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Não gostaria de estar na pele do governador

Por Joedson Telles

Pesco a notícia que um grupo de músicos sergipanos planeja se fazer presente à porta do Palácio do Governo, nos próximos dias, para pressionar o governador Belivaldo Chagas. Impedidos pela pandemia de tocar, os músicos estão em busca de soluções. Alguns, que, vez por outra, desabafam em emissoras de rádio, estão passando fome.

O problema é grave, e põe o governador numa encruzilhada: deixa os músicos entregues à própria sorte ou cria um auxílio emergencial “especial” para a categoria que atenda expectativas, mas que pode lhe trazer problemas? Se optar pela segunda opção, o Estado tem caixa para isso?

O problema é bem mais complexo do que parece. Aliás, sinceramente, não gostaria de estar na pele do governador nesta pandemia. Há mais críticas e cobranças que ideias viáveis e somação de força…

Mas voltando aos músicos, ainda que exista as tais condições para atender as expectativas, neste momento, o Estado teria fôlego para estender o benefício até a liberação das aglomerações? Quando este caos vai ter fim?

Além disso, o bolo daria para ser dividido de forma a alcançar todos que estão passando dificuldades financeiras por conta da pandemia, mas não sabem sequer bater uma lata? Os garçons, os motoristas de transporte escolar e as prostitutas, por exemplo?

Dia destes, o goleiro do Sergipe, Marcão, foi destaque na mídia nacional por desabafar que a pandemia trouxe a fome ao futebol. O Governo de Sergipe teria como colocar todos os jogadores do futebol sergipano que estão sem clube sob este guarda-chuvas idealizado pelos músicos? E os demais que trabalham no futebol, mas dependem da presença do  torcedor nos estádios?

Não faltam exemplos de pessoas que recorreram a empréstimos. O governo ajudaria a pagar estas contas? Todo desempregado teria direito ao benefício?

São casos e mais casos de trabalhadores que foram atingidos em cheio pela pandemia, e passaram a ter duas opções: tentar outro meio de vida – e muita gente já está trabalhando – ou apostar num auxílio do governo e torcer que “a vida volte ao normal”. Enquanto isso, a Covid-19 mata pessoas e renda.

O certo é que todos que estão impedidos de trabalhar têm o direito de reivindicar o que entendem ser obrigação do governador resolver. Belivaldo foi eleito para oferecer respostas. Não se discute. Contudo, também lhe cabe a responsabilidade inegociável de estabelecer critérios e prioridades que atendam sempre ao coletivo. O dinheiro é público, e não do governador, que tem a missão de cuidar de toda população, e não apenas de uma classe.

Modificado em 08/04/2021 12:05

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