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Sergipe pode ficar sem a Polícia Militar nas ruas

Alerta parte do sargento Vieira, observando que só Jackson tem como evitar o caos

Vieira: apelando ao governador

Por Joedson Telles  

O sargento Jorge Viera, da Polícia Militar de Sergipe, alerta a sociedade sergipana para a real possibilidade de ficar sem a Polícia Militar nas ruas. Segundo ele, a única pessoa que pode decidir se a Polícia Militar permanecerá nas ruas combatendo o crime ou precisará optar pelo chamado aquartelamento é o governador do Estado, Jackson Barreto (PMDB), atendendo ou não as reivindicações dos militares e bombeiros. “Ele sabe do problema. Por que permitiu que isso acontecesse? Por que não houve um diálogo aberto e responsável? Conversação só não resolve. Agora está na mão dele. Ele está com a bola na marca do pênalti e pode fazer o gol contra ou a favor”, diz Vieira. O militar teme o caos na segurança pública, caso aconteça mesmo o aquartelamento e observa que situação já está ruim e ficará pior. “A vida está banalizada. A polícia está sendo engolida pelo crime, que se diz desorganizado, mas está muito mais organizado que o Estado”, diz.

O senhor, mesmo na reserva, continua na luta em prol do policial militar?

Eu continuo sendo militar e preciso desse salário para prover a minha família. A gente precisa estar na luta com todos militares, com os reformados, ativos e com toda a sociedade de maneira geral porque essa demanda é de todos os segmentos da sociedade. A segurança pública é dever do estado, mas direito e responsabilidade de todos.

E quais são os pleitos? A mesma pauta de sempre?

São antigos. Ao longo desses anos, a gente vem numa luta muito grande. As Associações e os policiais e bombeiros militares, para que o governo reconheça a nossa importância. Se você pegar, o pleito que foi há 5 anos, praticamente, é o mesmo de hoje. A questão da progressão da carreira, transformar nossos salários em subsídios, porque quem está dizendo é a lei: nosso salário tem que ser através de subsídio, mas o governo não cumpre essa determinação. Sem contar com a falta de amparo.

Também falta estrutura, não? 

Os policiais hoje trabalham com viaturas irregulares, com coletes que deveriam ser individuais, mas são coletivos (passam de um policial para o outro) podres de suor, e ninguém faz nada para resolver. Se for para os bombeiros, eles também têm suas deficiências, e olhe que os bombeiros são uma das instituições, hoje, mais respeitadas pela sociedade. Se fizer uma pesquisa vai ver que a principal demanda da população hoje é a Segurança Pública. O cara pode ter a melhor saúde e educação do mundo, o cara ceifa sua vida na esquina. Mostra que, quer queira quer não, a proteção da vida é primordial. Na vida ninguém pode tocar sem a permissão de Deus, e hoje a gente está vendo o cidadão perdendo sua vida por conta do amparo policial.

Pelo que o senhor diz, não há estímulo para o policial sair de casa e arriscar a vida…

Uma das coisas que contribui de forma eminente é a desvalorização do policial, principalmente os praças. Se você pegar o ciclo de atividade policial é 30 anos, e fala que o policial com oito anos tem que ser promovido a cabo. Ele chega a 19 e não tem perspectiva de sua promoção. Parece que é brincadeira, que é natural provocar o desestímulo para enfraquecimento de polícia. Quem ganha com isso é a marginalidade. Nosso movimento é pacífico, ordeiro, não estamos aqui para desrespeitar e medir forças. Estamos pedindo ao governo prudência e responsabilidade com relação à segurança da população sergipana. Não dá para os policias viverem com a antiga lição de “morrer pela pátria e sem razão”. Somos trabalhadores. Sangramos, choramos, e merecemos respeito.

E este movimento “Polícia Legal”?

É um movimento que eclodiu da insatisfação. Os companheiros queriam aquartelar. Tivemos um trabalho muito grande para não acontecer isso, e o governo desacreditando a gente, marcando reuniões, o governador viajou e isso foi ruim para tudo. Quando ele voltou não deu nenhum tipo de satisfação. A política de desvalorização está institucionalizada  e precisamos reagir pelo bem de todos nós cidadão brasileiros e sergipanos. Nesse contexto, desencadeamos esse movimento que eclodiu de forma natural provocado pela insatisfação. Isso mostra que a coisa não está boa  e pelo que a gente está vendo, de pessoas que chegaram da reunião e disseram que os reformados estão de fora desse processo. Que o subsídio é para a progressão da carreira dos ativos. Isso que está acontecendo e a tendência é a polícia aquartelar de vez. Nós estamos no limite – e insatisfação é uma coisa que ninguém segura.

Ninguém?

Quem vai ser fundamental nesse acontecimento é o governador Jackson Barreto. Ele pode sentar, pontuar e começar a resolver. Temos uma PEC em Brasília que vem para bloquear qualquer possibilidade de melhoria, e olhe que a gente não quer aumento salarial, a gente está buscando o que é justo: o reajuste da inflação e a transformação do nosso salário para subsídio, dos ativos e inativos, porque não é justo que eu que seja policial, trabalhe tanto pela Polícia Militar e, quando tiver uma melhoria, fique de fora porque não sirvo mais. Eu mereço valorização. Nossa demanda é geral. Quando você coloca a inflação em cima de quatro anos, não tivemos nenhum tipo de acréscimo de poder aquisitivo. É só manter o que a gente tinha há quatro anos, e nem isso está sendo mantido. E com relação à progressão da carreira, por mais que o governo dê agora, existem danos irreparáveis. O cara já tem 19 anos, vai reparar mais o que? Uma tropa envelhecia. Uma turma nova que vai entrar não vai resolver o problema, mas vai ajudar muito porque o efetivo é menor do que há 7 anos. Você vê o caos que está na segurança pública. O efetivo diminuiu a cada dia com as aposentadorias, o estado está crescendo e cresce a violência, porque o Estado não se preparou.

O Estado não se preparou? Como assim?

O mecanismo de Segurança Pública é falido e ainda insistem em fomentar essa arquitetura que são duas policias estaduais, onde uma faz o ostensivo e outra o investigativo. Isso está provado que não funciona. Tinha que ser criado uma nova polícia sem ser Civil e Militar com seus departamentos. O home entrava na corporação e já entrava no ostensivo porque está novo ia para as ruas. Com a experiência e idade ia para investigação. Com mais tempo ainda ele passaria para coordenar e você tinha uma progressão na carreira, uma carreira única, uma polícia que não ia competir entre si, um único prédio, o fortalecimento da máquina policial para proteger a sociedade. Isso é discussão séria e não somente ficar jogando para torcida. Junto a isso a legislação. Como permite que uma pessoa tire a vida do cidadão e volte para a sociedade? Tem que ser retirado da sociedade, ou de repente pena de morte ou prisão perpétua. O que não pode é dar a ele condição de tirar outras vidas. Nos Estados Unidos houve um caso recente que o cara foi preso e poderia pegar pena de morte ou perpétua e a pena dele foi perpétua. Ia viver praticamente como uma galinha com hora pra tudo e ele não suportou e entrou com os advogados para mudar a legislação e pegar pena de morte. Esse cidadão não teve mais oportunidade de tirar outras vidas. Precisamos copiar o que é bom.

Mas pena de morte?

Eu sei que duro, só que mais duro ainda é uma família perder seu ente querido por um menor e nada ser feito. Essa discussão mais dura deve ser feita com lei punitiva e pedagógica. Quem ver um exemplo desse não vai fazer mais. O menor tem que ser coibido. Ninguém está sendo contra as políticas públicas, mas não pode deixar como é hoje. Mata-se, comete-se só um ato de infração. A vida está banalizada. A polícia está sendo engolida pelo crime, que se diz desorganizado, mas está muito mais organizado  que o Estado. Já aconteceu aqui de quadrilha chegar ao interior do estado e barbarizar – e o Estado não consegue reagir porque não se trabalhou um projeto de segurança pública. Quando trabalha o enfraquecimento dos bombeiros e da Polícia Militar, se contribui para isso. Meu apelo é que os nossos chefes diretos não permitam que os policiais voltem àquela fase que os policiais  passam necessidade. Os companheiros policiais militares, que não podem exercer outra atividade que a lei não permite, estão voltando a fazer bico e a grande maioria está morrendo nos bicos e o Estado está dormindo em berço esplêndido e não reage. Faço um apelo ao governador do Estado: chegou a hora dele ser aquele Jackson Barreto do passado que ajudou em 2009. Ele sabe do problema. Por que permitiu que isso acontecesse? Por que não houve um diálogo aberto e responsável? Conversação só não resolve. Agora está na mão dele. Ele está com a bola na marca do pênalti e pode fazer o gol contra ou a favor porque ele pode virar o lado da posição do corpo e fazer o gol do outro lado. Ele que tem a força e a condição de fazê-lo. Se ele não fizer, paciência. Se ele resolver será o pai da criança. Se não resolver será o pai do caos dentro do estado de Sergipe.

Modificado em 09/08/2016 22:18

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