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Sem espaço na majoritária, PRB tem um pé na oposição

Por Joedson Telles

Pré-candidato ao Senado, o ex-deputado federal Heleno Silva, um dos líderes do PRB em Sergipe, parece decidido: se não fizer parte da chapa majoritária governista, arruma as malas e pousa na oposição. Heleno argumenta que as pesquisas mostram que ele é o melhor nome do agrupamento e não abre mão da disputa. “Eu tenho, no estado, cerca de 18% e posso chegar ao final do ano com 20%. Você não quer que eu abra mão de uma pré-candidatura altamente viável em favor de outros pré-candidatos que não têm o mesmo número que eu tenho. Você pede tudo a pessoa, só não peça para ela morrer. A pergunta é: o grupo que estamos já tem nomes que teoricamente já estão definidos: Jackson e Rogério? Mas nós do PRB queremos o nosso espaço. Com muita tranquilidade, a gente já avisou, há seis meses, que se não nos couber na chapa majoritária no grupo que estamos nós vamos buscar outras alianças”, diz Heleno Silva.

O PRB vem se reunindo para tratar de 2018. O que já existe de concreto?

O PRB, desde o final da eleição para prefeito, em 2016, que a gente tem se reunido e já definimos o nosso projeto para 2018. Isso discutido com a Executiva Nacional. O nosso Diretório Nacional, como saímos de 8 deputados para 25 agora, e o partido quer crescer mais, em 2018 estamos focados para lutar pela reeleição do deputado Jony Marcos. Estamos aguardando a definição do não ou sim do “distritão”, que deve definir essa semana. Se passar, vamos focar nossa candidatura estadual em dois nomes, sendo que se não passar temos chapa para eleger três deputados estaduais. Temos quadros.

E Heleno Silva?

Estamos preparados e vamos pleitear uma vaga na chapa majoritária com meu nome para o Senado. Eu fui deputado estadual, Federal por duas vezes, estive prefeito em Canindé, onde há sete meses se falava num desgaste de Heleno e, sete meses depois, se sabe que Heleno fez uma grande gestão na cidade porque a gestão de Canindé perdeu 50% da sua receita e eu ainda consegui entregar a cidade melhor. A nova gestão ganhou a eleição em cima do meu suposto desgaste e, agora, está em Canindé sem saber o que fazer, o que dizer ao povo porque ganharam a eleição dizendo que eu era um mal gestor e eles não discutiam a crise em Canindé e agora estão tendo que discutir. Estão em maus lençóis.

Então, hoje seu nome aparece bem, em Canindé, motivando esta pré-candidatura ao Senado?

Em Canindé, hoje, eu sou primeiro lugar para o Senado, o que mostra que o povo reconhece o trabalho que eu fiz. A pergunta é: o grupo que estamos, hoje, já tem nomes que teoricamente já estão definidos para o Senado: o governador Jackson Barreto e Rogério Carvalho? No mundo político se fala que são pré-candidatos ao Senado no grupo que estamos. Mas nós do PRB queremos o nosso espaço, e, com o aval da nacional, iremos em buscar. Com muita tranquilidade, a gente já avisou, há seis meses, que se não nos couber na chapa majoritária no grupo que estamos nós vamos buscar outras alianças. Não é novidade pra ninguém. Eu sou o pré- candidato ao Senado que mais cresci nos últimos seis meses. Eu tenho  rodado Sergipe, visitado comunidades. Quando deixei a Prefeitura de Canindé fiquei com disponibilidade para visitar as bases onde me elegeram duas vezes deputado federal. Há sete meses, diziam que minha pré-candidatura era uma aventura. Hoje, os grupos políticos já mostram que é uma realidade com chance de vitória, porque os números mostram que eu estou 8% atrás dos primeiros colocados. Os primeiros são nomes que já são senadores, que estão há 40 anos na política. No agrupamento que eu estou sou o primeiro lugar. Vamos lutar por essa vaga. O partido está definido no que quer. Não vai vacilar na hora de fazer essa escolha.

O governador Jackson Barreto vai disputar o Senado. Este “fato novo” muda muita coisa no agrupamento, não?

Jackson disse que não seria candidato e incentivou pessoas do seu grupo a serem, inclusive a mim, a Fábio Mitidieri… Mas política é muito do momento. A gente respeita a atitude do governador. A gente sabe que ele tem um serviço muito grande prestado a Sergipe, nesses 40 anos de vida pública. Como são duas vagas, a gente está lutando por uma. O PT tem o nome de Rogério, mas a gente sabe que a visão de Rogério é disputar o governo. Belivaldo vai sentar na cadeira e vai ser um grande fator de decisão dessa eleição. Ele deve se lançar candidato, e as coisas passarão por ele também. A equação precisa ser fechada. Essa equação tem cinco atores para quatro vagas. O PMDB com dois nomes, o PSD que cresceu, o PT, que com a força de Lula se acha no direito de reivindicar uma vaga e o PRB. Isso será decidido no próximo ano porque a política brasileira cada dia vive uma surpresa nacional, que influencia muito aqui em Sergipe. A reforma política, o distritão não se sabe se vai passar. O PMDB pode sair de Jackson e ir para André Moura, que é a grande novidade na política majoritária hoje.

André Moura disputa o governo?

Ele está cacifado e trabalhando para ser candidato a governador. Você vê o movimento dele grande em cima disso. Ele é um articulador nato, está ocupando um cargo importante em Brasília, que é muito bom para Sergipe e a prova é que as grandes lideranças têm procurado ele para a solução de alguns problemas, inclusive, essa semana, eu estive com ele no Ministério da Fazenda tratando sobre dívidas de produtores rurais. O prefeito Edvaldo tem procurado ele e o próprio governador. André está num cargo muito importante. Eu acho que nós sergipanos que queremos o melhor para o Estado não podemos abrir mão dessa força que ele tem. Claro que com isso ele vai ganhando musculatura.

Acredita que ele possa mudar de grupo político em Sergipe?

Eu acho que não há espaço nem aqui (governo) e nem lá (oposição). Os grupos estão definidos. Mas pode haver mudanças nessa disputa de chapa majoritária. Você já escuta que, se não houver um espaço para Valadares, ele pode se juntar com o PT porque há uma possibilidade do PT se juntar ao PSB em nível nacional. Alguma mudança que houver vai ser nessa situação de chapa majoritária. Sergipe está igual ao Brasil, que não tem candidatos naturais. Tudo pode acontecer. Em Alagoas, já tem o Renanzinho, a Bahia tem o Rui Costa e ACM Neto, que sonha em ir também. Em Sergipe, a oposição está definindo os dois nomes do grupo: André e Eduardo. Valadares corre por fora numa boa performance. O governo tem os nomes de Belivaldo e Rogério, na força de Lula.

E quem seria melhor nome, hoje, para disputar o governo representando seu grupo?

Acho que o direito é de Belivaldo. Quem ousar entrar em sua frente sem a permissão dele está desrespeitando a fila do mundo político. O mundo político existe vez e a vez será de Belivaldo, até porque ele vai assumir o governo e está numa posição muito estratégica. Quem trabalha para ocupar essa cargo na posição de Belivaldo tem que trabalhar com sabedoria, até porque na força não vai conseguir. Na minha opinião, isso não vale em política. Só vale se for na amizade, respeito e união. No próximo ano, teremos uma eleição diferenciada. A gente vai falar com o povo que está decepcionado com político e com o sistema eleitoral. O povo desempregado e vendo as malas com R$ 50 milhões da vida. Vendo tanta corrupção no país. A gente tem que estar muito antenado. Eu fico muito feliz porque nós do PRB temos grandes quadros como Ivan Leite, o nome de Jony Marcos que cresceu muito com seus posicionamentos. Ele foi muito coerente nos votos em relação à Dilma, Eduardo Cunha e Michel Temer. Ele perdeu todos os espaços políticos que tinha na esfera Federal por fazer o enfrentamento com Michel Temer e isso o credenciou muito no Estado. É impressionante o quanto as pessoas, hoje, vêem em Jony uma atitude corajosa de, inclusive, ir contra o seu partido, mas ficar do lado do povo de Sergipe. Isso o credencia muito para as próximas eleições e quem sabe na frente pensar novos rumos.

Para eleger o saudoso Marcelo Déda, o PSB sacrificou o próprio Belivaldo, excluindo-o da chapa majoritária. Nessa conjuntura atual, o PMDB vai ter que sacrificar também ou tem espaço para dois nomes?

Aquela eleição foi interessante. Eu participei daquela discussão quando Déda anunciou que estava trazendo o PSC para o grupo e precisava da vaga de vice para Jackson. O PSB se estremeceu, Valadares não ficou satisfeito. Belivaldo depois veio ser secretário da Educação na cota do próprio Déda. Eu não sei como eles vão fazer, mas as partidos como PSD e PRB, que cresceram bem, querem seus espaços, e se não derem vão buscar suas soluções. Você não pode abrir mão de quem tem uma liderança muito grande no estado, que tem segmentos apoiando, que tem voz. Como está se deixando para cada dia a sua agonia, toda hora se muda as questões políticas no Brasil, eu acho que isso vai deixar para ser discutido no próximo ano nos 45 do segundo tempo.

Sergipe comporta uma terceira via?

Eu acho que não. Terceira via nunca teve sucesso. A última que a gente viu foi na eleição de 98, quando Valadares foi candidato pela terceira via e foram João e Albano para o segundo turno, naquele famoso acórdão, que Jackson perdeu para Maria. Podem ter algumas candidaturas avulsas por conta do sistema nacional. Tem um grupo que apóia Bolsonaro e deve ter candidato, a REDE apresenta nome. A grande surpresa nessas eleições de pesquisas de consumo interno que estamos fazendo é a Vera Lúcia, do PSTU. Ela tem aparecido em todo o Estado. Esse é o voto de protesto, daqueles que estão insatisfeitos com o sistema político. Ela aparece em todas as pesquisas acima de dois dígitos.

O caminho do PRB, então, pode ser uma composição?

A gente está discutindo isso. É difícil dizer isso, mas pode ser. Até porque o sistema nacional vai influenciar. A nacional acompanha a decisão do partido. A gente vai ouvir. O PRB nacional quer que Heleno dispute o Senado Federal. O partido conta com isso porque tem um senador e quer eleger cinco. Tocantins está na fita, Rio de Janeiro, em São Paulo Celso Russomano pode vir e aqui eles contam com Heleno. Eles não vão aceitar uma composição que Heleno não esteja participando. Outra coisa que temos a nosso favor são os números. Hoje, eu tenho, no estado, cerca de 18% e posso chegar ao final do ano com 20%. Você não quer que eu abra mão de uma pré-candidatura para o Senado altamente viável em favor de outros pré-candidatos que não têm o mesmo número que eu tenho. Você pede tudo a pessoa, só não peça para ela morrer.

O deputado federal Valadares Filho revelou que conversa com algumas pessoas do grupo de Jackson, viabilizando aliança. O PRB também tem dialogado com ele?

Ele encontra com a gente em aeroportos, na Câmara…

Não existe casamento sem namoro…

Fica bem na porta, abre a janela. A grande verdade é que a oposição está forte numericamente, mas eles precisam fechar o seu grupo. Eles percebem na gente do PRB a liderança popular muito grande. As pessoas perguntam como a gente ganha eleição. É porque a gente trabalha, está no meio do povo, leva a mensagem de fé, tem o resultado do trabalho para mostrar, e a oposição tem conversado mais com Jony do que comigo porque eles sabem da força do nosso bloco. Eles estão querendo fechar esse bloco para disputar a eleição com muita força. Em compensação, o governo procura fortalecer o nome de Belivaldo. A disputa será muito boa.

E qual a matemática do PRB?

É que no governo tem quatro vagas para cinco nomes e na oposição tem quatro vagas para dois nomes. Os dois senadores. André está correndo por fora. Se André conseguir êxito para o governo vai haver uma arrumação lá. Estamos referendado nacionalmente para disputar o Senado. A vice não interessa a gente, mas se tiver que discutir nós vamos, mas vai ter que ser muito discutido com a nacional.

O PRB não teme passar a ideia de fogo amigo? De estar “colocando a faca no pescoço” do governador?

Não estamos botando faca no pescoço do governador. Sabemos a nossa importância. Coloca-se pressão quando você não sabe da sua importância, mas sabemos da nossa importância, dos quadros que temos, da força política que temos. Quem vier conversar com o PRB sabe que estão conversando com pessoas que sabem o que querem. Estamos no campo da política há 20 anos e temos o que oferecer a Sergipe. Na minha ótica, essa equação vai ser difícil fechar. Alguém vai ter que ceder no bloco do governo a vaga para os que tiverem melhor posicionados diante da população, principalmente na reta final. Vamos para os números.

Modificado em 10/09/2017 09:54

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