body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

Parlamentares dão de ombros ao sentimento coletivo, mas 2018 é logo ali

Por Joedson Telles 

Sabe aquele jargão que renasce a cada eleição para, cinicamente, tapear o eleitor menos atento, ao servir de retórica a especar que o candidato irá representá-lo muito bem, correspondendo expectativas coletivas? Bola fora do canso. Refiro-me, entre outras, às últimas notícias sobre o Congresso Nacional. Não bastasse parte do Senado sobrescrever as “magníficas” obras do senador tucano Aécio Neves, garantindo-o no exercício do mandato, o presidente Michel Temer acaba de se salvar na CCJ da Câmara Federal. Ambos socorridos carinhosamente por quem jurou, na última eleição, representar da melhor fora possível o eleitor. 

É verdade que Temer só escapa de ser investigado pela segunda vez se conseguir êxito idêntico no Plenário daquela Casa. Entretanto, as apostas mais lúcidas apontam que só um acidente de percurso ferra o ex-vice de Dilma. Preciso escrever que o sentimento da maioria do Brasil é pela investigação? Óbvio que não.

Não subestimaria inteligências. Mas nem por isso 100% dos representantes dos eleitores respeitam isso. E olha que com a corrupção asfixiando os do bem a iniciativa de combater qualquer fumaça deveria partir dos próprios parlamentares.

O fato é que se livrar o Aécio com todo o seu histórico já é absurdo, rejeitar a denúncia contra o presidente sem investigar é desembarcar no fundo do poço. Mesmo em se tratando do Brasil, é algo fora da realidade. Outra vez passar a mão na cabeça de um suspeito só pelo fato deste suspeito ser um político, e um político que está como presidente da República? O que estão ganhando com isso? Agora subestimei inteligências…

Note-se que ninguém está aqui condenando de forma açodada. E nem poderia condenar. Porém, o desejo coletivo manifesto nas ruas, redes sociais, imprensa, e aí, sem constrangimento, me incluo, é pela transparência. A coisa passada a limpo. Seja investigar Temer, Aécio, Lula ou qualquer pessoa. Existiu suspeita tem que haver a investigação.

É certo que temos tudo para crer que a tese de uma quadrilha ter tomado o país de assalto procede. Ninguém é menino. Mas, como repito a exaustão, todos são inocentes até que se prove o contrário. Todavia, para se provar ou não esta inocência, só uma investigação séria. Sem isso, qualquer um tem o direito de pensar o que quiser baseado em denúncias arrepiantes.

Sem querer ser pessimista, creio que o desfecho não deve surpreender. Afinal, estamos, mais uma vez, nas mãos dos nossos amados representantes e sabemos como a maioria age, não é mesmo? A luz no fim do túnel, no entanto, é que, agora, eles votam, mas, já já, iremos às urnas. 2018 é logo ali. Os políticos que chamam o brasileiro de babaca, hoje, votando sem levar em conta o sentimento coletivo, terão a chance de confirmar que têm razão, amanhã. Não sejamos ingênuos.

Todavia, espera-se que o brasileiro não permita. Acorde antes de outubro do próximo ano e rejeite o carimbo de otário na testa. Hoje, infelizmente, estamos de mãos atadas. Dependemos deles. Amanhã, contudo, o voto é o nosso. É preciso não esquecer (anotar se preciso) quais dos oito deputados e três senadores sergipanos respeitaram o sentimento coletivo, ao longo dos seus mandatos.

É imprescindível condicionar o voto do eleitor às votações e demais ações dos parlamentares. Separar quem representa o voto em sintonia com o Brasil decente dos que dão de ombros ao eleitor. É imperioso guardar na mente quem blinda político suspeito, impedindo que denúncias sejam apuradas e a verdade factual se sobreponha, e, sobretudo, quem defende os comprovadamente corruptos.

Lembro, por fim, que a Lava Jato não acabou. Certos comportamentos nada republicanos podem ser explicados (serão?) com o vocábulo cumplicidade a qualquer momento. Aguardemos o que é real, mas está ofuscado. A fila anda e notícias esperadas podem emergir a qualquer momento. Peixe pequeno também se molha.

Modificado em 19/10/2017 08:00

Universo Político: