas punir quem rege não soa solução. Mesmo tendo amparo legal é apenas mais um estímulo indireto à criminalidade. E, óbvio, uma forma nada inteligente de deixar a sociedade ainda mais revoltada.

Modificado em 19/09/2017 08:28

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