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“Não posso ser aliado de Jackson vendo Aracaju às traças, sabendo que o governo pode ajudar”

Por Joedson Telles 

Filiado ao PRB, legenda do ex-prefeito Heleno Silva e do deputado federal Jony Marcos que dá sustentação ao governo Jackson Barreto, o vereador por Aracaju Carlito Alves perdeu a paciência e faz duras críticas ao chefe do Poder Executivo, que, na sua ótica, pode, mas não oferece soluções para os graves problemas de Aracaju. “Jackson Barreto ficou o tempo todo brigando com doutor João para ver quem seria o pior para Aracaju. Ele é o governador e, agora, tem um aliado, que é o prefeito Edvaldo Nogueira, que pegou a prefeitura às traças, e ele não está ajudando em nada. Não posso ser aliado de Jackson vendo Aracaju às traças, sabendo que o governo pode ajudar e ficar calado”, desabafa, externando que não vota em Jackson Barreto e gostaria de ver um dos senadores Eduardo Amorim ou Antônio Carlos Valadares disputando o Governo do Estado. “Heleno e Jony já deram entrevistas, por duas ou três vezes, dizendo que o PRB faz parte do bloco, mas que não vê dificuldade de ir para o palanque oposto ao governador, se não for contemplado pelo governo”, diz. A entrevista:

O governador está precisando olhar mais para Aracaju?

Na verdade, o governador não olhou para Aracaju. O governo dele está passando despercebido por nossa cidade. Aracaju é a capital e não tem hoje um trabalho sobre turismo. Os turistas desapareceram da nossa cidade. Jackson Barreto ficou o tempo todo brigando com doutor João para ver quem seria o pior para Aracaju. Se João foi ruim, Jackson não está sendo melhor. Ele é o governador e, agora, tem um aliado, que é o prefeito Edvaldo Nogueira, que pegou a prefeitura às traças, e ele não está ajudando em nada. Qual foi a obra que o governador fez em Aracaju para trazer o turismo para nosso Estado? Eu não posso ser aliado de Jackson vendo Aracaju às traças, sabendo que o governo pode ajudar e ficar calado. A Orla de Aracaju está abandonada. É o principal cartão postal da cidade. O governador precisa cuidar da gente.

Ao desabafar na tribuna da Câmara de Aracaju, o senhor disse para o governador ter vergonha…

Isso porque ele fica falando mal de todo mundo, do senador Valadares, que foi um ótimo governador para nossa cidade e para o Estado, não tem nada que desabone a conduta dele. Fica falando mal da família Amorim, principalmente do senador (Eduardo Amorim), e ele não se olha no espelho. Ele precisa ter um pouco de juízo, descer do palanque. Eu acho que ele está desesperado porque os números nas pesquisas mostram que Aracaju e Sergipe não estão satisfeitos com ele.

O senhor tocou em alguns pontos críticos do atual governo. A Segurança Pública, o servidor recebendo vencimento parcelado…

Isso será tema de outros pronunciamentos meus, porque, desde que Jackson assumiu, o servidor público nunca recebeu em dia. Agora já parcelou o salário dos aposentados. Por que dos aposentados? Por que não faz greve? Eles são os últimos a receber por quê? Jackson Barreto é um senhor de 74 anos e tem que saber que os aposentados são pessoas que já contribuíram muito com a nossa cidade. Eles precisam ser respeitados. É para parcelar salário de aposentado e eu ficar calado?

A sua posição não contraria o ex-prefeito Heleno Silva ou o deputado federal Jony Marcos (todos são do PRB, partido aliado do governador)?

Eu mandei um zap para Heleno dizendo que estava muito triste com o governador e que eu iria usar a tribuna para fazer meu pronunciamento contra esse descaso de Jackson não só com a Orla de Aracaju, mas com toda a cidade, e ele mandou eu seguir em frente.  Já tinha conversado com Jony umas duas vezes pessoalmente e ele disse para eu ir em frente, que cada um é dono da sua cabeça. A minha diz que o governador não está sendo bom para Sergipe. Eu não devo a Jackson, a pastor Jony, a Heleno Silva, que é uma pessoa que eu me dou muito bem. Na verdade, eu devo ao povo de Aracaju, àqueles que me elegeram e a Deus.

O senhor disse, outro dia, na tribuna da Câmara de Aracaju que Jony está mito sumido…

A gente só ouve falar de dois deputados: o deputado André Moura e o outro são os que não estão aparecendo. André Moura parece que virou governador ou presidente da República que todos procuram ele para resolver problemas dos seus municípios. Os outros deputados, onde estão? Isso é notório. A meu ver, o deputado Jony está muito sumido. Ele foi muito bom vereador…

Se o quadro permanecer do jeito que está, o senhor vê dificuldade de o PRB está com Jackson Barreto, em 2018?

Heleno e Jony já deram entrevistas, por duas ou três vezes, dizendo que o PRB faz parte do bloco, mas que não vê dificuldade de ir para o palanque oposto ao governador, se não for contemplado pelo governo. Heleno quer ser candidato ao Senado, está trabalhando, almeja também ter candidato a vice-governador. Jony antes dizia que não queria e agora parece que decidiu ir para reeleição. O PRB quer seus espaços e isso Heleno e Jony têm razão.

O PRB já tem um nome para Assembleia?

Não. A igreja (Universal do Reino de Deus), com certeza, terá seu candidato. Na minha visão, se eu puder opinar, e com certeza vou poder, o melhor nome é o pastor Mardoqueu. É um homem que conhece todo Sergipe, com ampla experiência no legislativo, um homem que nada desabona sua conduta. Ninguém nesse estado pode falar do pastor Mardoqueu, um homem sério, honesto, amigo, de uma índole fora do comum. Eu sou suspeito em falar dele porque eu acredito tanto na integridade dele que coloquei o nome do meu filho de Mardoqueu porque eu vejo nele o exemplo de um homem de Deus.

Como está sendo a experiência do seu primeiro mandato, em Aracaju?

Eu fui vereador por três mandatos em Socorro, fui secretário de Agricultura no governo municipal de Fábio Henrique, e o PRB resolveu me apoiar em Aracaju e, graças a Deus, deu tudo certo. Eu tive uma experiência como parlamentar em Socorro, mas aqui é muito diferente. É outro nível, outras cabeças. Não menosprezando a Câmara de Socorro. Mas aqui a coisa é mais acirrada, a imprensa acompanha mais, existe uma vigilância com o parlamento maior do que em Socorro.

As pautas da Casa estão sendo satisfatórias ou o senhor pensa que há alguns assuntos que não precisam chegar à tribuna?

Como a cidade de Aracaju, infelizmente, virou uma tábua de pirulito, com buraco pra todo lado, ainda bem que tem alguém ganhando com isso que são os mecânicos. Está vindo muita coisa de tapa buraco, e eu acho que existem coisas melhores para trazer do que projetos de tapa buraco. O prefeito já está sabendo que tem que tapar os buracos. Um trabalho sério em Aracaju, um recapeamento asfáltico porque está entregue às moscas e isso foi culpa de Jackson e João, que ficaram quatro anos brigando e não fizeram nada pelo povo. Estamos orando por Edvaldo. Faço parte da bancada, mas ele vai ter que trabalhar muito porque prometeu muito, e esta Casa tem cobrado a palavra dele. Ele tem que cumprir a palavra porque ele disse que sabia fazer e como fazer. Apesar de eu fazer parte da bancada aliada, gosto de graça do prefeito Edvaldo, uma pessoa muito simpática, mas, embora esteja começando agora, está devendo muito.

Essa sinceridade falta na política, essa crítica construtiva a um aliado?

As pessoas, às vezes, não entendem. Doutor Chico Dantas, uma pessoa que praticamente rompemos nossa amizade, faz parte do bloco há 17 anos e está muito chateado comigo porque disse que eu estou sendo muito crítico, que deveria me acalmar mais um pouco, mas eu não consigo. Não é porque eu sou aliado que tenho que ser alienado. Não é porque eu sou aliado de um bloco que tenho que fechar meus olhos pra tudo. Deus me deu dois olhos, dois ouvidos para ver e ouvir melhor os reclames da população e me deu uma boca para que eu traga na tribuna o que não é satisfatório para nosso povo. Isso está faltando na nossa política. Dizer ao prefeito que conte comigo, mas não exigir que eu morra. Eu não posso dizer amém a tudo ainda que eu esteja me matando por dentro. Não é o meu perfil. Não consigo ser assim, quero ser aliado do prefeito, quero ser aliado do governador, de Jony e de Heleno, mas, se não for possível, eu saio até da vida pública. Mas mudar meu jeito de ser para agradar aos outros me contrariando, não.

O senhor conhece a Palavra de Deus. É difícil ser político e conciliar a Palavra de Deus com o mandato?

Eu tive um problema com isso porque eu cheguei ao ponto de entender realmente e aceitar um provérbio maldito que a “política é do diabo”. Quando o bispo Luís Cláudio chegou a Aracaju ele disse que a política não era do diabo, mas a politicagem sim. Eu entendi aquilo como uma resposta de Deus porque eu estava a ponto de pedir a igreja para não ser candidato. Eu disse ao bispo de Brasília que queria sair da vida pública porque estava angustiado e realmente aceitando esse provérbio maldito porque é tanta coisa ruim que a gente já estava assustado. Eu recebi essa mensagem como divina. Que dava para conciliar. Eu tenho certeza que dá para conciliar a política e a vida cristã. Não é fácil porque sabemos que tomo mundo pode pecar. As mulheres andam mostrando os seios para todo mundo, mas se um cristão faz qualquer coisa diz que é da tal igreja, que é pastor, que todo crente é sem vergonha, mas não vê a sua indecência. Eu condeno religião. Para mim religião é uma praga que existe. Eu não sou religioso. Sou um homem que creio no Senhor Jesus, que busco a minha salvação. É muito difícil, mas se a gente se esforçar com jejum, oração e joelho no chão a gente consegue.

Explique melhor: o senhor condena religião?

Eu vivo uma fé na palavra de Deus, naquilo que Jesus Cristo fez na Terra e deixou para que a gente possa fazer. Ele mandou que a gente desse sequência a tudo que ele fez aqui. Eu já fui bruxo, macumbeiro, Católico praticante, espírita kardecista, mas conheci a verdade e ela me libertou. Não sou contra os religiosos e contra a religião de ninguém, mas resolvi abandonar a religião e viver a palavra de Deus porque o que adianta ir à igreja todo dia e fazer tudo errado? Dentro da igreja eu sou cristão porque estou com a Bíblia debaixo do braço, porque estou batendo meu atabaque, mas quando sai dali faz tudo errado, usa a ganância, a prepotência… Religião é uma praga porque a pessoa diz que é religioso, mas o importante é ser praticante da palavra de Deus. O diabo é um crente, conhecedor da palavra de Deus, a própria Bíblia diz que ele conhece e treme. Ele é um invejoso. Ele invejou Jesus porque viu o carinho e amor que Deus o tratava. Eu acho que Deus olhou para Jesus e disse que estava com ele e tinha a proteção, mas para ser Senhor teria que vim a Terra e mostrar para satanás que é digno, que toda língua se dobre e reconheça que você é o Senhor.  Ele não poupou nem o filho dele. Aqueles que amam Jesus dobram os joelhos por amor e aqueles que odeiam Jesus dobram porque sabem o poderio do nosso Senhor. O diabo dobra o joelho para Jesus porque sabe que ele conquistou com muito sacrifício, na cruz, ao ponto de o próprio Deus chorar por tanto sofrimento do seu filho aqui na Terra. Hoje, ele está sentado ao lado de Deus e o diabo está aqui nos atormentando, mas vai chegar a hora dele e a gente vai ficar livre (Amém. Glória a Deus).

Como o senhor está vendo o cenário nacional? Temer tem condição de permanecer presidente?

A política é difícil. Eu cheguei ao ponto de dizer que daqui a 10 anos o povo ia sentir saudade do Temer e, na outra semana, vem escândalo com ele. Eu não acreditava que o Temer estava envolvido em toda essa maracutaia. Do meu ponto de vista, ele já deveria arrumar as malas e deixar o país para quem realmente quer ajudar porque ele está destruindo nosso Brasil. Não está acertando nada. O Congresso está desmoralizado. O Congresso na sua grande maioria é uma semvergoisse. Eu estou falando o que eu sinto, que dói em mim e que é a dor do nosso país. É um Congresso do amém, dos acordozinhos. Tem muitos deputados e senadores bons, mas diante da quantidade dos sem vergonhas, eles não estão fazendo nada. Uma andorinha só não faz verão. O número de deputados e senadores com boas intenções está tão reduzidos que eles não estão conseguindo fazer nada.

Quem seria um bom pré-candidato a governador?

Dr Eduardo Amorim. Eu acho que dava pra gente dar uma chance. Eu, Carlito Alves, não voto em Jackson amanhã. Se eu tiver que seguir o PRB, com muita tristeza eu vou seguir, mas a minha vontade é de votar no senador Eduardo Amorim ou no senador Valadares, que foi um dos melhores governos que tivemos em Sergipe e ninguém pode contestar. É o melhor senador de todos os tempos. É um cara que na hora certa mostra o serviço dele. Quantos anos o senador Valadares está na vida pública? Não votei em Valadares Filho porque uma coisa é o pai e outra é o filho.  Ainda que o filho não tenha nada que envergonhe, mas pelo desastre que está Aracaju eu queria uma pessoa experiente, um homem já conhecedor da causa, e o prefeito Edvaldo Nogueira já foi prefeito e sabia de tudo. Só que Valadares Filho é muito jovem e quatro anos passa rápido. Eu acredito que terá outra chance.

Modificado em 18/06/2017 08:49

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