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“O peso do poder econômico transforma o processo em antidemocrático”

Desabafo é do pré-candidato ao Governo do Estado pelo PSTU, o professor Elinos Sabino

Por Joedson Telles 

Pré-candidato ao Governo do Estado, o professor Elinos Sabino (PSTU) enfatiza, nesta entrevista que concede ao Universo, neste domingo, dia 22, que a desigualdade que existe no processo eleitoral e o peso do poder econômico transformam o processo em antidemocrático. “E estas condições impostas dificultam muito que um projeto alternativo como o nosso chegue a toda população nas mesmas condições dos demais. Então, não é possível esperar um desempenho, quando as condições não são iguais. O correto seria garantir igualdade de condições, e então chamar a população para decidir”, diz,

A sua pré-candidatura ao Governo do Estado está consolidada?

Nossa pré-candidatura é uma definição do PSTU e do Polo Socialista Revolucionário, que enxergam uma necessidade de apresentar e disputar nas eleições um projeto alternativo. Estamos definindo o restante da chapa e vamos referenda-la na convenção. Vamos cumprir essa tarefa com muita satisfação, sabendo da responsabilidade que é representar esta frente, e apresentar um programa de governo para a classe  trabalhadora de Sergipe, e que se contraponha aos demais projetos burgueses.

Como o senhor vem trabalhando a pré-campanha?

Estamos construindo nossa pré-campanha junto com setores da sociedade organizada, nos movimentos dos trabalhadores, movimentos sociais e com o Polo Socialista e Revolucionário. Estamos construindo um programa de governo. Será um programa do ponto de vista dos trabalhadores, e que parte de um diagnóstico das principais áreas do Estado, e  apresenta medidas que apontam para uma mudança completa no governo, passando os trabalhadores, aos mais pobres e aos setores médios do campo e da cidade terem total prioridade. Em seminários, reuniões e encontros estamos discutindo a vida real da população sergipana: problemas como a fome que atinge metade da população do país e do estado. Ou o gravíssimo desemprego no estado, além das péssimas condições de moradias, saúde, educação. Enfim, um programa que atenda às necessidades da classe trabalhadora. Visitaremos cidades para construir este programa de maio a julho. E estamos agregando várias lideranças neste processo, que não aceitam as saídas e medidas de conciliação com a burguesia, porque já vimos a tragédia que nos levou. Tem sido um processo rico e tem fortalecido nossa pré-campanha.

Qual o diferencial deste projeto?

Nosso projeto parte do atendimento das necessidades dos trabalhadores e da busca por avançar para uma outra sociedade. Nosso projeto só tem compromisso com os explorados e oprimidos de Sergipe, e, portanto, é o oposto das demais pré-candidaturas, que representam os interesses (diretamente ou em aliança) daqueles que exploram e oprimem. Iremos fazer este debate de projetos na pré-campanha e na campanha. E demonstraremos que o capitalismo é um sistema que só beneficia pouquíssimos, que está destruindo o planeta, e que não tem saída para a atual crise econômica. O resultado é e que o povo brasileiro e sergipano sofrem suas mazelas. Nós apresentaremos e defenderemos o socialismo como alternativa.

O senhor não tem um bloco robusto em torno da sua pré-candidatura. É possível encarar com possibilidade real de êxito uma possível disputa pelo Governo do Estado sem isso?

A eleição é um momento onde os diversos partidos têm a oportunidade de apresentar seus projetos e ideias, e de disputar as consciências e os votos. Fazemos isso para apresentar uma alternativa socialista e revolucionaria nas eleições. Outros partidos farão o mesmo. E isto é um direito democrático que deve ser preservado. O fato de não termos poderosos em nossa campanha não é nenhum demérito; muito pelo contrário. A robustez de nossa campanha é a manutenção da independência de classe; e desta forma encararemos esta disputa, com a mesma legitimidade política que as demais pré-candidaturas.

O que faltou para que o eleitor entendesse a mensagem do PSTU, em outras eleições? Ou senhor acredita que a mensagem até foi entendida, mas acabou sendo rejeitada nas urnas, em se tratando da disputa majoritária?

Avaliamos que a desigualdade que existe no processo eleitoral e o peso do poder econômico transformam o processo em antidemocrático. E estas condições impostas dificultam muito que um projeto alternativo como o nosso chegue a toda população nas mesmas condições dos demais. Então, não é possível esperar um desempenho, quando as condições não são iguais. O correto seria garantir igualdade de condições, e então chamar a população para decidir. Assim, se teria condições ideais de avaliar os desempenhos. A forma que funciona é antidemocrática e busca impedir que ideias como as nossas cheguem massivamente à população.

Há críticas dirigidas ao PSTU no sentido de o partido externar um discurso centrado em “ideias radicais”. Como o senhor avalia este tipo de juízo? O partido é mal compreendido?

Apresentamos ideias baseadas na vida real das pessoas e das necessidades imediatas e históricas. A questão é que, para alguns, a realidade é muito dura, então um setor busca invisibilizar esta realidade, e o outro busca por atalhos. Mas ambos foram incapazes de atender ao povo. Por quê? Porque eles estão presos à lógica neoliberal e capitalista. E algo que passe por fora disso, buscam pejorativamente marcar como radical. Esta é uma forma de tergiversar o debate, para seguir tudo como está.

O PSTU faria uma aliança com o PT, em Sergipe, caso ambos registrem candidaturas, os petistas cheguem ao segundo turno e o PSTU não? 

Nossa pré-candidatura é uma alternativa real e necessária, porque apresentará um diagnóstico e medida que atendam a maioria da população. Iremos apresentar e debater nosso projeto e disputaremos as consciências dos trabalhadores. Esta é nossa prioridade e onde estamos depositando nossas forças. Passada a etapa do primeiro turno, o PSTU e o Polo Socialista Revolucionário vão analisar o cenário e vamos definir nossa posição.

Como o senhor analisa essa polarização, segundo pesquisas, entre os pré-candidatos à Presidência da República Lula e Jaír Bolsonaro?

Evidente que temos que botar pra fora este governo genocida de Bolsonaro, porque além de atender só aos interesses dos ricos tem um projeto de ditadura. Mas não concordamos que as tarefas param aí. Precisamos paralelamente construir um novo projeto, onde os trabalhadores, de fato, sejam os protagonistas. E este projeto não se realiza nas eleições, e muito menos em aliança com os poderosos que lucram em cima da miséria da maioria como quer o PT. Reconhecemos que Lula tem outra postura no que se refere à “democracia”, mas não tem diferença em relação à defesa do plano econômico neoliberal e o capitalismo. A questão é só o tamanho da dose neoliberal de cada um. Logicamente, que já está demonstrado que este projeto não serve para os trabalhadores. Então, como Bolsonaro precisa ser derrotado, esta polarização mascara as reais tarefas que a classe tem que cumprir, e dificulta que os trabalhadores vejam outras alternativas

Num suposto segundo turno Lula x Bolsonaro qual deveria ser o caminho do PSTU, na sua opinião?

Se em Sergipe eu sou o pré-candidato, nacionalmente o PSTU e o Polo Socialista Revolucionário têm Vera como pré-candidata à Presidência da República. Nossas pré-candidaturas têm muita importância nesta conjuntura, porque serão das poucas que apresentarão um outro projeto de governo e de sociedade. Faremos este debate sobre como está vivendo o povo brasileiro e sergipano em meio à crise econômica, sanitária e ambiental, e que saída temos para a classe trabalhadora nesta realidade. Assim, esta é nossa prioridade, e, no momento oportuno e de forma coletiva, faremos todas as definições que a realidade exigir.

Modificado em 22/05/2022 09:57

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