Por Joedson Telles
Ganhou a devida repercussão, na imprensa e, sobretudo, nas redes sociais, a declaração do secretário de Segurança Pública, João Eloy, após mais uma operação exitosa da Polícia de Sergipe, tirando armas de circulação. Observou o delegado que quem deve ter uma arma é o policial e não o bandido.
Concordando de pronto, recorro, contudo, aos botões em busca de respostas: o secretário não disse o óbvio? Não externou o que se espera de quem comanda a Segurança Pública, subordinado apenas ao governador do Estado? Alguém que conhece João Eloy esperava o contrário?
Eu mesmo respondo: sim, ele disse o óbvio, externou o que Sergipe espera do seu secretário de Segurança e não surpreendeu ninguém. João Eloy não gosta de bandido.
Então o que justifica sua declaração virar notícia? A repercussão? Também respondo. Nos últimos anos, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, inegavelmente, o cidadão que não é polícia foi estimulado a ter uma arma. Assim como quem compra qualquer outra mercadoria. Muita gente que nunca cogitou ter uma arma passou a ver isso como algo natural.
O bandido, obviamente, se empolgou com o momento e pegou carona. Está claro que não apenas percebeu mais facilidade para se armar, já que ninguém usa crachá de marginal, como também passou a enxergar potenciais clientes, que não respeitando as exigências legais, alimentariam o tráfico. Ou seja, mais armas em mãos erradas e mais trabalho para a polícia apreendê-las.
Não precisamos de estudos científicos profundos para constatar essa triste realidade. Basta usarmos a lógica. Ou pegarmos os números da polícia. A propósito, João Eloy informa que houve um aumento de 400% no números de armas apreendidas, só nestes primeiros quatro meses do ano 2023. Preciso escrever mais alguma palavra?
Modificado em 14/05/2023 08:15