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Quando nem mesmo “pateta” descreve com precisão

Sergipanos e mais 52 senadores: sim

Por Joedson Telles

Que o governador Jackson Barreto tem fama de fazer chacota com assuntos sérios não surpreende. Aquela inesquecível onda dos óculos com os professores que o diga. Não admira, portanto, que ele, ao colecionar mais uma derrota em sua vida política, ao abraçar Dilma, desrespeite a legitimidade – e, sobretudo, as pessoas – dos senadores Antônio Carlos Valadares, Eduardo Amorim e Maria do Carmo. Os três representantes de Sergipe no Senado são alvos de chacota por parte do político que está como governador até dezembro de 2018 pelo fato de, em sintonia com a esmagadora maioria da população, inclusive dos seus eleitores, terem votado pela admissibilidade do impeachment da afastada presidenta. Democracia? Contraditório? O que é isso?

A impressão que se tem é que, para Jackson Barreto, o Brasil da era Dilma está muito bem, obrigado. Juristas como Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment, estão equivocados, ao apontar como crime de responsabilidade as famosas “pedaladas”.  Do mesmo modo, o Supremo Tribunal Federal, os demais 52 senadores e os 367 deputados que enxergam pela mesma ótica tropeçam no equívoco. Ah, os pobres mortais que sentem na pele os efeitos dos equívocos “dilmistas” também. Todos estão no bolo da maior crise não apenas econômica e política, mas também social e moral da história, mas a eles, e não a ex-gestora, cabe a culpa.

Os votos pela admissibilidade do impeachment estiveram longe do escuro. Dilma cometeu uma série de equívocos na sua política econômica. E, arrogante, deu de ombros para a relação com o legislativo quando alertada sobre isso. Fez o mesmo em relação a economistas, cientistas políticos e jornalistas críticos que também alertaram. Até o criador Lula, dizem os mais próximos, foi deixado à margem em certos momentos. A conta chegou em forma de fracasso, à medida que a inflação voltou a assumir o papel de protagonista principal da economia, o endividamento público disparou, o desemprego cresceu assustadoramente e o brasileiro sofreu ainda na pele o aumento nos preços.

Aos poucos, grande parte dos 54,5 milhões de brasileiros – tão presentes na retórica petista a tentar emplacar a ideia de “golpe” – passou a nutrir a frustrante sensação de que foi enganada pela então candidata Dilma Rousseff. Resultado: a rejeição à presidenta não parou de crescer. Segundo o Datafolha, beirou os 70% o percentual que queriam o afastamento. Argumentar que Dilma deveria ficar no mandato por ter sido eleita por 54,5 milhões de eleitores pode ser legítimo. Mas será que 100% destes eleitores votariam em Dilma, se ela tivesse falado a verdade na campanha? Votariam hoje, depois do caos? As pesquisas sempre ajudam a encontrarmos respostas convincentes.

Mas não somente dos erros econômicos viveu o governo Dilma. A política obriga a quem tem um mandato de presidente no atual sistema brasileiro se sustentar em alguns pilares. Listo a harmonia com o legislativo, o apoio da maioria absoluta da população, o respeito da imprensa livre e a reverência às leis do País – sobretudo à Lei de Responsabilidade Fiscal. Cato com uma lupa a coerência da petista Dilma Rousseff dentro destes imprescindíveis aspectos…

Até entendo que mesmo diante do óbvio, políticos como o governador de Sergipe velem mais seus princípios, sua ideologia – ou como queiram definir – do que o presente e o futuro do Brasil. Que em nome dessa coerência fechem os olhos para os milhões de desempregados. Até porque Jackson e muitos que pensam como ele têm dinheiro na conta todos os meses. Tempestade ou calor de matar. Todavia, isso não garante o direito – ou pelo menos não deveria garantir – de desrespeitar os que partiram para dar um basta naquilo que não deu certo. Que levou o País ao caos.

Se os três senadores agiram como “patetas”, como foi ventilado em setores da mídia afável ao governador, pelo fato de Valadares, Eduardo e Maria ecoarem sentimentos coletivos neste processo do impeachment, o dicionário tem urgência em listar um verbete que defina com esmero o cidadão que sai da sua casa para votar num político que não ecoa seus sentimentos nos momentos mais delicados – e ainda faz chacota dos que usam da empatia com a gama que sente na pele as consequência dos erros alheios. Otário, babaca, idiota, burro… Nem mesmo pateta serve. Não descreve com a precisão necessária.

Modificado em 13/05/2016 13:59

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