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Machado: “Se for derrotado, asseguro com absoluta convicção: João será candidato a governador”

“Se meu projeto se conflita com o seu daqui a 2 anos porque estarmos juntos?”

Machado: não aceita exclusão

Por Joedson Telles 

O vice-prefeito de Aracaju e secretário geral do PSDB de Sergipe, José Carlos Machado, ratificou, na noite desta quarta-feira 22, que seu desejo é permanecer no partido e defender a manutenção da aliança entre o PSDB e o DEM, do prefeito de Aracaju, João Alves Filho. Machado observa que a política precisa ser feita com coerência, transparência e honestidade – e enfatiza ter o direito de pleitear a indicação de pré-candidato a vice-prefeito numa suposta chapa encabeçada por João Alves. “Eu não posso me excluir, como alguns do grupo do senador Eduardo Amorim tentaram fazer. Não posso me excluir e nem admito que ninguém do partido me exclua”, diz Machado. O vice-prefeito indaga ainda: “qual é a importância para o desenvolvimento de Sergipe, na solução para os problemas que afetam os mais pobres, se o comando do PSDB é de Amorim, Machado ou João Alves? Não interessa nada ao povo”, afirma. Sobre a lógica de analistas políticos que acreditam que parte do PSDB não quer a manutenção da aliança por projetar uma candidatura do partido ao governo do Estado, em 2018, Machado entende que, se há conflitos, é melhor que não se faça coligação. “Ora: se meu projeto se conflita com o seu daqui a dois anos, porque estarmos juntos agora? Se João se eleger prefeito, o que a imprensa divulga? Seria um candidato forte a governador em 2018. Isso poderia atrapalhar alguns pretensos candidatos. Você não pode fugir dessa realidade”, avalia Machado. “João vai ser candidato a governador se for eleito? Não sei. Agora, se for derrotado, meu amigo, asseguro com a mais absoluta convicção: João será candidato a governador. Não tenho dúvida nenhuma. Se ele disputar a reeleição e perder, você pode escrever com letras do metal mais resistente que se conhece hoje que é o tungstênio, ele será candidato”, diz A entrevista:

O senhor já definiu se deixa ou fica no PSDB?

Na quarta-feira da semana passada, participei de uma reunião em Brasília com João Alves, o presidente do DEM, Agripino Maia, e dois senadores, Aloysio Nunes (PSDB/SP) e  Cássio Cunha Lima (PSDB/PB), que representaram o senador Aécio Neves (PSDB/MG). Você sabe que acordos só são feitos quando as partes que estão discutindo fazem concessões. Depois de muita discussão e ouvir dos dois senadores um apelo para que eu continuasse no partido, que o projeto objetiva o fortalecimento do PSDB em Sergipe, com vistas à eleição do prefeito da capital, em 2016, de prefeitos do interior e se reestruturar para as eleições 2018, eu tomei uma decisão: continuar no partido. Estou na comissão provisória para fortalecer o partido. Foi isso. Sempre fiz política com a mais absoluta transparência. A missão que me foi dada pelo Aécio Neves, quando eu cheguei ao partido, foi fortalecer, estruturar e manter a aliança com o DEM. Nacionalmente, o Democratas tem este compromisso com o PSDB. Eu não queria deixar o DEM. Atendi a um apelo de Aécio para fortalecer o PSDB e o DEM. Tivemos o candidato a vice-governador do senador Eduardo Amorim (PSC) sem exigir nada. Se a performance do partido não foi melhor atribui a mim. Precisei fazer uma cirurgia altamente complexa às vésperas das eleições. Esperava estar recuperado no prazo de 30 dias, mas foram quase cinco meses. Então, a minha decisão está tomada. Agora, na reunião, foram firmados compromissos que eu não estou autorizado a revelar… Eu vou lutar para que o PSDB apoie a reeleição de João Alves. Esta é a minha tese. É legitima. E tenho todo o direito de pleitear a indicação de vice. Eu não posso me excluir, como alguns do grupo do senador Eduardo Amorim tentaram fazer. Não posso me excluir e nem admito que ninguém do partido me exclua. A discussão tem que acontecer na hora certa.

E este sentimento seu é reforçado no momento em que o prefeito João Alves declara que não aceita que “empurrem um vice de goela abaixo”, não é isso?

Isso é o óbvio. O lógico. O vice tem que preencher alguns requisitos. Tem que ter afinidade com o titular. Tem que somar. Ter capacidade para ajudar a administrar. Para substituir o titular nos seus impedimentos. Mas esta discussão de vice tem que ser no momento oportuno. Mas o apoio a João Alves, a minha posição é clara: o PSDB deve continuar a provável candidatura de João à reeleição.

João Alves disse que o senhor foi agredido. Neste trabalho de fortalecimento do PSDB é preciso humildade?

Eu sou um católico praticante. Então, essa questão de ser humilhado, eu lembro que, na Bíblia, no novo testamento, Jesus disse que os humilhados serão exaltados. O que eu exijo é respeito. Política, temos que fazer com coerência, transparência e sermos honestos. Não tenho o dom de saber o que as pessoas pensam. Não sei o que os que estão no PSDB pensam, mas sei o que falam. Eu costumo falar o que penso, e tenho certeza que é uma prática saudável. Estou muito esperançoso que as coisas evoluam de forma satisfatória – embora em alguns momentos surgem  lampejos de preocupação quando tentam resolver algumas questões políticas através da imprensa. Questões políticas se resolvem com muita discussão, cautela, desprendimento. Disse ao presidente do meu partido, Pedrinho Barreto, ontem que se pudermos tomar todas as decisões por unanimidade, ótimo. Se não, vamos discutir. E a democracia manda quem perder respeitar a decisão da maioria. Como disse, quero fortalecer o partido. Quem vai ser candidato a governador não sei. A senador, não sei. Agora, estes partidos que hoje fazem oposição manda o bom senso que continuem alinhados. Somados. Oposição dividida não chega a lugar nenhum.

Se os membros do PSDB o elogiam o que estaria faltando para respaldar seu nome? O senhor já se perguntou isso?

Não dizem nada a mim. De forma transparente, ninguém me disse. Mas, às vezes, a imprensa, por ouvir dizer ou por  interpretar de forma correta ou incorreta, publica coisas que nós entendemos de forma diferente. Um membro do grupo disse isso claramente: “não adianta Machado continuar no PSDB. Se fizer isso, não será o candidato a vice pelo PSDB”. Ora. Estão me excluindo de forma antecipada. Isso não é forma de fazer política. É legitimo qualquer partido querer indicar o vice, mas só temos uma vaga de vice. Temos que buscar formas de nos entendermos e deixar essas questões menores de lado. As eleições municipais são importantes. A estadual também. Mas, sobretudo, a nacional. Estão acabando com o País. Você não vê uma boa notícia. Só maus exemplos. Roubo de R$ 1 bilhão. Isso para o mortal comum, é muito é pouco? Dá para quê? Eu costumo fazer contas: 10 mil casas. Quantas cidades sergipanas têm 10 mil casas? Quatro ou cinco. Qual é a importância para o desenvolvimento de Sergipe, na solução para os problemas que afetam os mais pobres, se o comando do PSDB é de Amorim, Machado ou João Alves? Não interessa nada ao povo. A classe política é que valoriza. Num processo autofágico. Quem primeiro desmerece a classe política é o próprio político, quando fala mal um do outro, quando ocupa as páginas de jornais com discussões deste tipo que não levam à nada.

Ou seja, as questões importantes ficam em segundo plano. Não é assim?

Como, por exemplo, essa questão do laudêmio, que eu participei de diversas discussões e afeta uma boa parte da população de Aracaju. O projeto foi aprovado na Câmara e no Senado, mas a presidente vetou aquilo que mais interessa ao povo. Isso ninguém discute. O que fazer para melhorar o atendimento na saúde? Para dar aos pobres uma educação de qualidade? Para melhorar o sistema de transporte coletivo? É isso que quero que se discuta. Sucessão no momento certo… Estou na política desde 1986 e o processo de lá para cá vem caindo de qualidade de forma acentuada. Antes para uma eleição era importante a convivência, a amizade, a ideologia… Hoje nada disso é levado em conta. Prevalecem alguns insumos. Principalmente dinheiro. Está aí o exemplo de um partido nascido da luta trabalhadora, que chega ao poder depois de 16 anos, e causa essa frustração na quase totalidade dos brasileiros. Nunca um presidente chegou a um desgaste profundo desse: só 7% da população aceita a forma de administrar da presidente Dilma. Ou seja, é rejeitada por 93% da população. Estamos vivendo uma crise política, moral, institucional.., só se fala em impeachment. Os grandes temas ninguém discute.

O deputado Samuel Barreto é um dos membros do agrupamento do senador Eduardo Amorim que defendem o rompimento e uma candidatura própria. O senhor já foi sondado por paridos como o Solidariedade, presidido pelo deputado federal Laércio Oliveira, que mesmo sendo do grupo de Eduardo Amorim, já lhe declarou apoio. Também foi convidado pelo PPS. Já pensou no plano B?

O Capitão Samuel tem um estilo que predomina a precipitação. Ele não é do PSDB. Então, não pode falar em nome do PSDB. Ele faz parte de um grupo e neste grupo está o PSDB. Ele pode dizer que o grupo ou o partido dele pode apresentar candidato próprio. Ele poderia ser o nome. É legítimo. Agora, o que não é legítimo, não é correto, o que é precipitado é ele falar em nome do PSDB. Ele não é filiado. Pode até pretender se filiar ao PSDB. Mas cada político tem seu estilo. Uns fazem política com cautela, pensando muito, outros pensam que pensar dói. Tenho profunda admiração pelo Capitão Samuel. Ninguém pode deixar de reconhecer o seu trabalho como líder dos militares, mas a declaração dele é precipitada. Qual é a autoridade que Capitão Samuel tem para falar em nome do PSDB? Nenhuma. Agora, como membro do PSDB, defendo que o partido continue com João Alves.

O senhor acredita nesta tese de bastidores que a ideia é “amarrar João Alves na Prefeitura de Aracaju”, para não atrapalhar os planos do PSDB em Sergipe, em 2018, com uma candidatura própria?

Não é ilegítima esta tese. Agora é preciso se colocar essas coisas com mais transparência. Qualquer membro do grupo de Eduardo Amorim pode ter o seu projeto. Agora, se há conflitos, é melhor que não se faça coligação. Ora: se meu projeto se conflita com o seu daqui a dois anos porque estarmos juntos agora? Se João se eleger a prefeito, o que a imprensa divulga? Seria um candidato forte a governador em 2018. Isso poderia atrapalhar alguns pretensos candidatos. Você não pode fugir dessa realidade. Ele vai ser candidato a governador se for eleito? Não sei. Agora, se ele for derrotado, meu amigo, asseguro com a mais absoluta convicção: João será candidato a governador. Não tenho dúvida nenhuma. Se ele disputar a reeleição e perder, você pode escrever com letras do metal mais resistente que se conhece hoje que é o tungstênio, ele é candidato.

Modificado em 23/07/2015 05:26

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