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Mitidieri nunca disse não ao projeto Rogério, assegura presidente do PT

“Teremos muita satisfação em ter o PSD compondo nossa chapa”, diz João Daniel

Por Joedson Telles

Presidente do PT de Sergipe, o deputado federal João Daniel evidencia, neste domingo, dia 30, que o grupo que dá sustentação à pré-candidatura do senador Rogério Carvalho (PT) ao Governo do Estado dialoga com o também pré-candidato e deputado federal Fábio Mitidieri (PSD) para que ele se some ao projeto petista. “Teremos muita satisfação em ter o PSD, sob a liderança de Fábio Mitidieri, compondo nossa chapa. Hoje, tem a vaga de vice e de senador”, diz o presidente do PT, nesta entrevista que concede ao Universo. “Fábio nunca disse não, mas é um direito ele querer ser candidato a governador, assim como Rogério também tem direito… Acredito que teremos muita conversa até depois do carnaval.”

Como o senhor avalia o encontro entre o ex-presidente Lula e o governador Belivaldo Chagas? Muda alguma coisa nas pretensões do PT em Sergipe?

Não muda nada. Estamos tranquilos e muito conscientes na construção da pré-candidatura de Rogério Carvalho para governador – e vamos trabalhar para fortalecer uma aliança, para construir, humildemente, um grande projeto para Sergipe, com bases populares e com todos que queiram estar neste campo democrático. Não houve nenhuma novidade no encontro. O presidente Lula tem recebido lideranças do Brasil inteiro. Belivaldo sempre foi um aliado do presidente Lula e da presidenta Dilma, e não poderia ser diferente; ainda mais quando se trata de um homem que está debatendo com muita clareza a reconstrução do Brasil e a construção de um grande projeto.

Então, a pré-candidatura de Rogério Carvalho está consolidada?

Rogério é o único pré-candidato a governador de Sergipe que vem debatendo com todos os setores da sociedade brasileira. Temos que estar com os pés no chão, construir um grande projeto e trabalhar para vencer as eleições. Rogério é o pré-candidato mais preparado entre todos – e terá todas as condições de organizar um grande projeto para vencer as eleições de Sergipe.

Ele tem o aval da Direção Nacional?

Em Sergipe, o pré-candidato do presidente Lula é Rogério Carvalho. O Diretório Nacional não decidiu em nenhum estado quem é o candidato. O presidente Lula tem uma grande tarefa: garantir uma aliança em torno de sua candidatura. Construir nos estados uma aliança ampla. Em Sergipe, temos um bloco vitorioso que foi liderado pelo saudoso governador Marcelo Déda, que elegeu Jackson Barreto. O PT esteve junto com Jackson, e, agora, com Belivaldo. Quando ocorreu este afastamento, o PT construiu uma pré-candidatura. Não temos problema com o PSD, com o PDT e nem com nenhum partido. Mas a pré-candidatura do nosso partido é a de Rogério, que tem o aval do presente Lula, e o Diretório Nacional deve decidir lá para o mês de abril. Eu tenho conversado constantemente com a presidente Gleise e não há nenhuma reivindicação de nenhum partido da aliança nacional sobre Sergipe. Sergipe nunca teve nenhuma reivindicação – e há uma clareza que Rogério Carvalho tem condições reais de vencer a eleição e ainda deixar a vaga de senador para o suplente, que é do PSD.

Existe a possibilidade de o pré-candidato governista Fábio Mitidieri se somar ao projeto Rogério Carvalho, caso não seja o escolhido dentro do seu atual bloco para a disputa?

Nós nunca tivemos problema nenhum com o bloco liderado por Fábio Mitidieri. Sempre foi muito correto com os governos que tivemos juntos – e também foi muito correto com Rogério Carvalho. Nós teremos muita satisfação em ter o PSD, sob a liderança de Fábio Mitidieri, compondo nossa chapa. Hoje, tem a vaga de vice e de senador e teríamos o maior prazer. Estamos sempre abertos. Nunca fechados. A gente tem se encontrado – e se houver a eleição de Fábio Mitidieri candidato a governador e Rogério candidato a governador, certamente, acho que teríamos, sem dúvida nenhuma, um alto nível de debate, que não seria ruim para Sergipe. Agora, melhor seria se Fábio Mitidieri viesse compor a chapa majoritária. Teríamos um grande projeto progressista e a garantia da continuidade desse bloco vitorioso no estado de Sergipe, que sempre esteve aliado de Lula, de Dilma, de Haddad. Fábio nunca disse não, mas é um direito ele querer ser candidato a governador, assim como Rogério também tem direito. O PT não quer ficar no poder a vida inteira, não. Temos o sentimento de muita tranquilidade que é um bloco que elegendo o governador tem direito de reivindicar a sucessão e nós apoiarmos também. Acredito que teremos muita conversa até depois do carnaval.

O PT considera um “namoro”?

Não. O PT sempre teve boa relação com PSD e com Mitidieri. Estamos, hoje, com dois blocos, mas não há nenhum rompimento. Há conversas de todos os lados sem problema nenhum. Se tivermos dois candidatos ao governo, teremos um alto nível de debate.

Fábio é uma exceção dentro do grupo governista ou o PT conversa com mais alguém?

A gente nunca teve qualquer problema em conversar. A gente já discutiu a importância do PSD e do PT estarem juntos. Rogério tem conversado com vários partidos.

Conversaram com o pré-candidato e prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira?

Edvaldo, não. Se ele quiser conversar, estamos abertos. A gente tem relação com Fábio Henrique, que é do PDT. Ouço falar pelas redes que Edvaldo teria interesse de ser candidato a governador, mas não tivemos nenhuma conversa. Se ele esteve com Rogério, eu não sei. Ele está mais próximo do grupo de Fábio Mitidieri.

Com o ex-deputado federal André Moura, o PT conversa?

Não tivemos conversa com ele, até porque ele fechou com Belivaldo e Belivaldo afastou o PT, pelo menos em parte. O governador me disse que tinha feito uma aliança com o grupo de André Moura e não cabia mais o PT dentro da chapa majoritária.

E o PSB?

O PSB está numa aliança bem debatida nacionalmente. Em Sergipe, Valadares Filho e Valadares têm conversado várias vezes com Rogério. Eu participei de uma reunião rápida em Brasília, mas sei que eles estão fechados e à disposição tanto para cargos proporcionais quanto para a majoritária. Eu acho que, hoje, está consolidada com o PSB. O PSB não solicitou em Sergipe nenhum tipo de espaço. Ainda não está definido, mas, provavelmente, estaremos numa federação com o PSB, o PC do B, o PV. Também conversamos com o PSOL, mas não sabemos se virá.

O senhor foi eleito deputado federal com o discurso da defesa das minorias e de ações sociais. Está sendo possível ser fiel a isso?

Estamos muito satisfeitos, apesar da pandemia que nos impediu muito. Nosso mandato é de muita presença e tivemos esse problema de ficar um período bastante restrito. Nada de mobilizações. Estamos satisfeitos e cumprindo com muito carinho tudo aquilo que nos propomos. Estamos realizando bastante coisas importantes para a classe trabalhadora, as associações, as cooperativas, os movimentos em geral.

E as pautas nacionais?

Atuamos nas comissões em temas nacionais. Temos o compromisso nacional dentro da nossa bancada do partido com um projeto em nível de país. Não há solução isolada. Nossa prioridade é o estado de Sergipe, mas as consequências de um projeto nacional afetam diretamente a população de Sergipe e do Brasil. Por isso, a gente atua em várias frentes, em todas as áreas, seja ambiental, seja da questão indígena. Não temos conflitos indígenas no estado de Sergipe, mas a gente atua firme na frente parlamentar e nas comissões em defesa dos povos indígenas do Brasil inteiro, que vivem uma situação de muitos assassinatos e invasões de mineradoras e garimpos com o apoio do Governo Federal. É um tema muito importante que diz respeito a um compromisso de vida nosso. O movimento LGBTQIA+ tem sofrido preconceito, perseguição, assassinatos. Na área urbana, fizemos uma luta muito forte em defesa dos direitos da classe trabalhadora. Na área do serviço público, atuamos e somos membros da comissão especial que lutou e impediu a aprovação da PEC 32, que diz respeito à reforma do serviço público e ao desmonte dos serviços públicos. Quero parabenizar o movimento sindical de Sergipe que fez um grande trabalho nos gabinetes, nas bancadas e no Congresso Nacional.

O governo do presidente Bolsonaro surpreende o senhor?

Não. O governo Jair Bolsonaro não nos surpreendeu em nada. Temos clareza que ele sempre defendeu as piores pautas da história do Brasil. Um homem que defende tortura, assassinatos, um homem que defendeu publicamente milícias, um homem que é corrupto por natureza. Bolsonaro e a família não aguentam 24 horas de investigação. Eu espero que a sociedade brasileira tenha forças para cobrar do Poder Judiciário e das instituições uma apuração e uma punição justa por conta de tudo que eles fizeram. Uma enganação à população brasileira com aquela história contra o PT, de Lava Jato, toda uma montagem para desmontar um projeto popular que vinha colocando o Brasil como uma grande potência mundial. Chegamos a ser a 6ª economia mundial – e hoje somos um país com a metade da população desempregada. Houve o desmonte das empresas com a tentativa de privatização e entregar o grande capital. O que nos surpreende é que houve uma força poderosa jamais vista na história do Brasil de mentiras através das redes sociais que transformaram as eleições de 2018 em mobilizações da classe média e da elite brasileira e frearam a força popular da classe trabalhadora, que não teve organização diante da política criada pela elite brasileira e criaram todo esse clima de golpe. Bolsonaro não nos surpreende e temos certeza absoluta que ele será o grande derrotado de 2022.

O PT, quando afirma que Bolsonaro é um genocida, acredita que o presidente será responsabilizado?

Vai. A CPI do Senado fez um grande trabalho e o relacionamento de vários crimes cometidos pelo governo Bolsonaro. Crimes diários. Ele incentiva as aglomerações, fez motociata. Defende abertamente os garimpos ilegais nas áreas indígenas. Há muitos crimes cometidos. Imagine se fosse na Inglaterra, onde o presidente participou de uma festa na pandemia e teve que pedir desculpas publicamente e está respondendo processo com possibilidade de afastamento? A maior autoridade oficial da nossa nação cometeu crime e deu declarações absurdas com as pessoas que estavam com a Covid-19. Eu encontrei um amigo da cidade de Dois Riachos, em Alagoas, que é eleitor de Bolsonaro. Ele me disse que foi internado e entubado, e, no dia que não podia ver as filhas e a mulher, viu Bolsonaro pela televisão tirando onda com quem estava com a Covid. Ele estava entrando na UTI. Ele disse que nunca mais esqueceria essa cena e que pediria desculpa a todos os amigos por ter votado num monstro. As pessoas que votaram enganadas sabem que votaram em uma pessoa que não tem nenhum compromisso com a vida.

O PT tenta voltar ao poder com a pré-candidatura de Lula. O PT tem um projeto para reorganizar o Brasil?

O Brasil precisa de um governo que retome uma grande discussão da soberania nacional e um projeto de desenvolvimento nacional. Os maiores economistas e estudiosos sobre o Brasil, numa última reunião que eu tive no final de dezembro, diziam que um governo bem comprometido levará 10 anos para recuperar toda economia e toda a estima da população brasileira. Houve uma grande estima de felicidade no segundo governo do presidente Lula, no primeiro governo da presidenta Dilma e depois criou-se no Brasil um clima de ódio, de descrença na política e uma população descontente com a vida. Temos dados que 60% da nossa juventude, se tivesse oportunidade, sairia do Brasil. Já tivemos pesquisa, durante o governo Lula, de sermos a nação mais feliz do planeta. Era um povo feliz que resolveu ser infeliz, por conta de toda essa tragédia ocorrida na política brasileira. Quantas famílias brasileiras têm uma máquina de lavar roupa, que é uma necessidade básica? Se você faz um programa subsidiado para que toda família pobre tenha direito a ter uma máquina de roupa é muito importante para a mulher não ter essa tarefa diária. Ainda existem muitas mulheres que lavam roupas nos rios. Serão produzidas milhares de máquinas, e isso vai gerar milhares de empregos e ajuda a movimentar a economia. É preciso pegar essas demandas, dar subsídio e gerar emprego para população. Falei máquina de lavar roupas, mas tem móveis, moradia popular, programa de incentivo a criação de emprego pelas pequenas e medias empresas. Temos nos últimos anos 28 mil pequenas e medias indústrias que faliram. Essa história de estado mínimo é um discurso da elite no mundo inteiro. Somos um país que temos mais de R$ 350 bilhões por ano em renúncia de impostos para subsidiar, por exemplo, o Agronegócio. Se você plantar milho você vai pagar imposto, mas se exportar você está dentro de um programa ainda criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que possibilita que o Governo Federal subsidie esse milho para chegar aos portos. A gente precisa rediscutir essa questão de quais são nos subsídios que a gente precisa para gerar emprego, renda e melhorar a economia.

A esquerda é acusada de ter preconceito com a classe empresarial. Faz sentido?

Não. Todo empresário sério que ganha dinheiro também gosta de ter trabalhadores que estejam bem, que tenham seus direitos trabalhistas garantidos. O que não podemos é permitir o que está acontecendo: quem ganha dinheiro hoje no Brasil são os da área do setor financeiro. Na área da saúde, os grandes laboratórios ganharam rios de dinheiro com a pandemia. Precisamos de serviços públicos de qualidade. Não temos nenhum preconceito com a elite brasileira. Temos um problema que precisamos debater o pagamento de impostos no Brasil e ter uma reforma tributária que garanta que o sistema financeiro e que as grandes heranças e patrimônios paguem impostos. Os grandes bancos estão cada vez mais ricos. Olhe o acumulado da Petrobras, do Banco do Brasil, do Santander, do Itaú. Os grandes lucros da Petrobras estão sendo distribuídos entre os acionistas às custas do suor do povo brasileiro, que está comprando uma das gasolinas mais caras do mundo com um salário baixo. O salário mínimo precisa dar o mínimo de condições para a população brasileira. Há seis anos, você comprava 10 vezes mais o que compra hoje. O salário veio aumentando, até teve o reajuste da inflação, mas não teve nenhum aumento real, e os preços dos produtos dispararam. Hoje quase metade da população não come carne porque não tem dinheiro. A indústria brasileira sabe que o período que mais ganharam dinheiro foi no governo Lula e no Governo Dilma, mas também garantiu ao povo brasileiro o direito de ter trabalho. A população brasileira tem a tradição de comer carne e essa população está sem condição de comprar. Não é à toa que vemos nas reportagens as cenas mais horríveis que se possa imaginar. As pessoas na fila do açougue, diariamente, para buscar ossos, sem falar nos que buscam no lixo. Em cada esquina das médias cidades do Brasil as pessoas estão com cartazes dizendo que estão com fome.

Modificado em 30/01/2022 08:14

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