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O tarado no ônibus e o recado ao ministro da Justiça e Segurança Pública

Por Joedson Telles 

No dia em que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pisou em solo sergipano para anunciar verbas federais, para combater a violência contra as mulheres, uma figura estranha ao mundo político, longe de ser autoridade e, provavelmente, sem sequer tomar conhecimento da solenidade em prol da defesa das mulheres, roubou a cena de forma inescrupulosa: o tarado no ônibus, que expos o pênis, provocando o choro em forma de revolta em uma passageira que estava sentada ao seu lado. 

À luz do dia, o fato de o ônibus estar praticamente lotado, a cultura de sempre ter um celular com câmera por perto para registrar as provas… nada intimidou o tarado no ônibus. E, assim,  ele obteve os minutos de fama – sobretudo quando as imagens desembarcaram nas redes sociais. Levou um sapeca, mas já tinha feito o estrago.

Ao agir como um louco, mas sabendo muito bem o que estava fazendo (a prova disso é que tentou desqualificar o desespero da passageira com aquele jargão da malandragem “está viajando”), o tarado deu um recado ao ministro e demais autoridades. Ele foi muito mais persuasivo que o governador Fábio Mitidieri, o prefeito Edvaldo Nogueira ou qualquer homem público que argumentou  com seriedade, junto ao Governo Federal, para conseguir mais verbas para o combate à violência contra a mulher.

Ninguém transmitiu tão bem a vulnerabilidade de certas mulheres à violência machista como o tarado no ônibus. Ao protagonizar as cenas asquerosas é como se ele tivesse dito: “estou aqui; livre para fazer o mal e farei. Mulher não merece respeito. O combate à violência não conseguiu me deter. Eu e iguais a mim resistimos”.

O episódio ainda nos transporta para os locais fechados e longe das aglomerações, e nos convida a imaginar, se é assim num coletivo, o que enfrentam inúmeras mulheres, quando estão trancadas com os agressores? Não é notícia nova que muitos casos não chegam à polícia por vários motivos.

É indiscutível – e este evento em Sergipe com a presença do ministro é mais uma prova – que a pauta preocupa e ninguém está de braços cruzados. Há muitas pessoas sérias, competentes e bem intencionadas combatendo a violência contra as mulheres em todo o Brasil.

Todavia, quando tomamos conhecimento de casos como este do tarado no ônibus, percebemos que o problema da violência contra as mulheres e bem maior do que parece. Aos olhos dos covardes machistas, a mulher continua sendo um objeto qualquer. Não existe respeito, muito menos amor.

Jamais podemos estar conformados com isso. Precisamos combater mais. Pensar mais. Buscar novas soluções. Penas mais duras. “Mexeu com uma mulher, mexeu comigo”. Esta precisa ser a cultura do bom combate. A indiferença soa cumplicidade. Jogar a favor do mal.

 

 

Modificado em 30/05/2023 12:36

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