Por Joedson Telles
Ao emprestar o nome da sua saudosa mãe, Lourdes Nogueira, à maternidade municipal construída no bairro 17 de Março, o prefeito Edvaldo Nogueira não apenas acerta, homenageando a memória da pessoa mais importante da sua vida, ele mesmo e demais familiares, como também oferece mais uma oportunidade para uma reflexão sobre o tema.
Penso ser um equívoco irreparável sonegar a um gestor o direito de homenagear uma pessoa viva – sobretudo o próprio gestor.
Aqui em Sergipe, temos, se não o maior, um dos maiores argumentos a sustentar o pressuposto: o saudoso ex-governador João Alves Filho. Ninguém realizou tantas obras no estado – sobretudo estruturantes – como João Alves. Da mesma forma, ninguém “batizou” tantas obras com o seu próprio nome. Ou seja, ele viu seu nome nas obras. Foi homenageado em vida por ele próprio.
Como é de conhecimento de todos, adversários de João Alves chegaram ao poder e “rebatizaram”, por exemplo, o Hospital João Alves, que passou a ser Hospital de Urgência, e, posteriormente, com a morte do ex-governador, juntou-se as duas ideias: Hospital de Urgência governador João Alves Filho.
O fato é que João Alves, se não tivesse a coragem de encarar as críticas – não só de políticos adversários, mas de outras pessoas – passaria para a outra vida – assim como outros gestores passaram – sem ver uma só obra com o seu nome. Assim como no caso de dona Lourdes Nogueira, a homenagem seria feita, na verdade, à família.
Como o bom senso cabe em tudo nesta vida, acredito que uma lei limitando o gestor a utilizar o próprio nome – ou de uma outra pessoa viva – em uma obra apenas, na mesma gestão, seria o ponto de equilíbrio. Evitaríamos os excessos – e também que o político morresse sem ver seu nome em uma das obras que realizou.
Modificado em 05/01/2023 10:25