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“Tudo leva a situações que maculam a vida do homem público”

Por Joedson Telles 

“Hoje, tem que ter cuidado. Você não sabe a reação do brasileiro. Você chega à barbearia, ao supermercado, ao restaurante… Só se escuta as pessoas falando que político é ladrão. Você, mesmo não sendo, se sente constrangido. Tudo leva a situações que maculam a vida do homem público. Eu sei que, dificilmente, vou consertar o mundo, mas esse tipo de coisa tem me deixado pensativo em relação à vida pública. Ao longo desses anos, o que mais lutei foi para manter a honradez que me foi dada pelos meus pais. Hoje, sou um homem maduro com 54 anos, empresário há 34 e penso até que ponto vale à pena continuar envolvendo minha vida privada com a vida pública, porque, às vezes, as coisas se confundem – e dentro dessa confusão você pode ter um prejuízo muito grande na sua vida familiar. Esse tipo de coisa tem me deixado contrariado”, desabafa o vereador Juvêncio Oliveira (DEM), nesta entrevista que concede ao Universo. Ele comenta ainda os trabalhos na Câmara de Aracaju, explica o que justifica apoiar a gestão Edvaldo Nogueira, mesmo filiado a um partido de oposição ao partido do prefeito e comenta especulações sobre pré-candidaturas do governador Jackson Barreto (ao Senado) e do ex-prefeito João Alves (ao governo).

O que esperar do vereador Juvêncio Oliveira, neste segundo semestre?

Eu encaro as coisas com muita seriedade. Num contexto geral, não só o vereador Juvêncio, mas a Câmara de Aracaju tem feito esse papel, e eu acho que agora, passados esses seis primeiros meses, quando as coisas têm uma tendência muito grande de ter uma acomodação, porque existe aquele momento eufórico dos que chegam com aquela força toda, e, às vezes, os ânimos chegam a ficar acirrados, mas eu acho que agora com esses dias de reflexão em casa todos nós vamos voltar, nesta terça-feira (dia 1º de agosto), mais imbuídos ainda e voltados para os interesses da sociedade. Essa é a nossa esperança. Tenho algumas proposituras protocoladas, e aguardo o desenrolar nas comissões. Mas, acima de tudo, é o número altíssimo que vimos de trabalhos apresentados pelos vereadores. Significa dizer um comprometimento muito grande com a sociedade e esse comprometimento nos causa a reflexão que o momento político hoje, não só em Sergipe, mas no Brasil todo, carece de reflexão.

E como avalia o primeiro semestre do Poder Legislativo Municipal?

Eu não gostaria de ter um destaque em definitivo para essa pergunta. Eu acho que foi um momento de acomodação porque não podemos esquecer que o momento complicado que vive a política do nosso país tem um reflexo altíssimo na economia do nosso povo. Mas foi um primeiro semestre produtivo, principalmente pelos trabalhos apresentados por todos os parlamentares na Câmara.

Este momento complicado que vive a política, ao qual o vereador se refere, além deste reflexo na economia, tem um reflexo ainda maior nos próprios políticos, não?

Todas essas coisas têm deixado o brasileiro atônito, principalmente com a classe política. Eu entrei na vida pública em 2004 e sentíamos orgulho de dizer que tínhamos um mandato. Que fomos escolhidos pelo povo. Mas, hoje, tem que ter cuidado. Você não sabe a reação do brasileiro. Você chega à barbearia, ao supermercado, ao restaurante… Só se escuta as pessoas falando que político é ladrão. Você, mesmo não sendo, se sente constrangido. Tudo leva a situações que maculam a vida do homem público. Eu sei que, dificilmente, vou consertar o mundo, mas esse tipo de coisa tem me deixado pensativo em relação à vida pública. Ao longo desses anos, o que mais lutei foi para manter a honradez que me foi dada pelos meus pais. Hoje, sou um homem maduro com 54 anos, empresário há 34 e penso até que ponto vale à pena continuar envolvendo minha vida privada com a vida pública, porque, às vezes, as coisas se confundem – e dentro dessa confusão você pode ter um prejuízo muito grande na sua vida familiar. Esse tipo de coisa tem me deixado contrariado.

Os críticos dos políticos dão o bom exemplo?

A sociedade que cobra é a mesma sociedade que não respeita fila, o sinal de trânsito, uma ordem do agente de trânsito, um idoso… Os detentores do voto cobram, mas que não dão um exemplo a ser seguido, inclusive por nós políticos. Dizem que os políticos só aparecem de quatro em quatro anos, mas nossa vida é intensa, voltada para vários aspectos da coisa pública. Muitas vezes, o cidadão cobra isso é porque quer uma atenção diferenciada. Não quer algo no coletivo. Quer ver só o seu problema. Mas quando nos propusemos a entrar na vida pública não fizemos nenhum ato contratual que seríamos fidelizados a determinada pessoa. O nosso ato contratual é com a sociedade. O que deveríamos ser cobrados é tudo aquilo que for de interesse da sociedade, mas o que vemos hoje é que o eleitor vota em você, diz que está confiante no seu trabalho, mas, no fundo, quer ter uma atenção exclusiva. Se atender ao pedido dele, tudo certo. O vizinho, o bairro pouco importa. É isso que tem maculado a vida pública das pessoas que nela estão e que tem também atrapalhado o crescimento do nosso país.

Antiga cobrança da população, a revisão do Plano Diretor, a Câmara fará ainda este ano?

Na gestão que eu fui vereador, até 2012, o projeto foi tema de vários debates e, por pouco, não foi votado. Talvez, o período eleitoral fez com que, naquele momento, não fosse oportuno. Tudo gira em torno da vontade do eleitorado. Enquanto isso não acontece, enquanto as pessoas se preocupam com picuinhas, trazendo informações que não têm 1% de realidade, a cidade vai ficando em segundo plano. As calçadas não têm limite, as construções acontecem de forma desordenada. Na administração passada, quantos postos de emprego foram perdidos? Devido ao Plano Diretor não ter desenvolvimento e conclusão, a administração que saiu (gestão João Alves Filho) resolveu trancar as portas, e as obras não eram aprovadas. Um número muito grande de empresas teve projetos reprovados porque não tinha algo que desse a regra e o direcionamento correto. Obras que não acontecem, desempregos que aparecem. Por isso que estamos com a situação tão ruim no campo da construção civil por conta disso também.

A saúde pública de Aracaju avançou, nestes primeiros meses de gestão Edvaldo Nogueira?

Eu fiz parte do secretariado da administração passada. O passado do ex-prefeito João Alves é limpo. Ele trouxe avanços para todo o estado, e as dificuldades enfrentadas pela administração anterior foram herdadas pela administração atual. Temos que reconhecer que as dificuldades são grandes, mas a administração atual está tentando superar. Essa é a aposta. A própria sociedade apostou nisso. Até porque o prefeito Edvaldo Nogueira, em determinado momento, não tinha esse avanço todo que ganharia a eleição, mas a insatisfação da sociedade fez com que ele fosse crescendo. Você sabe que um político perder uma eleição estando no poder é quase que uma raridade, mas a leitura do aracajuano foi essa. Tudo aquilo que foi construído pelo ex-prefeito e governador João Alves foi apagado porque a nossa sociedade não quer viver do passado. O que passou foi obrigação porque os impostos foram pagos para tal e a pessoa foi escolhida para tal. Nossa sociedade é imediatista. Precisa ter o resultado em benefício instantâneo, e foi dentro dessa proposta que o prefeito Edvaldo Nogueira conseguir chegar à eleição e está lutando com unhas e dentes porque sabe que, hoje, com o mundo globalizado e informatizado, o esclarecimento está muito rápido. Uma informação num jornal impresso quando chega você nem quer olhar mais. Essa celeridade fez com que os administradores se modernizem e tentem se superar. Um exemplo muito prático é o prefeito de Salvador, ACM Neto. Você acha que a dificuldade política não bateu em Salvador? Claro que bateu. Mas teve superação e criatividade para continuar avançando. Passamos quatro anos na administração passada, o prefeito foi reeleito e continua muito bem avaliado em Salvador. Isso é o que esperamos, independente que seja João Alves, Edvaldo Nogueira, porque essa é a ansiedade da sociedade. Nós que fazemos queremos o avanço para nossa cidade. Hoje, eu dou sustentação ao prefeito Edvaldo Nogueira. Fui contrário, mas jamais, enquanto estiver na vida pública, serei contrário. Percebi que essa não é a vontade da sociedade. A sociedade quer pessoas que somem para o avanço. É nessa proposta que estou dando minha contribuição para benefício e em resultados para a sociedade. A mesma pessoa que aplaude uma crítica sua te condena quando acha que você poderia ter colaborado em alguma votação em benefício dela.

Como amigo de João Alves, Juvêncio acredita que ele disputará as eleições 2018, como especulam ser desejo dele?

O ex-prefeito João Alves, todos sabem, é um leão da vida pública. É um camarada que não se acomoda. Mas não podemos esquecer as limitações impostas pelo tempo. João Alves foi prefeito de Aracaju em 74. Quanto ele já trabalhou de lá pra cá? Quanto que o povo sergipano já foi beneficiado? É como jogador de futebol. O cara que era craque, há 15 anos, hoje está carcomido pelo tempo. Não tem mais a mesma velocidade. Ele não deixou de ser um cara bom, mas temos que entender que a velocidade do tempo se encarrega de colocar você pra baixo. Eu não tenho tido contato com João Alves. Tentei diversas vezes, mas não consegui. Sei que ele está em Brasília. Está tratando da saúde, o que é normal. Ninguém vai viver adolescente a vida toda. Algo que nunca podemos deixar de reconhecer é o legado que ele deixou de obras. O hospital se chama HUSE, mas todo mundo conhece como João Alves. A ponte se chama construtor João Alves, que é o pai dele, mas quando você fala da ponte as pessoas associam a João Alves Filho. Foi o cara que deixou a marca registrada. Eu sou um camarada muito grato. Entrei na vida pública em 2004 filiado ao PFL. Não conhecia nada. Estou nesse partido até hoje, que mudou de nome (DEM). Cheguei a ser presidente da municipal e João Alves da estadual. Fui eleito pela primeira vez que me candidatei por esse partido. Tive a oportunidade de, em 2006, ser convidado por ele para ser secretário de governo e depois tive uma nova oportunidade quando fui derrotado nas urnas, onde não tenho qualquer tristeza ou ressentimento ruim. Eu fui testado e não fui aprovado por alguma coisa que eu fiz que a sociedade entendeu que não foi o melhor, e a própria sociedade que me mandou pra casa me deu 5 mil votos para que eu votasse agora. Eu sou um cara muito grato por isso e dentro dessa gratidão eu quero colocar que quando fui derrotado não fui esquecido. Fui aproveitado em uma secretaria da Prefeitura de Aracaju comandada pelo ex-prefeito João Alves. Passei três anos e três meses à frente da Secretaria de Articulação Política, onde tudo que apresentamos dentro da Câmara conseguimos aprovar. Aprovamos pela forma que sempre me portei dentro do parlamento. Sempre tive as portas abertas e o respeito dos colegas, sejam eles de oposição ou de situação. Isso sempre foi público e notório. Isso facilitou para que as proposituras que apresentamos pelo Executivo fossem aprovadas. Eu não me recordo de ter tido alguma derrota. Isso me engrandece bastante e reitero que continuo e vou continuar sempre sendo um homem agradecido pelo meu professor político que chama-se João Alves Filho.

E a pré-candidatura de Jackson? Como a analisa?

Eu acho que é uma leitura não confirmada, mas muito bem encaminhada para uma consolidação. Seria um nome corretíssimo, que lutou muito para isso, um camarada que saiu lá de baixo. Quantas vezes contestado, Jackson conseguiu ser diferenciado? Um homem que tem um poder muito alto de mudar um quadro político eleitoral pela sua forma de superação. É uma aposta muito boa e eu tenho quase certeza que ele deveria premiar o nosso Estado buscando um espaço no Senado Federal. Aparentemente está muito encaminhada para tal, mas se o for eu tenho certeza que será de uma forma acertada e uma escolha muito boa do povo sergipano.

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