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Pré-candidatura de Rogério não ajuda a fortalecer Lula em Sergipe

Juízo e do ex-presidente do PCdoB, Júnior Trindade, que aponta contradições no PT

Por Joedson Telles

Ex-presidente do PCdoB de Aracaju, que se desligou do partido, na semana passada, por não aceitar uma possível aliança com o PT, Júnior Trindade afirma, neste domingo, dia 20, ao Universo, que, com o isolamento da pré-candidatura do senador Rogério Carvalho ao Governo do Estado, o PT perde a oportunidade de continuar contribuindo para um projeto que ajudou a construir e que ocupa espaços no governo Belivaldo Chagas (PSD). “É muito contraditório participar do governo e, faltando poucos meses para as eleições, sair dizendo que é oposição. Essa pré-candidatura traz muitas contradições. Além de não ajudar a fortalecer a pré-candidatura de Lula em Sergipe”, afirma, apontando diferenças entre o projeto Rogério Carvalho e o que elegeu, em 2010, Marcelo Déda governador pelo mesmo PT. “As alianças de Déda tinham a amplitude, o dialogo e o respeito as diferenças como característica.”

O que é mais difícil, quando se deixa um partido, depois de 30 anos de militância?

O PCdoB é um partido imprescindível para o Brasil. O PCdoB está fazendo 100 anos de existência, lutou junto ao povo brasileiro pela democracia, pelas diretas, esteve em todas as campanhas eleitorais de Lula, esteve na luta pela conquista de diversos direitos para os trabalhadores. Foi neste partido que tive régua e compasso para minha formação política, no ano de 1991 fui eleito para o grêmio Estudantil da Escola Tobias Barreto, em 1992 ajudei a construí o movimento de impeachment do ex-presidente Collor em Aracaju, em 1993 fui eleito diretor da UMESA (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Aracaju), logo depois da campanha eleitoral de 1994 (Lula presidente, Jackson Barreto Governador, Valadares e Zé Eduardo senadores) decidi por minha filiação partidária no PCdoB. Não é fácil a decisão da minha desfiliação por que tenho muitas convergências políticas com o PCdoB e estou pedindo a desfiliação por uma divergência no reflexo da tática política da construção da Federação no estado de Sergipe.

Não é uma ironia do destino um militante deixar o PCdoB pelo fato de o partido estar se juntando, mais uma vez ao PT, depois de tantos anos e eleições os dois partidos marchando juntos?

Estamos vivendo uma profunda crise política, social e econômica no Brasil. São mais de 640 mil brasileiros que foram a óbito em consequência da Covid 19. São mais de 14 milhões de brasileiros desempregados. 116 milhões de Brasileiros não tem acesso pleno e permanente ao alimento. O Poder central do país promove ataques a democracia e ameaças constantes as instituições. Crescimento da desigualdade social, erosão do poder de compra pela alta inflação e estagnação econômica, infelizmente este é o cenário que vive o país no governo Bolsonaro. Continuo acreditando que o PT é um partido importante para a democracia brasileira, que o PT contribui nas conquistas de direitos e avanços para a sociedade. Entretanto a tarefa de mudar este duro cenário que o Brasil se encontra hoje tem que ser construída pelos mais amplos e diversos setores da política, numa grande aliança nacional, tendo como principio a defesa da democracia e a retomada com crescimento econômico. A pré-candidatura de Luís Inácio Lula da Silva é a pré-candidatura que reúne as melhores condições eleitorais para disputar 2022. Lula vive um momento de muita maturidade política, tem conversado e buscado alianças com Geraldo Alckimin, com setores do MDB, com Gilberto Kassab (PSD) e com diversos representantes dos setores produtivos do país. Diferente do que Lula tem construído nacionalmente, aqui em Sergipe Rogerio Carvalho buscou o caminho do rompimento com prefeito da capital, Edvaldo Nogueira (aliado histórico do PT), e buscou o rompimento com o governador do Estado, Belivaldo Chagas, este votou em Dilma quando o PSB de Sergipe foi votar em Aécio Neves e quando o PSB foi votar pelo impeachment da ex-presidente Dilma. Estes caminhos levam a pré-candidatura de Rogerio Carvalho ao isolamento político e não contribui para a fortalecimento da principal batalha política deste ano. Por isso estou me desfiliando, não concordo com estes rumos aqui em Sergipe.

Essa insatisfação sua é algo isolado ou há outros militantes nutrindo o mesmo sentimento, e, de repente, podem deixar o PCdoB também?

Pensei bastante antes de tomar a decisão de deixar o PCdoB, mas foi uma decisão tomada sozinho, não conversei com absolutamente ninguém para tomar esta decisão. Acredito que tenham outros com o mesmo sentimento.

Qual o seu destino político, agora?

Não irei me filiar a nenhum partido por enquanto, continuarei fazendo militância politica, defendendo os mesmo princípios que sempre defendi.

O senhor disse que a pré-candidatura de Rogério Carvalho está isolada. Está em xeque também, na sua ótica?

Rogério é um dos grandes senadores do país, um quadro político da esquerda brasileira com grande capacidade política. Mas optou pelo caminho do isolamento, rompeu com o bloco que dirige a Prefeitura de Aracaju e o Governo do Estado (aliados históricos do PT). Em 2014, o PSB foi votar em Aécio Neves contra a candidatura de Dilma (PT), neste momento Belivaldo rompeu com o PSB de Sergipe e ficou com Dilma. Em 2016, o PSB votou pelo impeachment e mais uma vez Belivaldo demonstra seu compromisso com este bloco. Espero que a Federação reveja esta candidatura a tempo.

Ao se isolar, o PT perde a oportunidade de contribuir com o desenvolvimento de Sergipe, e age pensando mais no poder? É isso?

Sim. O PT perde a oportunidade de continuar contribuindo para um projeto que ele ajudou a construir e que ocupa espaços no Governo do Estado. É muito contraditório participar do governo e, faltando poucos meses para as eleições, sair dizendo que é oposição. Essa pré-candidatura traz muitas contradições. Além de não ajudar a fortalecer a pré-candidatura de Lula em Sergipe.

A pré-candidatura de Rogério Carvalho tem mais traços comuns ou incomuns com aquele projeto de 2010, que elegeu o saudoso Marcelo Déda governador?

A aliança que Belivaldo, hoje, é o líder foi construída por Marcelo Déda. A aliança de 2010 tinha partidos de diferentes tonalidades políticas. Em 2010, foram 10 partidos que compuseram a aliança, Eduardo e Edivan Amorim compuseram a aliança. As alianças de Déda tinham a amplitude, o dialogo e o respeito as diferenças como característica.

Como avalia o fato de o grupo governista ainda não ter definido o nome do candidato ao Governo do Estado? Está demorando e isso pode prejudicar o projeto?

Avalio como normal. É extremamente natural para um grupo grande que dirige o governo do Estado, a prefeitura de Aracaju, com diversos partidos e muitas lideranças políticas. Está dentro do tempo, não tenho a menor dúvida do compromisso de cada membro deste bloco com a manutenção dos avanços do governo do estado. O grupo liderado pelo Governador irá com muita unidade e pujança para a batalha eleitoral deste ano

Modificado em 20/02/2022 21:34

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